Diversificar. Umas das palavras chaves na hora de investir, ganha ainda mais
importância em momentos de turbulência e crise financeira como o que vivemos
atualmente.
"Diversificar é reduzir riscos. E em momentos de grandes variações no mercado é
fundamental reavaliar sua carteira de investimentos e ver se a diversificação
que você escolheu está sendo realmente eficaz", explica o
consultor em Finanças Pessoais, Raphael Cordeiro.
Ativos diversificados
Ao contrário do que muita gente imagina, diversificar a carteira de
investimentos não significa apenas alocar uma parte dos recursos em renda fixa e
a outra parte em renda variável.
"Você pode ter investimentos apenas em ações e ainda assim ter uma carteira
bastante diversificada. Mas tem que ficar atento ao o quê você considera
"diversificar". Por exemplo, tem gente que investe em duas ou três empresas e
acha que assim está reduzindo os riscos. Pode ser que sim, mas se essas duas ou
três empresas são a CSN, a Gerdau e a Usiminas, que são todas siderúrgicas, não
há diversificação, porque os acontecimentos do mercado que influenciam uma,
influenciam as outras também, ou seja, se houver uma queda brusca, provavelmente
atingirá as três. Assim, o ideal é ter um pouco em siderúrgicas, mas investir
também em empresas do setor de consumo e telecom, por exemplo".
Mas apesar de ser possível diversificar investindo apenas em renda variável, o
consultor não aconselha. "Obviamente quando se fala em investimento temos que
pensar em futuro e acúmulo de patrimônio, o que envolve novos aportes. Quem
tinha investimentos apenas em ações, perdeu bastante com as significativas
quedas que a Bolsa de Valores registrou no final do ano passado e ficou sem
recursos para fazer novos investimentos. Já quem tinha 40% em renda variável e
60% em renda fixa, por exemplo, continuou com recursos para adicionar a sua
carteira de ações. E temos que considerar que, em momentos como esse, sempre
surgem boas oportunidades, com ativos sólidos a preços bastante atraentes",
explica Cordeiro.
O profissional conta, ainda, que outro fator fundamental na hora de montar uma
carteira de investimentos é considerar o prazo que você possui para deixar
aquele montante investido. "Uma pessoa que fará um investimento de curto ou
curtíssimo prazo - algo como 3, 6 ou 12 meses - não deve, de forma alguma,
investir em renda variável nesse momento. Por mais que o panorama para o mercado
de ações seja positivo no longo prazo, no curto ainda está sujeito a grandes
quedas e não vale a pena arriscar um valor que você vai precisar em pouco
tempo".
Renda fixa x renda variável
Para quem está montando uma carteira diversificada neste momento, e tem dúvidas
se deve ou não investir em renda variável, a dica é do economista-chefe da Ágora
Corretora, Álvaro Bandeira. "Não tenho dúvidas que o rendimento da renda
variável baterá a renda fixa no final deste ano. No entanto, é bom deixar claro
que o primeiro semestre de 2009 ainda será bastante turbulento e os rendimentos
apresentarão grandes oscilações. Mas para o segundo semestre, o cenário é mais
otimista e a Bolsa vai ter maior rendimento".
O economista ainda dá dicas de quais setores devem ser contemplados nos dois
semestres. "Quem quer investir no primeiro semestre deve ser mais conservador e
optar por empresas de setores mais maduros, mais protegidos, empresas que
trabalham com tarifas como energia e telecom, empresas bem capitalizadas. No
segundo semestre dá para ser mais agressivo e apostar em empresas de setores
mais cíclicos, como siderúrgicas e petrolíferas. Eu diria apenas para evitar as
small caps [empresas com pequeno valor de mercado], que demoram mais para
se recuperar em momentos de crise".