Fazer uma viagem longa, de seis meses ou um ano, é um dos sonhos mais
distantes da maioria dos brasileiros. E não é apenas o fator financeiro que
impede um estudante ou um executivo de largar tudo e embarcar numa aventura com
prazo determinado. Mesmo com uma conta bancária razoável, muitos desistem dessa
idéia por verem sua carreira ameaçada ou por pura falta de coragem para
enfrentar a volta ao Brasil.
De qualquer forma, empreender uma viagem de longa duração exige algum
planejamento e estratégias para facilitar a readaptação à sua vida normal. Mesmo
com o distanciamento do mercado, uma jornada fora do País poderá enriquecê-lo
tanto no aspecto pessoal, como no profissional. O segredo é se organizar, e
aproveitar bem a estadia lá fora, trazendo uma bagagem diferenciada para a volta
ao mercado.
A hora certa Dar um tempo na faculdade, viajar depois de formado ou no meio da
carreira? Dependendo da profissão, do país em que se vive e das condições do
mercado de trabalho, a resposta pode variar bastante. No entanto, a época mais
tranqüila para viajar é durante o período da graduação, especialmente se o seu
curso tiver uma duração curta. Também vale a pena conferir as parcerias da sua
faculdade e passar um semestre no exterior.
Viajar depois da formatura pode ser uma experiência bem frustrante. Apesar da
maior parte dos europeus viajarem durante - e principalmente após - a faculdade,
no Brasil as condições do mercado podem causar um grande mal-estar na volta.
Isso porque, além de ter que se readaptar ao País, o ex-viajante terá que
procurar emprego. E dessa vez não terá a faculdade para colocar os pés no chão.
Mas se você já passou dessa fase e faz alguns anos que está "dando duro" no
mercado, isto não significa que suas oportunidades acabaram. Largar um bom
emprego ou plano de carreira promissor por alguns meses no exterior pode não ser
muito vantajoso. O ideal é partir durante uma turbulência no mercado, ou quando
a sua empresa estiver passando por uma reestruturação. Claro que se você ainda
não tiver recebido nenhuma outra proposta interessante.
Planejamento O maior tormento de quem está fazendo as malas é sem dúvida a
questão financeira. Será que o dinheiro vai durar por toda a viagem? E se não
conseguir um emprego quando voltar? Para não deixar essas perguntas atrapalharem
seu roteiro, o ideal é embarcar com sua saúde financeira em bom estado. Para
isso, a única saída é fazer um rigoroso planejamento das finanças.
Além de ter o suficiente para cobrir todas as suas despesas durante a viagem, é
preciso ter uma margem de segurança de pelo menos 20% para quaisquer
imprevistos. Não se esqueça de ter uma apólice contra acidentes ou eventuais
problemas de saúde que possam aparecer de repente. Especialmente nos países mais
desenvolvidos, os gastos com médicos e hospitais costumam ser excessivamente
elevados.
O próximo passo é fazer uma reserva financeira para o período após a viagem. Se
você já não é mais estudante, mesmo tendo o orçamento sob controle, lembre-se de
que a sua recolocação no mercado pode demorar alguns meses. Tenha uma poupança
suficiente para cobrir seus gastos fixos (aluguel, contas, supermercado, lazer)
durante um período de 4 a 6 meses, pois este é o tempo que pode levar para
conseguir trabalho.
Além do turismo Mais do que conhecer praias, palácios e restaurantes inusitados,
o viajante deve aproveitar o longo período de férias para atualizar a leitura e
fazer cursos temporários de línguas ou de qualquer outra área de interesse. É a
chance de ganhar pontos extras para disputar o mercado de trabalho na volta ao
Brasil, além do enriquecimento pessoal.
Freqüentar escolas de idiomas pode não ser a melhor opção, especialmente se
houver muitos brasileiros na sua turma. O convívio com pessoas do seu país pode
atrapalhar o aprendizado do idioma. Lembre-se que o dia-a-dia no exterior pode
ser muito mais eficiente que qualquer sala de aula. É por isso que muitos
decidem viajar sozinhos. Sem companhia durante a jornada, você é obrigado a
vencer a timidez e aprimorar suas habilidades lingüísticas.