Tenho um critério pessoal para decidir se uma palestra ou um artigo é bom. O
critério é o seguinte: se for palestra, tem que prender minha atenção logo nos
15 minutos iniciais. Se, esgotado esse tempo-tolerância, eu estiver com o
pensamento em outro lugar ou achando que tenho coisa mais importante para fazer,
disfarço e vou embora - a menos que razões protocolares e formais não vejam com
bons olhos essa retirada estratégica. Aí então o jeito é ficar e aproveitar para
rascunhar ali mesmo meu próximo artigo, fingindo que estou fazendo anotações da
palestra.
Se for artigo, tem que me cativar logo nos três primeiros parágrafos. Se não
conseguir, se continuar na prolixidade ou no pedantismo, viro a página ou troco
de site.
No fundo, acho que isso acontece com todo mundo. Peço ao leitor que lembre quem
são os palestrantes e articulistas que mais gosta de ouvir e ler. Não é verdade
que eles têm um estilo de falar ou de escrever leve, descontraído, simples,
objetivo, simpático e quase sempre divertido? Não é verdade que eles conseguem
dizer as coisas mais sérias do mundo de uma maneira incrivelmente simples e
clara? Esta proposta é antiga: vem, dentre outros, do escritor ativista Ralph
Waldo Emerson (“é prova de alta cultura dizer as coisas mais profundas do modo
mais simples!”), do filósofo austríaco Wittgenstein (“os aspectos mais
importantes das coisas estão ocultos pela sua simplicidade”), do poeta e
teatrólogo Bertold Brecht e do escritor Mark Twain, que cultivavam o sadio
hábito de falar de coisas importantes de modo claro e divertido. E que tal os
atualíssimos e divertidos artigos do Max Gehringer sobre a comédia corporativa?
Para mim, eis aqui o segredo da boa palestra, do bom artigo, do bom livro, da
boa aula: tem que ser simples e gostoso como um bom papo de amigos. Na verdade,
palestra boa, aula boa, artigo ou livro bom é aquele que quando menos você
espera, já acabou – e você nem percebeu o tempo passar!
Onde quero chegar com essa história toda? No seguinte: há pessoas que, no
trabalho, conversam e falam como se estivessem permanentemente dado uma aula,
uma palestra ou escrevendo um artigo ou um livro dos mais maçantes – tal o
pedantismo, a prolixidade, o abuso de jargões técnicos da moda e, sobretudo de
estrangeirismos. Tudo para impressionar. Esse hábito chega ao exagero em
reuniões de trabalho com os pares ou em apresentações para a diretoria:
Feedback, Target, Budget, Deadline, Market Share, Headcount, Overhead,
Downsizing, Cash Flow, Benchmarking, Business Plan, Outcounselling, Outplacement,
Empowerment, Learning Organization, Outsourcing, Core Business, Networking,
Stock Options, Team Building, Talent Pool e tantos outros. O que me leva a
pensar: o que seria da administração brasileira se não fosse o idioma inglês?
E o que é pior nessa comédia corporativa é que muita gente não sabendo o
significado daquelas palavras, fica quieta na reunião “para não passar vergonha”
e, em conseqüência, não absorve bulhufas da tarefa que tem a realizar. Ai, pra
não dar o braço a torcer, pergunta depois para o colega, criticando o expositor:
- Bom, eu achei que ele não conseguiu ser claro. Por exemplo, o que foi mesmo
que você entendeu naquela parte em que ele falou de...
Toda empresa é constituída por pessoas que têm um mesmo objetivo. Estaremos
ajudando a empresa a atingir suas metas se todos nós entendermos direitinho
aquilo que é esperado de cada colaborador – e aqui não estou falando apenas da
tal “Descrição de Cargos”, mas da comunicação do dia-a-dia. Podemos ter certeza
de que fomos claros se falarmos ou escrevermos com clareza. Isso é óbvio, não é?
Quando, em outros artigos, faço referências à qualidade de vida no trabalho,
falo do trabalho realizado em harmonia e paz. Ora, a Comunicação exerce um papel
fundamental nessas condições, porque uma informação não compreendida ou, pior,
distorcida, pode gerar inúmeras dúvidas, temores e conclusões erradas e induzir
a estragos maiores. Você consegue imaginar a angústia e a ansiedade do
profissional que acabou de sair de uma importantíssima reunião com seus
superiores sem ter entendido absolutamente nada do que se espera dele – porque o
orador preocupou-se mais em “impressionar” do que em informar?
Infelizmente isso acontece em algumas empresas com mais freqüência do que seria
desejável. Alguns profissionais ainda têm a falsa concepção de que falar
“difícil” transmite competência, sabedoria ou conhecimento. Quando presenciar
algum colega com esses preciosismos de linguagem no cotidiano, pergunte-se: “a
quem será que ele quer impressionar?”. Chamo a isso de “estilo bula de remédio”
– você já viu algo mais complicado?
Na minha opinião, isso de falar difícil no trabalho para impressionar, “já era!”
Não passa de uma crença ultrapassada e totalmente em desuso, até pelos chamados
“gurus” (aaargh!). A clareza de um diálogo, dentro dos limites da educação, da
correção e da elegância, cria uma imediata empatia (ou “rapport”, se eu quiser
ser pedante...) entre os interlocutores. O assunto flui mais naturalmente e as
ações acontecem com mais rapidez e menos possibilidade de mal-entendidos.
No entanto, para quem gosta ou se preocupa em causar boa impressão no trabalho,
aqui vai minha “dica” de uma maneira infalível e menos pedante de conseguir
isso: simplesmente seja competente, compartilhe essa competência com a equipe e,
ao fazer a sua parte, dê o melhor de si para produzir resultados - sempre com um
amistoso sorriso nos lábios. Pode crer: não há nada mais impressionante e
impressionável!
Tenho um critério pessoal para decidir se uma palestra ou um artigo é bom. O
critério é o seguinte: se for palestra, tem que prender minha atenção logo nos
15 minutos iniciais. Se, esgotado esse tempo-tolerância, eu estiver com o
pensamento em outro lugar ou achando que tenho coisa mais importante para fazer,
disfarço e vou embora - a menos que razões protocolares e formais não vejam com
bons olhos essa retirada estratégica. Aí então o jeito é ficar e aproveitar para
rascunhar ali mesmo meu próximo artigo, fingindo que estou fazendo anotações da
palestra.
Se for artigo, tem que me cativar logo nos três primeiros parágrafos. Se não
conseguir, se continuar na prolixidade ou no pedantismo, viro a página ou troco
de site.
No fundo, acho que isso acontece com todo mundo. Peço ao leitor que lembre quem
são os palestrantes e articulistas que mais gosta de ouvir e ler. Não é verdade
que eles têm um estilo de falar ou de escrever leve, descontraído, simples,
objetivo, simpático e quase sempre divertido? Não é verdade que eles conseguem
dizer as coisas mais sérias do mundo de uma maneira incrivelmente simples e
clara? Esta proposta é antiga: vem, dentre outros, do escritor ativista Ralph
Waldo Emerson (“é prova de alta cultura dizer as coisas mais profundas do modo
mais simples!”), do filósofo austríaco Wittgenstein (“os aspectos mais
importantes das coisas estão ocultos pela sua simplicidade”), do poeta e
teatrólogo Bertold Brecht e do escritor Mark Twain, que cultivavam o sadio
hábito de falar de coisas importantes de modo claro e divertido. E que tal os
atualíssimos e divertidos artigos do Max Gehringer sobre a comédia corporativa?
Para mim, eis aqui o segredo da boa palestra, do bom artigo, do bom livro, da
boa aula: tem que ser simples e gostoso como um bom papo de amigos. Na verdade,
palestra boa, aula boa, artigo ou livro bom é aquele que quando menos você
espera, já acabou – e você nem percebeu o tempo passar!
Onde quero chegar com essa história toda? No seguinte: há pessoas que, no
trabalho, conversam e falam como se estivessem permanentemente dado uma aula,
uma palestra ou escrevendo um artigo ou um livro dos mais maçantes – tal o
pedantismo, a prolixidade, o abuso de jargões técnicos da moda e, sobretudo de
estrangeirismos. Tudo para impressionar. Esse hábito chega ao exagero em
reuniões de trabalho com os pares ou em apresentações para a diretoria:
Feedback, Target, Budget, Deadline, Market Share, Headcount, Overhead,
Downsizing, Cash Flow, Benchmarking, Business Plan, Outcounselling, Outplacement,
Empowerment, Learning Organization, Outsourcing, Core Business, Networking,
Stock Options, Team Building, Talent Pool e tantos outros. O que me leva a
pensar: o que seria da administração brasileira se não fosse o idioma inglês?
E o que é pior nessa comédia corporativa é que muita gente não sabendo o
significado daquelas palavras, fica quieta na reunião “para não passar vergonha”
e, em conseqüência, não absorve bulhufas da tarefa que tem a realizar. Ai, pra
não dar o braço a torcer, pergunta depois para o colega, criticando o expositor:
- Bom, eu achei que ele não conseguiu ser claro. Por exemplo, o que foi mesmo
que você entendeu naquela parte em que ele falou de...
Toda empresa é constituída por pessoas que têm um mesmo objetivo. Estaremos
ajudando a empresa a atingir suas metas se todos nós entendermos direitinho
aquilo que é esperado de cada colaborador – e aqui não estou falando apenas da
tal “Descrição de Cargos”, mas da comunicação do dia-a-dia. Podemos ter certeza
de que fomos claros se falarmos ou escrevermos com clareza. Isso é óbvio, não é?
Quando, em outros artigos, faço referências à qualidade de vida no trabalho,
falo do trabalho realizado em harmonia e paz. Ora, a Comunicação exerce um papel
fundamental nessas condições, porque uma informação não compreendida ou, pior,
distorcida, pode gerar inúmeras dúvidas, temores e conclusões erradas e induzir
a estragos maiores. Você consegue imaginar a angústia e a ansiedade do
profissional que acabou de sair de uma importantíssima reunião com seus
superiores sem ter entendido absolutamente nada do que se espera dele – porque o
orador preocupou-se mais em “impressionar” do que em informar?
Infelizmente isso acontece em algumas empresas com mais freqüência do que seria
desejável. Alguns profissionais ainda têm a falsa concepção de que falar
“difícil” transmite competência, sabedoria ou conhecimento. Quando presenciar
algum colega com esses preciosismos de linguagem no cotidiano, pergunte-se: “a
quem será que ele quer impressionar?”. Chamo a isso de “estilo bula de remédio”
– você já viu algo mais complicado?
Na minha opinião, isso de falar difícil no trabalho para impressionar, “já era!”
Não passa de uma crença ultrapassada e totalmente em desuso, até pelos chamados
“gurus” (aaargh!). A clareza de um diálogo, dentro dos limites da educação, da
correção e da elegância, cria uma imediata empatia (ou “rapport”, se eu quiser
ser pedante...) entre os interlocutores. O assunto flui mais naturalmente e as
ações acontecem com mais rapidez e menos possibilidade de mal-entendidos.
No entanto, para quem gosta ou se preocupa em causar boa impressão no trabalho,
aqui vai minha “dica” de uma maneira infalível e menos pedante de conseguir
isso: simplesmente seja competente, compartilhe essa competência com a equipe e,
ao fazer a sua parte, dê o melhor de si para produzir resultados - sempre com um
amistoso sorriso nos lábios. Pode crer: não há nada mais impressionante e
impressionável!