Dívidas / Endividado ? - 'Não há milagre para eliminar dívidas'
Basta um deslize para que a organização financeira de uma família seja
substituída pelo temido endividamento. Situações críticas, como a demissão de um
dos provedores de renda da casa, se não forem bem administradas, podem criar
condições financeiras catastróficas.
Esse é o caso de Marlei Rodrigues. A funcionária pública de 65 anos, após 14
anos de salários defasados, acumula uma dívida de R$ 60 mil entre cartões de
crédito e cheque especial. "Não tenho dinheiro para pagar o mínimo dos cartões",
lamenta a mãe de família, que sustenta a filha, atualmente impossibilitada de
trabalhar, e o neto estudante com os R$ 4 mil que recebe mensalmente. Nem o
veículo adaptado para deficientes físicos serve como pagamento. A dificuldade
financeira impedia o pagamento de um seguro e o carro foi roubado.
Atualmente ela tenta negociar corte dos juros com as instituições às quais deve,
por meio da Andif, ONG especializada em defesa do consumidor do sistema
financeiro. "Eu quero pagar o que devo mas, com esses juros, não consigo. "
Para colaborar na solução de seu problema, o Diário procurou o consultor de
finanças pessoais Francis Hesse, em busca de alternativas para a reorganização.
"Ela está no caminho certo buscando a negociação", comenta o especialista que
valoriza a estabilidade profissional como argumento para barganha. "É preciso
que ela se conscientize que o aperto das contas será forte." Deverão ser
cortados não só os gastos supérfluos, como algumas das despesas essenciais.
Entre as possibilidades, está a substituição dos produtos consumidos por
similares mais baratos.
Marlei deverá listar todos os gastos essenciais e subtraí-los do seu rendimento
líquido. Além disso, Hesse sugere o mapeamento de bens disponíveis para a venda.
"O montante é muito superior ao valor do salário, por isso, um bem de alto valor
como um carro ou um apartamento na praia podem funcionar com um lance para
quitação da dívida em um prazo um pouco menor". O consultor calcula ao menos 4
anos para eliminação do saldo devedor da funcionária pública. "Não tem milagre,
para se reorganizar ela tem de colocar o seu fluxo de caixa no papel", explica
Hesse.
Para quem não pretende ser pego pelo endividamento, vale a pena investir em
planejamento. "Um ano de poupança é suficiente para sustentar um momento de
desemprego ou outros complicadores", explica o consultor. "O aperto e a
organização incomodam, mas nada é tão compensador quanto a tranqüilidade da
família."
Referência:
economia.dgabc.com.br
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