Fabio Móttola, 43 anos, gerente da Toyota: ele não perde tempo com conversas,
não toma cafezinho e só lê 20% dos e-mails.
A rotina do gaúcho Fabio Móttola, de 43 anos, gerente de planejamento e
desenvolvimento de RH da Toyota do Brasil é cronometrada de forma tão cheia de
maestria que ele nem sente o planejamento. Meu tempo é limitado à minha rotina
de trabalho.
Não uso mais de 5% a 10% do dia com conversas aleatórias e não paro para tomar
cafezinho, diz. Recebo cerca de 100 e-mails por dia e leio apenas 20% deles.
Vejo quem enviou, o assunto e se é prioritário. Se for importante e deixei
passar, alguém vai me ligar.
Ao tomar tantos cuidados, Fabio reúne as características do profissional
competitivo, um ser ainda raro no mercado e extremamente cobiçado pelas empresas
mais antenadas. O profissional competitivo é o eficiente, ou seja, aquele que
executa bem sua tarefa e é eficaz, fazendo o trabalho necessário para atender à
demanda do contexto sobre ele, explica o professor Joel Dutra, da Fundação
Instituto de Administração (FIA), de São Paulo. Aqui vale ressaltar que o tal
cara competitivo não é aquele sujeito que adora ser tachado como ocupado ou que
trabalha 14 horas todos os dias. Confundi-los é um erro comum quando se fala em
competitividade. Estudos recentes mostram que um executivo que trabalha dez
horas por dia, na prática, usa somente de 20% a 30% desse tempo com o que sua
função exige,diz Renato Ricci, de São Paulo, especializado em coach executivo e
pessoal, que tem como clientes Pão de Açúcar e Alpargatas.
A diferença desse tipo de profissional está na forma como o competitivo
trabalha. Ele consegue usar sua energia de forma a gerar ações criativas e
rápidas, diz Renato. Estão nesse seleto grupo os capazes de driblar os vilões do
mundo corporativo: excesso de reuniões, burocracia, disputas de poder, direção
centralizadora, estruturas rígidas e e-mails (veja entrevista com o americano
Mike Song sobre gerenciamento de e-mails nesta edição). Tudo isso consome tempo,
suga a energia dos profissionais e mina qualquer tipo de competitividade.
Fabio sabe bem como se desvencilhar desses entraves e consegue separar o que é
importante do que é urgente. As lições que ele tirou para a própria rotina de
trabalho repassa hoje para seus dez funcionários diretos. Sua estratégia é dar
direcionamento e permitir que eles sejam donos dos processos em que atuam.
Quando o profissional vê sua idéia ser implementada, fica mais motivado, diz.
Também procuro dar visibilidade e expô-los aos executivos da empresa em
apresentações. Um dos meus objetivos é fortalecer o ambiente de amizade,
contribuição e bom humor no grupo.
Ele segue bem a cartilha da competitividade. Segundo os especialistas, para
tornar seus profissionais mais competitivos, os líderes devem criar condições
para uma contínua oxigenação de pessoas. Isso vai além dos treinamentos
motivacionais que absorvem milhões de reais das empresas e trazem poucos
resultados. O importante é a energia que uma pessoa armazena em sua vida diária,
diz Renato. Assim, é possível trabalhar com maior satisfação, gerando idéias
mais criativas e inovadoras.
Como fazer isso? Preste atenção em alguns rituais do seu dia-a-dia.
Transformando pequenas ações do cotidiano, você pode se tornar mais competitivo
e levar sua equipe junto. Confira:
Iniciativa
Cada um deve ser dono do seu projeto e do seu problema. Erros fazem parte do
trabalho. Incentivos. Todos precisam saber que os erros não serão condenados,
mas resolvidos em conjunto.
Integração
Programar um evento, como um café da manhã, uma vez por semana é uma boa forma
de fazer com que todos tomem pé da situação da empresa, dividam tarefas,
mantenham o foco e se motivem para mais uma semana de trabalho.
Elogios
Quando algo sai errado, a bronca é para todos. E na hora de elogiar? Faça isso
sem medo e lembre-se: elogios em público, broncas em particular.
Horário livre
Faça seu horário e estimule sua equipe a fazer o mesmo. Cada um tem noção das
suas próprias responsabilidades. Ter tempo para fazer o que se gosta é
fundamental para melhorar o astral e a criatividade das pessoas. A
competitividade não depende da quantidade de horas dentro de um escritório, mas
sim das efetivamente produtivas.
E-mails
Responda e oriente sua equipe a responder todos os e-mails o mais rápido
possível com respostas curtas, objetivas e claras. Caso a resposta seja mais
comprida, responda só no final do expediente.