Quando você menos espera, o telefone toca. Pode ser em casa ou no escritório,
do outro lado da linha há alguém querendo saber mais da sua carreira, do
conhecimento que você tem e de quanto gostaria de ganhar em um novo emprego.
Como estar preparado para causar uma boa impressão neste primeiro contato?
Normalmente, entrevistas por telefone são feitas como uma primeira triagem,
que já eliminam os candidatos que não têm os requisitos básicos e tiram do páreo
aqueles profissionais que, por algum motivo, não estão interessados em trabalhar
naquela empresa ou naquele setor, ou mesmo já estão trabalhando. Para fazer a
entrevista são necessárias algumas providências, que possibilitem que você possa
falar com calma e sem medo de ser descoberto. Se você está no trabalho, tenha
certeza de que não será incomodado pela secretária ou pelo chefe. Deixe para
falar com o selecionador na hora do almoço, por exemplo, sem ninguém no
escritório, ou mesmo agende a entrevista para outro local e horário. Caso você
esteja em casa, atenda a ligação em um local tranqüilo e longe das crianças, do
cachorro e de outras pessoas ou coisas que podem tirar sua atenção.
De acordo com Alessandra Olinger, analista de Recursos Humanos da Pró
Recursos Humanos, a entrevista por telefone tem a função de confirmar três
questões principais. "Primeiro vejo se a pessoa tem interesse em ocupar a vaga;
depois confirmo o perfil do profissional, para ver se ele apresenta realmente
tudo o que fala no currículo e se pode ocupar o cargo; e então vou querer saber
porque ele saiu ou quer sair da empresa. Claro, ao longo da conversa já analiso
se ele tem uma comunicação adequada, sabe falar corretamente e ainda se ele
apresenta erros de português. Não que sejam pontos eliminatórios, mas uma pessoa
que sabe se expressar certamente tem vantagens sobre a que não sabe", explica
ela.
Planejamento
É ideal você se planejar para a hora da entrevista. Tenha sempre em mãos o seu
currículo e uma lista de competências e histórias de sucesso que pode ser
interessante ressaltar durante a conversa. Relacione ainda uma lista de questões
que você precisa perguntar para o selecionador, como faixa salarial, tipos de
benefícios, informações sobre produtos e serviços que a companhia oferece, etc.
Claro, isso não quer dizer que você não deve ir atrás de informações sobre a
empresa, pelo contrário. O melhor é você se informar bastante antes e deixar
para perguntar somente o que não ficou claro, até porque normalmente os
recrutadores não têm tempo para se alongar muito nas conversas.
Para obter um bom desempenho neste primeiro contato, antes de tudo você
precisa estar preparado para ouvir o que a pessoa que está do outro lado da
linha tem a dizer. "Pode parecer óbvio, mas muitas pessoas ficam tão ansiosas
que não conseguem ou nem querem ouvir o que o selecionador tem a dizer, e é
fundamental saber o que ele tem para te oferecer antes de dizer sim ou não",
assegura Dario Guimarães, consultor em Recrutamento e Seleção da AcrossRH,
consultoria especializada em gestão de carreiras.
Além disso, confira outras dicas de Dario para manter uma postura estável
diante do selecionador e não ser ansioso ou ríspido demais:
- Antes de mais nada, reserve bastante tempo para a entrevista. A conversa
pode ir de 20 minutos até uma hora, dependendo do cargo, da sua posição e do
nível de detalhamento que a profissão exige
- Tente controlar a ansiedade e não omita nada sobre a sua trajetória
profissional
- Esteja preparado para responder questões pessoais, como por exemplo "O
que você costuma fazer no seu tempo livre?", "Você gosta de ler? Que tipo de
livro você mais aprecia?", entre outras perguntas que podem definir um pouco
da sua personalidade
Na hora H
Veja a entrevista por telefone com a mesma seriedade que você faria uma
entrevista com a pessoa, pois normalmente ela é eliminatória e pode tirar você
do processo. O melhor é ficar de pé durante a entrevista, sua voz fica melhor e
mais fluente. Fale de maneira clara e evite usar gírias. Também evite fazer
muito "hum-hum", é um sinal de que você não sabe se expressar muito bem ou não
tem argumentos, seja para concordar ou discordar.
Confira as dicas da analista em RH Alessandra Olinger sobre o que NÃO fazer
na hora da entrevista:
- Se você tem um compromisso marcado ou está muito ocupado e não pode
falar por muito tempo, o melhor é tentar remarcar para outro dia. Nada pior
do que ser mal-educado ou grosseiro com o entrevistador
- Não fale mal de empregos e chefes anteriores, isso é imperdoável e
demonstra falta de ética profissional
- Não gagueje e nem titubeie nas respostas. Fale a verdade, pois a empresa
quase sempre averigüa o seu passado profissional com as empresas que você já
trabalhou
- Deixe os detalhes para serem esclarecidos na entrevista formal com o
selecionador. Pergunte apenas questões básicas como benefícios, faixa
salarial, atividades pelas quais você será responsável, etc.
O objetivo é conseguir marcar a entrevista decisiva no final da conversa,
certo? Pois assuma esta postura pró-ativa ao longo da conversa. Descreva as
contribuições que você pode dar para a empresa e, ao final da ligação, pergunte
sobre quando será a próxima etapa do processo. Pode ser a oportunidade para o
selecionador já aproveitar e agendar um horário com você. Boa sorte!