Os processos seletivos atuais criam momentos de alta tensão e pressão sobre
os candidatos. Essas situações estressantes são causadas, geralmente, por
algumas etapas do processo que fogem ao controle dos aspirantes às vagas.
Escrever um bom currículo depende muito mais da organização dos dados por
parte da pessoa interessada e das informações que a vaga oferece do que do
selecionador. Já a entrevista coletiva ou individual e a dinâmica de grupo tiram
do candidato o controle das ações. A partir daí começa uma série de fantasias e
medos, e a insegurança se instala.
A dinâmica de grupo tem se destacado como um dos momentos mais nebulosos do
processo de seleção para o candidato e muitas histórias a seu respeito acabam
surgindo e criando alguns mitos.
Para se preparar melhor para o processo, veja as informações abaixo e não
deixe a ansiedade e o medo atrapalharem o seu desempenho durante a dinâmica.
1. Por quais motivos as empresas usam a dinâmica de grupo?
É preciso entender que as decisões sobre admissão de profissionais nos
dias de hoje não permitem erros. Tanto para o profissional que é indicado para
uma vaga errada quanto para a empresa que o recebe o custo de um erro de seleção
é altíssimo. O pescoço do entrevistador fica na corda o tempo todo, por mais que
ele demonstre segurança.
A busca por tecnologias que permitam melhor observação dos comportamentos e
tomada de decisão é muito bem-vinda e útil para ambos os atores deste teatro da
seleção. A dinâmica de grupo permite observar amostras de comportamentos,
atitudes e conhecimentos que a maioria dos instrumentos não permite. Diminui um
pouco a inferência e aumenta o poder da observação e constatação de perfis de
competências.
Quando bem desenvolvidas, conduzidas e avaliadas, as dinâmicas constituem um
valioso instrumento de autoconhecimento e de observação de comportamentos em
processos seletivos.
Entender e aceitar isso diminui as resistências e as fantasias.
Nenhum sadismo justificaria tanto tempo investido nas dinâmicas de grupo
durante os processos seletivos.
Dica importante: aceite os papéis e leve a sério este
momento. Não seja ingênuo e entenda que você estará sendo observado durante todo
o tempo. Faça perguntas antes do começo do jogo ou atividade para compreender o
que é esperado de você.
2. O que os selecionadores observam durante a dinâmica de grupo?
Os profissionais preparados para conduzir dinâmicas de grupo para
seleção não fazem isso por fazer ou preencher o tempo. Muito menos para colocar
os candidatos em situação de pressão. Eles fazem por que precisam observar
determinados comportamentos com maior proximidade da realidade futura de
trabalho ou em em situações planejadas para que eles apareçam.
Dicas importantes:
- Procure entender as característidas e natureza do cargo para o qual você
está se candidatando e liste as principais competências que serão levadas em
conta na hora da decisão dos selecionadores. Quando fizer isso, terá uma
lista dos comportamentos que eles esperam observar durante a dinâmica.
- Procure entender muito bem as regras das situações propostas e antecipe
o que poderá ser apresentado ou observado. Jamais pense que o candidato
escolhido será o que estourar o maior número de bexigas. Se você estiver se
candidatando a uma vaga de liderança, o que será observado será o seu papel
na ação de todo o grupo. Nem sempre o que fala mais é o escolhido, mas pode
ser o que estimula os outros a falar. Nem sempre o que ganha a competição ou
o que dá mais sugestões para o produto é quem será escolhido. Talvez você
esteja sendo observado pela sua capacidade de ceder nas horas críticas para
que um grupo atinja os resultados.
3. Até que ponto eu posso “interpretar” desempenhos na dinâmica de
grupo?
Pedidos de orientação de pessoas que querem saber como devem se
comportar em determinadas situações da dinâmica são comuns. E a resposta sempre
é a mesma: nunca tente ser o que você não é. A dinâmica de grupo parte desse
princípio. Se você não tem um determinado tipo de comportamento, ele não
aparecerá naturalmente em situações de brincadeira ou de pressão. Os
comportamentos “interpretados” são fáceis de serem percebidos, pois eles são
geralmente artificiais e exagerados.
Dica importante: se você entendeu bem as regras da situação
proposta e sabe o que está sendo observado (a partir da descrição do cargo que
você recebeu), procure demonstrar que tem como contribuir para o objetivo
proposto. Tente apresentar comportamentos positivos e contributivos para a
equipe. Em suma, mostre o melhor de si, mesmo que saiba que está trabalhando
numa zona de desconforto para você.
4. Existem algumas competências que melhoram o meu desempenho durante
as dinâmicas?
Não há uma regra geral de participação, mas percebemos que os
candidatos que possuem as competências de comunicação, negociação, flexibilidade
e empatia bem desenvolvidas geralmente se saem melhor nas dinâmicas. Isso não é
por acaso, pois essas competências também estão entre as mais valorizadas pelo
mercado de trabalho.
Dica importante: procure se conhecer melhor em relação a
tais competências e encontre formas de desenvolvê-las. Você ganhará não só
competências para melhorar o seu desempenho nas dinâmicas como também melhorará
o seu futuro desempenho profissional.
5. Como devo me preparar para participar das dinâmicas de grupo?
Há oportunidades antes, durante e depois.
Antes: Busque o máximo possível de informações sobre o
cargo, companhia e, se for o caso, sobre a empresa que fará a seleção. Entenda
os requisitos do cargo e visualize um profissional de sucesso neste cargo e
empresa. Liste as principais competências e as que você pense que serão
observadas durante o processo seletivo.
Durante: Procure entender a situação proposta, faça as
associações com o cargo e leve muito a sério a sua participação.
Depois: Avalie a sua participação e procure conversar com
colegas sobre o que você fez. Nem sempre você fez algo errado. Pode ser que o
que foi visto não seria adequado ao contexto de trabalho daquela vaga. Não se
vitimize!!!
6. A dinâmica é um processo totalmente seguro e preciso?
Não há nenhum instrumento totalmente seguro numa situação de tensão
como a de seleção de pessoas para uma oportunidade de trabalho. O resultado
positivo do uso dinâmica em processos seletivos depende muito do preparo dos
organizadores, condutores e avaliadores que estarão presentes e dos
representantes da empresa. Infelizmente, nem todos os profissionais que conduzem
dinâmicas de grupo são preparados e, em muitas situações, o resultado pode
depender de observações superficiais e de decisões baseadas em subjetivismo. Na
medida em que os direitos dos candidatos começarem a ser respeitados, os
processos de dinâmica melhorarão, sem dúvida alguma.
O ideal seria que os candidatos não aprovados tivessem um feedback
ou, pelo menos, uma justificativa para a sua não classificação (insisto em não
dizer reprovação, pois em muitos casos vários candidatos poderiam ser aprovados,
mas a vaga é para uma pessoa apenas). Se os candidatos tivessem orientações
poderiam melhorar constantemente o seu desempenho nos processos seletivos.
Com todos os prós e contras a utilização da dinâmica de grupo processos
seletivos é um ganho para ambos os lados.
Quando bem organizada, coordenada e avaliada, a dinâmica de grupo pode
oferecer feedbacks interessantes para que os candidatos melhorem o seu
próprio perfil de competências.
Como última dica, a dinâmica de grupo pode funcionar como oportunidade para
observar e aprender com aqueles que são aprovados e se saem bem nesses
processos.