Com custos de saúde baixos, facilidades para viajar e aposentadorias
generosas, muitos aposentados europeus levam uma boa vida. Mas a queda das taxas
de natalidade e o rápido envelhecimento da população significam que os idosos
podem ter um futuro incerto, com os governos tendo de resolver a crescente crise
previdenciária.
Temendo que seus governos estejam se movimentando muito vagarosamente para
garantir seus benefícios, muitos daqueles no meio do caminho da aposentadoria e
mesmo os mais novos se juntaram para exigir medidas que segurem o buraco da
Previdência.
Os governos, da Alemanha ao Reino Unido, decidiram que um dos modos de resolver
a crise é aumentar a idade de aposentadoria em dois ou três anos acima da média
de 65 anos da Europa. Não é uma boa notícia para todos.
"Meu marido e eu trabalhamos desde os 15 anos e aqui estamos, com 53, ouvindo
dizer que não teremos nossas aposentadorias integrais", diz Gaynor Stowers,
funcionária pública de Southampton, no Reino Unido.
Os britânicos hoje têm um sistema previdenciário baseado em benefícios estatais
complementados pela previdência privada. Mas os benefícios do governo vêm
continuamente perdendo valor, pois sobem junto com os preços, e não com os
salários. Já as previdências privadas vêm sofrendo erosão por causa dos altos
impostos, do baixo desempenho do mercado de ações e da má gestão. Por causa
disso, a Comissão de Benefícios, instituída pelo governo para resolver a crise,
recomendou o aumento da idade de aposentadoria para 68 anos até 2050 e a
vinculação dos benefícios aos salários, e não à inflação.
Em Israel, uma das grandes surpresas da eleição do mês passado foi a boa
performance do Partido dos Aposentados - que conseguiu 7 das 120 cadeiras do
Parlamento. O líder do partido, Rafi Eitan, 79, tinha como plataforma justamente
defender direitos de aposentados.
Na Grécia, os sistemas de saúde e de previdência custam ao país cerca de 5% do
PIB, segundo o banco privado Alfa. E espera-se que isso suba para 11,1% até
2030, se o sistema não for reformado. Mas isso é um trabalho complicado. O
premiê grego, o conservador Costas Caramanlis, pediu aos sindicatos, partidos e
empresários que começassem a discutir como reformar o sistema, mas nenhuma ação
concreta é esperada antes de 2008, quando ele deixa o cargo.
Em março, bancários gregos estrilaram por causa de reformas previdenciárias
menores. A última tentativa feita pelos socialistas, que precederam Caramanlis,
acabou em gigantescas manifestações nos anos 2002 e 2003, que quase derrubaram o
governo.
A Holanda enfrenta problemas similares para financiar os crescentes custos da
previdência pública diante do envelhecimento da população. O governo diz que o
número de pessoas com 65 anos ou mais, que hoje é de 2 milhões, vai dobrar até
2040.
O sistema previdenciário dos países escandinavos vem se mantendo em relativa boa
forma, mesmo com os lendários benefícios oferecidos a quem mora lá.
Mas mesmo na Dinamarca, o governo foi forçado a apresentar uma proposta de
reforma no começo deste mês.
O plano inclui aumentar a idade de aposentadoria de 65 para 67 anos e aumentar a
idade dos que querem se aposentar antes com benefícios parciais.