Da ameaça à oportunidade. Se, antes, as empresas condenavam o acesso dos
funcionários às redes sociais, porque a atitude poderia reduzir a produtividade
deles, agora elas estão incentivando o uso de plataformas on-line que favorecem
o networking interno (com os colegas de trabalho) e externo (com amigos,
clientes e parceiros).
A conclusão é de um estudo realizado pela empresa britânica Demos. "Os humanos
são animais sociais, interligados a colegas, vizinhos, amigos e até inimigos em
uma teia. Essas pessoas sempre estiveram conosco, mas as tecnologias, a economia
globalizada e o mutável mercado de trabalho reforçaram o poder das redes de
relacionamentos das pessoas, levando-as para o coração das organizações", diz a
publicação.
Por dentro das empresas
De acordo com o estudo, algumas das empresas analisadas estavam até mesmo
desenvolvendo suas próprias redes sociais, mas com variados graus de sucesso na
implementação ou no impacto delas.
O lado negativo das redes sociais criadas pelas próprias empresas para usufruto
de seus funcionários é que elas acabam se tornando muito formais. E formalidade
não combina com interação. A pesquisa ainda concluiu que essas redes falham em
se adaptar à forma instintiva como as pessoas interagem.
Em todos os casos estudados, a socialização com colegas é fortemente encorajada,
sendo freqüentemente vista como intrínseca ao sucesso. Além disso, as
tecnologias também têm sido usadas para mediar o relacionamento entre empresas,
facilitando o fechamento de novos negócios e a troca de idéias e projetos.
Benefícios
Mas o estudo alerta que as empresas devem manter os pés no chão. "Apesar de
tantos avanços tecnológicos, as diferenças entre o networking on-line e o
offline é ainda clara. A tecnologia facilita a comunicação e a colaboração, mas
os profissionais entrevistados deram muita importância aos benefícios da
comunicação face a face".
Duas das empresas analisadas de fato utilizavam o acesso às redes sociais pelos
funcionários como estratégia principal do negócio (o que também é chamado de
core business). "A existência delas e o sucesso obtido revelam como o
networking está sendo levado a sério pelas empresas".
Apesar dos avanços da maneira de ver as redes sociais, reside ainda uma sensação
de potencial ainda não preenchido. As empresas sentem que há benefícios ainda
não descobertos com relação ao "casamento" entre as redes de relacionamentos
interna e externa dos funcionários, tanto do ponto de vista do empregado quanto
do ponto de vista do negócio.
O valor do networking
O estudo sublinha que talvez a mais importante descoberta da pesquisa tenha sido
a mudança na maneira de pensar dos profissionais. Cada vez mais, eles entendem o
valor de uma posição em uma rede de relacionamentos e as possibilidades que ela
traz ao seu trabalho. Mas isso exacerba a tensão entre empresa e empregados, um
problema que tem a ver com a propriedade do networking e seu uso.
Veja o que um dos profissionais entrevistados para a pesquisa da Demos disse:
"Tenho certeza de que as estatísticas de retenção de talentos vão mostrar que o
uso de ferramentas que favorecem o networking e a confiança das empresas têm um
impacto. Um maior debate agora se refere à possibilidade de medir os benefícios
do uso dessas ferramentas e como fazer isso".
"As redes sociais estão gerando oportunidades ótimas para as pessoas colaborarem
com o negócio", frisa a pesquisa, realizada por meio de estudos de caso de seis
empresas.