De acordo com SILVA NETO & TAGLIAVINI (1994), é impossível avaliar qual será o
risco de variação futura dos preços de um bem com absoluta precisão: caso isto
fosse possível, não existiriam contratos de liquidação futura. Para tentar
prever preços futuros, o mercado recorre a ferramentas estatísticas. Uma delas é
o estudo da volatilidade.
Em termos genéricos, a volatilidade é a medida das variações esperadas dos
preços futuros, tanto para mais como para menos, com base nas variações
verificadas no passado, ou seja, é a medida de qual deverá ser a variação média
dos preços de determinado ativo, caso o mercado repita as variações anteriores.
De certa forma, a volatilidade é uma medida da velocidade do mercado:
mercados que se movem lentamente são mercados de baixa volatilidade, mercados
mais velozes apresentam alta volatilidade.
É essencial esclarecer os tipos de volatilidade:
- volatilidade futura: descreve a futura distribuição de preços da
mercadoria; tem apenas interesse teórico no desenvolvimento de alguns
modelos;
- volatilidade prevista ou projetada: é uma estimativa da volatilidade
futura em termos probabilísticos. É obtida através do uso de técnicas de
projeção, aplicadas sobre séries históricas;
- volatilidade histórica: é calculada com base em uma série histórica
composta pelos preços passados das ações. É muito utilizada em modelos de
precificação de opções e serve como elemento de comparação para a maioria
dos operadores de mercado;
- volatilidade implícita: é aquela imputada em um modelo de precificação
de opções, a qual faz com que o prêmio originado pelo seu cálculo seja igual
ao que está sendo negociado no mercado.
Alguns críticos do mercado futuro acreditam que a atuação dos especuladores em
busca de lucros extraordinários exige que os preços flutuem mais abruptamente do
que seria normal. O impacto disso seria um aumento na volatilidade dos preços
dos produtos onde houvesse mercados futuros.
Para CLINI (1995), o mercado futuro eficiente tem um importante reflexo sobre
o comportamento dos preços: a redução da variabilidade dos preços no mercado a
vista. As flutuações nos preços são atenuadas com a introdução dos mercados
futuros devida ao acréscimo de informações geradas pelo mesmo. A melhoria na
quantidade e qualidade das informações geradas neste caso reduziria muito
aqueles movimentos de preços que não fossem ocasionados por alterações nas
condições de oferta e demanda.
Para justificar tal defesa, tem-se o seguinte modelo matemático:
Pt = St + et (3.1)onde:
Pt = Preço da mercadoria no mercado a vista;
St = Componente sistemático dos preços, associado às
flutuações econômicas da mercadoria;
et = Componente aleatório dos preços.
Tomando-se as variâncias da equação (3.1), têm-se:
var(Pt ) = var(St ) + var(et
) (3.2)
com: cov(St ,, et ) = 0 (3.3)
Os defensores do mercado futuro argumentam que tais mercados servem como
local de coleta e disseminação de informações, o que, portanto, ocasionalmente
implica uma diminuição do componente var(et ). O aumento na
qualidade e na velocidade de disseminação de informações, gerado pela introdução
dos mercados futuros, equalizaria o fluxo das mesmas entre os participantes do
mercado a vista. Este raciocínio traz, no entanto, implícita a hipótese de que a
introdução dos mercados futuros não afeta o componente var(St
).
O trabalho de CHESNEY & EID (1996) conclui que a volatilidade de um ativo
mede a sua variabilidade e, conseqüentemente, seu risco, sendo que, quando a
volatilidade é reduzida, reduz-se também o seu risco. Através do cálculo de
volatilidade de ações no mercado brasileiro, quando opções foram introduzidas,
no período de 1990 a 1993, chega-se a uma redução da volatilidade. O mesmo
comportamento foi observado em outros mercados, como o americano e suíço. Este
tipo de estudo, mostrando que surge um decréscimo na volatilidade quando opções
são emitidas, foram também feitos por LEE & OHK(1992), KLEMKOSKY & MANESS
(1980), CONRAD (1989), BRUAND & GIBSON-ASNER (1995) e DAMADORAN & SUBRAHMANYAM
(1992). Todos estes estudos demonstram que a volatilidade torna-se mais
estocástica quando opções são introduzidas.
Para estes pesquisadores, deve-se desenvolver modelos que descrevam a
volatilidade dos ativos, ou melhor, identificam os fatos que geram a
volatilidade de ativos financeiros.
A volatilidade dos preços é objeto de uma análise empírica bastante
detalhada. Existe na literatura específica um grande número de trabalhos
procurando mostrar o que acontece com a variabilidade dos preços após a criação
de um determinado mercado de derivativos.