Nem sempre as situações na vida se apresentam como planejamos. Aliás, pode
ser mais fácil ser surpreendido do que se pensa.
Quantos engenheiros que sempre pensaram em trabalhar em uma boa multinacional
européia e colocar o que aprenderam na faculdade em prática foram parar no
mercado financeiro? Há jornalistas que sempre gostaram de ler e escrever sobre
cultura, mas que acabaram contratados, quem diria, para o caderno policial!
Também é possível encontrar, no departamento comercial das empresas, advogados
que desde cedo sonharam em atuar nos tribunais. A vida tem dessas coisas.
A dúvida é sempre a mesma: "Devo continuar no emprego atual ou batalhar por uma
vaga na minha área de formação, que sempre foi meu foco?", indaga o
profissional. "Mas devo arriscar, trocar o certo pelo incerto, sabendo o quanto
a situação do mercado de trabalho está difícil?".
O que fazer?
O consultor José Antônio Rosa, da Ricardo Xavier Recursos Humanos, respondeu
essas perguntas. Para ele, cada caso é um caso. "É bom lembrar que a maioria das
pessoas não trabalham nas áreas inicialmente escolhidas, aquelas de sua
formação. Mais importante do que buscar um trabalho de que se goste é gostar do
que se faz. Se houve um investimento financeiro, emocional e pessoal pesado em
determinada área, sendo essa viável e promissora, lógico que não se deve
desviar", afirma.
Não raro, as pessoas caem de pára-quedas em determinada área de atuação, mas por
necessidade. Pode acontecer de o mercado tão sonhado estar difícil. Nesses
casos, o consultor lembra que "sobreviver é necessário".
"Ninguém deve ser insensato a ponto de, não tendo o emprego ideal, preferir o
desemprego. Isso é até mesmo falta de responsabilidade! Entretanto, a pessoa não
pode perder de vista os objetivos de longo prazo. Isto é, considere a
necessidade - ganhar o salário, no emprego atual - como uma passagem",
recomenda.
Migrando de área
"Após um curso pesado de Medicina, com especialização em Oftalmologia, não há
sentindo em buscar um emprego que temporariamente pareça mais promissor,
abandonando a área. Porém, muitas vezes, as pessoas se formam em áreas que
permitem migração tranqüila, com vantagens. Por exemplo, dentro das ciências
sociais aplicadas: comunicação, administração, sociologia, pode haver migração",
diz Rosa.
Isso significa que a migração para o sonhado emprego pode ser mais fácil quando
se trabalha em áreas afins, que, no fim das contas, podem acrescentar know-how
ao profissional e enriquecer seu currículo.
Quando o melhor é ficar onde está
Caso você priorize a estabilidade e o ganho financeiro e esteja satisfeito com o
que faz, com o quanto ganha e com as políticas da empresa, talvez a melhor opção
seja ficar onde está e se especializar na área, procurando cursos, por exemplo.
Para Rosa, o segredo do sucesso é gostar do que faz.
"Quem está fazendo algo sem alma tem duas escolhas: mudar sua percepção do
trabalho e passar a gostar dele ou cair fora. Não compensa ficar fazendo algo de
que não se gosta, só pelo dinheiro", garante.
A verdade é que "atravessamos um período de mudanças intensas e ágeis, no qual
as profissões precisam se reinventar", nas palavras do consultor. Assim, pessoas
flexíveis, que aprendem, vão mais longe. "Estando na área entre aspas errada,
procure entendê-la o melhor possível e atingir o sucesso aí. Isso vai permitir
que se leve bagagem positiva na eventual mudança", finaliza.