Carreira / Emprego - Cruz credo, vou ter que “chefiar” a equipe?
De volta ao passado, isto é, de volta à questão de liderar, gerenciar ou
chefiar. Alguns leitores já conhecem a minha opinião, porém, vamos à resposta.
Lidere, gerencie e chefie na hora certa, na situação adequada e diante dos
comportamentos que requeiram este ou aquele estilo de gerenciamento.
Lidere quando se tratar de criar uma coalizão de corações e mentes em direção ao
futuro; quando for preciso inspirar a equipe através do – bom – exemplo do
líder. Lidere quando a equipe for madura profissional e emocionalmente, e, para
caminhar com as próprias pernas, só precisa de diretrizes gerais e um
empurrãozinho motivacional aqui e ali.
Gerencie quando se tratar de organizar e administrar as rotinas de trabalho,
estabelecer metas e prioridades, canalizar recursos e talento humano para
alcançar resultados.
Chefie quando o moral da equipe estiver baixo e os conflitos em alta. Chefie
quando for preciso disciplinar os desobedientes; dar um basta aos incompetentes;
superar as crises organizacionais que deixam todos atônitos, sem rumo ou prumo.
Adoraria estar enganado. Porém, caro leitor, olhe à sua volta e constate com os
próprios olhos os benefícios da chefia na hora certa. O “dialoguismo”, o
democratismo, o “pisar em ovos” diante dos “subordinados” na escola, na família
e no trabalho geram problemas psicológicos, comportamentais e sociais graves.
Será que um professor deve pedir “pelo amor de Deus, estudem! Façam a lição de
casa”? Ou um gerente deve implorar para que um subordinado indisciplinado e
contestador seja mais cooperativo?
Nos momentos críticos, dúvidas existenciais ou semânticas sobre se devemos
liderar ou gerenciar são supérfluas e contraproducentes. A ordem é ENFRENTAR A
CRISE e dar a volta por cima, nem que seja a custo de alguns berros ou pontapés
nos nobres traseiros da equipe.
A despeito das lendas organizacionais, a autoridade é uma instituição
fundamental para a vida social organizada. Sem ela o tecido social se
esgarçaria, conforme um dito tão a gosto dos sociólogos.
Sejamos claros. Pais que não traçam limites junto aos filhos contribuem para sua
desorientação moral, vocacional e outras condutas reprováveis. Gerentes
hesitantes que toleram o baixo desempenho dos seus subordinados, apenas protelam
o desfecho desfavorável e inevitável que é despedi-los, antes que contaminem o
moral da equipe. Isso sem falar de presidentes, governadores, prefeitos e juízes
confusos e intimidados diante de atos arbitrários e ilegais de movimentos - que
se dizem sociais - que podem tudo e a quem não se cobra nada.
A história mostra com todos os pingos nos “is” que líderes titubeantes,
paternalistas ou sem vocação para chefiar quando é preciso estão associados a
grandes fiascos políticos, econômicos ou militares. Ela também ensina que,
quando contam apenas com a vocação para comandar, eles se tornam chefetes
tiranos e, em conseqüência, deixam de ser líderes. É preciso discernir quando
atrair os holofotes sobre si e assumir as rédeas do espetáculo, e de quando
deixar a equipe se autogerenciar.
Há circunstâncias em que o correto é orientar a equipe. Em outras, usar a sua
posição e prestígio para negociar recursos junto à alta administração. Noutras,
exercer a autoridade para direcionar os esforços em relação a metas
organizacionais. E, quando o céu é de brigadeiro, o melhor a fazer é deixar o
leme nas mãos da própria equipe.
Existem outros papéis a serem desempenhados, tais como mentor, coach, motivador,
missionário, amigo e assim por diante. Qualquer papel não é bom ou impróprio em
si. Tudo depende das circunstâncias.
É por isso que, de tempos em tempos, é preciso advertir, disciplinar, arbitrar,
decidir, repreender e demitir, mesmo quando essas decisões contrariem desejos,
opiniões e interesses de amigos, colegas de trabalho e as nossas inclinações
pessoais. Curiosamente, o aspecto do papel gerencial é escondido no porão. Não
figura entre os temas prediletos das palestras, seminários e literatura
gerencial. Porém, incômodo ou indigesto, faz parte do show.
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