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Carreira / Emprego - Doença do mau humor pode prejudicar carreira; esteja atento aos sintomas 

Data: 24/10/2008

 
 
Apesar do nome popular - doença do mau humor -, a distimia diz respeito a um quadro de depressão leve, mas prolongado, que pode durar anos. O mau humor é apenas um de seus aspectos.

"O mau humor, por si só, não é indicativo de doença nenhuma, embora em geral acompanhe a distimia", explica o vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Luiz Alberto Hetem, que calcula que 3% da população sofra com a doença.

A distimia também não pode ser confundida com a depressão. Um dos sinais da doença é a incapacidade de sentir prazer nas pequenas alegrias do dia-a-dia, nas atividades realizadas. "A pessoa com distimia faz o que tem que ser feito, mas sempre encara tudo como um dever", afirma.

Carreira prejudicada

Embora dê conta do trabalho, a carreira de quem sofre com o problema pode ser prejudicada. Por conta da falta de ânimo e de vontade para realizar as atividades, o profissional sente que se desgasta demais, que despende um esforço maior do que os outros. "No fundo, ele sabe que poderia render mais", diz Hetem.

O desânimo é crônico, mas não se manifesta todos os dias. "Ele está presente na maior parte dos dias, mas, vez ou outra, a pessoa se sente feliz, o que pode ser resultado de um evento externo positivo, ou simplesmente ela acordou mais feliz".

Com o mau humor, a apatia ou o desânimo crônico, um profissional que sofre com a doença pode pôr tudo a perder com suas reações e atitudes no relacionamento com o próximo - com o chefe, os colegas, os clientes e os fornecedores, por exemplo. Além disso, pode não conseguir exercer uma função de liderança.

"Mas como a doença pode se apresentar no início da idade adulta, a pessoa tende a escolher a profissão e as funções que irá desempenhar de acordo com seu perfil. Pode até ser que ela chegue a um cargo de liderança, mas acredito que daria preferência a atividades mais isoladas", opina Hetem.

Como não se pode generalizar, é preciso lembrar que nada impede um profissional de ser um ótimo líder ou de alcançar o sucesso que almeja.

Fatores

A distimia, ainda hoje, é considerada uma doença multifatorial. Ela pode ter origem em um acontecimento dramático, como a perda de um ente querido; em pequenos aborrecimentos do dia-a-dia; no tipo de convívio estabelecido com a família; entre outros fatores.

"Supondo que você estava fazendo ginástica e, em um movimento brusco, sofreu uma distensão ou traumatismo mais agudo. Passado algum tempo, você vai se lembrar exatamente de quando aquilo aconteceu e como. Já no caso de uma tendinite, é muito difícil identificar quando o problema começou. Assim é a distimia", explica.

Quanto aos sintomas, é importante estar atento a eles, mas, muitas vezes, a pessoa que sofre de distimia não percebe o problema, que é perceptível àqueles que com ela convivem. Confira quais são eles:
  • Mau humor (mas isso depende da personalidade da pessoa);
     
  • Desinteresse pelas atividades;
     
  • Desânimo, até para ir a festas, por exemplo;
     
  • Sensação de que sempre precisa se esforçar mais que os demais para realizar determinada tarefa;
     
  • Irritabilidade e falta de paciência;
     
  • Tristeza (sem que nada tenha acontecido);
     
  • Negativismo, pessimismo.
Há quem diga também que a pessoa com distimia é mais intolerante, tem espírito reclamão e mania de perfeição. Outros afirmam que ela se mostra menos sociável e tem baixa auto-estima. Como no caso do mau humor, tudo depende da personalidade do indivíduo.

Tratamento

A boa noticia é que existe cura para a distimia. O tratamento envolve o uso de anti-depressivos e sessões de psicoterapia. "Em 60, 90 dias, é possível que o paciente já se sinta melhor, mais feliz e disposto, porém, para de fato resolver o quadro, o tratamento deve ser estendido por alguns anos".

"As pessoas que suspeitam que algum amigo, conhecido ou parente sofra de distimia devem recomendar a ele que procure ajuda especializada. Se não for diagnosticada, a doença nunca será tratada", garante o vice-presidente da ABP.

Mas não se deve procurar tratamento apenas porque afeta a carreira. Imagine viajar a um lugar paradisíaco e não ver graça nenhuma nele; ou ganhar um presente e não se sentir feliz. É preciso viver a vida e enxergar tudo de bom que ela tem a oferecer: as surpresas, as vitórias, o aprendizado que vem das perdas, a amizade e o amor.


 
Referência: Administradores.com.br
Autor: Karin Sato - InfoMoney
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