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Negócios / Empreendedorismo - Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - Pintec  

Data: 20/10/2008

 
 

A Pintec é a pesquisa sobre inovação tecnológica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O principal objetivo da pesquisa é conhecer e mensurar o processo inovativo realizado pelas empresas brasileiras e assim compreender melhor o crescimento econômico do Brasil. Afinal um crescimento sustentável pressupõe inovações tecnológicas.

Esse tipo de pesquisa é recente no mundo inteiro. Os países nórdicos e a Itália foram os primeiros a fazê-las ainda nos anos 90. O modelo adotado pelo Brasil é semelhante ao usado atualmente na União Européia e foi definido pelo chamado Manual de Oslo, cuja 3ª edição foi lançada em 2005.

No Brasil, já houve três resultados da pesquisa. A última, divulgada hoje, mostra um crescimento nas taxas de inovação entre os anos de 2003 e 2005. O último resultado também levou em conta novas diretrizes como a ampliação dos números de empresas que participam da pesquisa, incluindo, por exemplo, empresas de telecomunicações,de informática e de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Conheça um pouco mais sobre a inovadora pesquisa do IBGE nesse artigo, que foi revisado pela coordenadora da pesquisa, Mariana Martins Rebouças.

O que é a inovação tecnológica?

Uma das dificuldades encontradas pelos pesquisadores do IBGE que produzem a Pintec é ajudar o próprio empresário, principalmente entre as micro e pequenas empresas, a entender o que é exatamente inovação tecnológica. Para isso, o questionário foi moldado afim de que os entrevistados respondam e assim cheguem, junto com os entrevistadores, a entender melhor a definição.

A grosso modo, inovação tecnológica é toda a novidade implantada pela empresa, por meio de pesquisas ou investimentos, que aumenta a eficiência do processo produtivo ou que implica em um novo ou aprimorado produto. Assim, muita coisa pode ser definida como inovação tecnológica. Essas inovações estão divididas basicamente entre produtos e processos.

Vamos ver alguns exemplos do que seria uma inovação tecnológica, segundo os critérios do Pintec:

  • Introdução de novo produto ou variação de produto já existente. Por exemplo, numa indústria alimentícia, o lançamento de uma versão light ou diet de um produto;
  • A implantação de código de barras em empresas que não usavam;
  • Introdução de um determinado insumo que otimiza ou barateia determinada produção, no todo ou em parte;
  • Adequação de produtos às exigências das leis e outras portarias reguladoras;
  • Criação de um linha voltada para um segmento de mercado não explorado anteriormente. Por exemplo, uma indústria têxtil de artigos infantis que lança uma linha de roupas para adolescentes;
  • Melhorias na logística de armazenamento, transporte e distribuição dos produtos;
  • Aplicação de novos softwares que demande mudanças também no hardware ou otimiza a produção e/ou o produto.

Com os exemplos, é possível perceber que a inovação tecnológica deve estar ligada à implementação de produto e/ou processo novo (ou substancialmente aprimorado) para a empresa, não sendo, necessariamente, novo para o mercado ou para o setor de atuação da empresa..

Definido o que é inovação tecnológica, veja quem participa da pesquisa.

Quem participa

São alvo dos pesquisadores da Pintec basicamente empresas industriais, de telecomunicações, de informática e instituições de pesquisa e desenvolvimento, com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, e com 10 ou mais pessoas ocupadas.

Para escolher os entrevistados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relaciona, primeiramente, as empresas, com as características acima descritas, no seu Cadastro Central de Empresas. Por serem poucas, todas as instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) são selecionadas. Para as outras atividades, a escolha das empresas é feita por amostragem. Aquelas que integram algum  dos  diferentes cadastros gerais ligados a inovação tecnológica - as empresas que estão nos cadastros do Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), responsável pelo registro de patentes; que foram beneficiadas com incentivos fiscais das Leis de P&D ou da Lei de Informática, do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia),  que receberam financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) etc., - recebem marcas que as identificam como potenciais inovadoras. Depois as empresas são agrupadas em três estratos:

• estrato certo - composto pelas grandes empresas e por aquelas com, pelo menos, uma marca principal ou, no caso da indústria, oito ou mais marcas secundárias;
• estrato amostrado elegível - constituído pelas empresas restantes com alguma marca;
• estrato não elegível - composto pelas empresas sem qualquer marca.

Os entrevistados de cada versão da pesquisa representam entre 12% a 15% do universo de empresas relacionadas, primeiramente, no Cadastro Central de Empresas..

Nas duas primeiras versões da pesquisa (2000 e 2003), foram ouvidas mais de 10 mil empresas, todas elas do setor industrial. Desde grandes empresas com mais de 500 funcionários até micro e pequenas empresas com 10 ou mais empregados.

Na versão de 2005, divulgado em 2007, o número de participantes aumentou para 13 mil. Isto porque, além das indústrias já contempladas, as empresas de telecomunicação e informática e institutos de pesquisa também começaram a integrar a pesquisa. No caso do setor de telecomunicação e informática, grandes empresas são consideradas as com mais de 100 funcionários.

Amostragem

Como praticamente toda pesquisa, a escolha dos entrevistados é feita por amostragem. A amostragem traz pesos diferentes para cada perfil de entrevistado. Na Pintec, as  empresas alocadas no que os estatísticos chamam de estrato certo têm peso 1, ou seja, elas representam elas mesmas na amostra. . O mesmo método é usado para as  instituições de P&D. Os chamados estratos aleatórios elegível e não elegível são usados para os outros entrevistados. O peso de cada entrevistado, nestes estratos finais, corresponde ao número de empresas similares, presentes no recorte por atividade econômica e por localização geográfica, que ele está representando.

O que é perguntado

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não quer saber detalhes técnicos da inovação de cada empresa, o que poderia deixar muita gente ressabiada. A intenção do instituto é apenas ver se a empresa tem procurado inovação em seu produto ou processo, quanto tem investido nisso, quais são os responsáveis, quem são seus parceiros nessa área, que tipo de retorno é obtido com a inovação.

Os técnicos do IBGE criaram um questionário básico que, além de servir para obter respostas para as questões, ajuda o entrevistado a entender o que é considerado inovação tecnológica. Isto porque muitos micro e pequenos empresários não sabem definir exatamente o que é inovação tecnológica dentro do seu sistema produtivo. Ao todo, são mais de 190 perguntas que englobam os seguintes assuntos:

  • Características da empresa;
  • Produtos e processos tecnologicamente novos ou substancialmente aperfeiçoados;
  • Projetos incompletos ou abandonados;
  • Atividades desenvolvidas para a implementação das inovações de produto ou processo;
  • Fontes de financiamento das atividades inovadoras;
  • Atividades internas de pesquisa e desenvolvimento;
  • Impactos das inovações;
  • Fontes de informação que a empresa utiliza para as inovações;
  • Arranjos cooperativos feitos com outras empresas ou instituições para desenvolver as inovações;
  • Uso de programas de apoio do governo para as suas atividades inovadoras;
  • Registro de patentes e outros métodos de proteção;
  • Problemas e obstáculos à inovação;
  • Outras mudanças estratégicas e organizacionais
Por telefone

Apenas Brasil, Canadá e Bélgica usam o telefone para fazer as entrevistas sobre inovação tecnológica. Os outros países, que fazem pesquisas semelhantes, optam por respostas por correio tradicional ou eletrônico. Os pesquisadores do IBGE optaram pelo telefone por várias razões, entre elas, estão a falta de tradição brasileira de responder pesquisas por correio, a intenção de ter um detalhamento maior dos dados e a falta de informação do empresariado brasileiro sobre o que é inovação tecnológica. As respostas de um questionário completo da Pintec demora cerca de 30 minutos.


Resultados de 2000 e 2003

Para se ter uma idéia da importância de uma pesquisa como a Pintec (Pesquisa  de Inovação Tecnológica), é interessante ver a análise de alguns resultados. A primeira pesquisa foi divulgada em 2000 e traz informações sobre a atividade das empresas entre 1998 e 2000. A segunda foi divulgada em 2003, com informações obtidas entre 2001 e 2003.

Aqui vão alguns dos dados obtidos nas duas primeiras pesquisas feitas.

  • Entre 1998 e 2000, 6,5%das empresas tiveram como fonte de informação licenças ou patentes para suas inovações. Entre 2001 e 2003, a parcela de empresas que optaram pelo mesmo método  caiu para 2,9%.
  • Os fornecedores são um dos principais agentes de inovação nas empresas. Entre 1998 e 2000, 66,1%das inovações tiveram parte ou todo o método oriundo dos fornecedores. Entre 2001 e 2003, os fornecedores diminuíram sua participação para 59,1%, mas continua sendo a segunda fonte de informação mais importante, a primeira é área interna da empresa.
  • Entre 1998 e 2000, 48,8% das empresas tinham pessoas ocupadas exclusivamente em atividades de pesquisa e desenvolvimento. Entre 2001 e 2003, 62,7% das empresas tinham o mesmo perfil.
  • Entre 1998 e 2000, 69,6%das empresas inovaram para poder ampliar sua capacidade produtiva. Entre 2001 e 2003, 52,9% fizeram inovações para ampliar a produção.
  • Entre 1998 e 2000, 55,6% das empresas que não fizeram nenhuma inovação alegaram falta de condições mercadológicas para tal. Entre 2001 e 20003, 65,4% que não se renovaram alegaram a mesma razão.  
Resultados de 2005

Os resultados da Pintec, feita entre 2003 e 2005 e divulgada em 31 de julho de 2007, mostram um crescimento nos investimentos com inovação tecnológica das empresas. Entre 2001 a 2003, as indústrias haviam gasto 2,46% da receita líquida em inovação tecnológica. Entre 2003 e 2005, o valor subiu para 2,76%. Além disso, o número de pessoas envolvidas em pesquisas de inovação dentro das indústrias aumentou 12,5% de 2003 para 2005.

Das 33 atividades industriais pesquisadas, 21 apresentaram crescimento nas suas taxas de inovação no período em relação ao período da pesquisa anterior, mas a taxa de inovação geral das indústrias manteve o mesmo patamar (33,4% contra 33,3%). É interessante verificar que, entre as atividades industriais que aumentaram suas taxas de inovação, estão setores tão díspares como reciclagem de material, que passou de 13,7% para 22,6%; produtoras de caminhões, camionetas, utilitários, caminhões e ônibus, que passou de 57,5% a 71,1%, e de celulose e outras pastas, que passou de 39,1% para 51,7%.

Entre as más notícias do período, a pesquisa aponta uma queda na taxa de inovação das empresas de pequeno porte com 10 a 49 funcionários, de 31,1% para 28,9%. Esta queda foi a responsável pelo taxa de inovação geral se manter, já que essas empresas são as responsáveis por 79,4% do universo pesquisado.

Entre os problemas encontrados para inovar, 76,8% das indústrias apontaram os elevados custos como obstáculos, seguido dos riscos econômicos excessivos (74,7%) e da escassez de fontes de financiamento (58,6%). Vale salientar que a maioria das indústrias que conseguiram financiamento governamental (40,9%) é de grande porte com mais de 500 empregados.

Sobre as fontes para a inovação, as indústrias aumentaram suas aquisições de patentes, licenças e know-how de 2,9% para 5,9%, suas parcerias com universidades e institutos de pesquisa de 8,4% para 12% e de informações da internet, de 46% para 56,8%. As maiores fontes de informação, no entanto, continuaram sendo internas como departamentos da própria empresa (64%), fornecedores (63,8%) e clientes ou consumidores (60,9%).

Novos setores

Além do setor industrial, a pesquisa divulgada traz, pela primeira vez, dados do setor de serviços de alta intensidade tecnológica, ou seja, telecomunicações, informática e pesquisa e desenvolvimento. A taxa de inovação do setor é maior que da indústria, 57%, com uma atividade interna de pesquisa e desenvolvimento de 2,8%.



 
Referência: hsw.com.br
Autor: Luís Indriunas
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