Carreira / Emprego - Erros do líder podem prejudicar a equipe, mas dá para minimizar seus efeitos
Como diz o ditado, errar é humano. No mundo corporativo, porém, erros custam
caro para as empresas. Embora elas tenham de conviver com eles, o importante
para as companhias é tentar revertê-los ou minimizar os efeitos que eles
provocam na conta final.
Para os líderes, mais que causar prejuízos, certos erros podem provocar danos
muitas vezes irreversíveis para a imagem. Mas não precisa ser sempre assim.
Assumir que tomou a decisão errada ou adotou uma postura equivocada é o primeiro
passo para conseguir lidar com os próprios erros, não prejudicar o
desenvolvimento da carreira e o desempenho da equipe.
“Esse líder deve mostrar que é responsável por essas decisões”, afirma o
headhunter da De Bernt Entschev Human Capital, Weider Silva. “O líder que não
assume os seus erros, que se isenta, tem de pensar se está de fato preparado
para ser um líder”, completa o CEO do Grupo Soma Desenvolvimento Corporativo,
Antonio Carminhato.
Para cada erro, um acerto
Os gestores podem cometer erros comportamentais, de conduta, ou equívocos
técnicos, relacionados a tomadas de decisão não muito acertadas. Reconhecê-los,
apenas, não é suficiente, na avaliação de Silva. “Isso seria uma atitude
passiva”, diz. Independentemente da natureza do erro, o mais importante é
avaliá-lo, principalmente se o erro foi técnico.
Para o headhunter, toda decisão tem um risco. “Quanto mais informação você tem,
menor o risco. E o líder deve se munir de muita informação antes de decidir”,
reforça. Ainda assim, erros podem acontecer. Nesses casos, explica Silva, é
preciso identificar a informação que faltou ou aquela que gerou o equívoco. “O
líder deve identificar os motivos que o levaram a tomar aquela decisão”,
reforça.
E, mesmo se essa decisão foi acertada em conjunto, o líder deve reportar para si
a responsabilidade. “Mesmo que o erro seja do seu subordinado ou que não tenha
partido apenas dele, o líder é o responsável. Ele não é corresponsável. Ele é o
responsável pelo trabalho da equipe”, reforça Carminhato.
A partir do momento em que o líder assume o equívoco, ele deve apresentá-lo à
equipe para que a solução seja encontrada em conjunto. “Erros são inerentes às
atividades gerenciais”, lembra Carminhato. “O importante é que a soma dos
acertos seja expressivamente maior que a dos erros”.
Pensar sobre si mesmo
Quando o erro é de comportamento, os prejuízos à equipe são mais diretos.
Não são raros líderes que tratam com desdém alguns profissionais ou privilegiam
outros ou mesmo humilham a equipe inteira. Nesses casos, se as consequências não
chegarem a um grau que deva ser reportado a alguém que está acima desse gestor,
ainda é possível reverter essa situação e impedir que a imagem desse líder seja
maculada.
Silva, da De Bernt, cita a falha de comunicação transparente, a ausência de
feedback, o retorno apenas negativo e tardio, e a falta de atenção com relação
ao desempenho da equipe como os principais erros de comportamento dos líderes.
Para ele, essas falhas podem prejudicar o resultado final das atividades da
equipe.
De maneira geral, esses líderes não percebem essas falhas. Caberá a alguém de
fora apontar a ele que esse tipo de conduta pode estar sendo prejudicial. “Ele
deve avaliar o grau das consequências daquilo que ele fez”, avalia Carminhato,
do Grupo Soma. “Se ele identificou essa falha, ele deve primeiro refletir sobre
isso. E ele vai ter de discutir isso com alguém”, afirma Silva. “Acima de tudo,
o líder deve tratar as pessoas sempre com respeito”, completa.
A partir daí é mudar de comportamento. Para os especialistas, o que vale é essa
mudança. “O discurso, às vezes, é bonito, mas não tem efeito”, avalia Silva. Por
isso, na avaliação do headhunter, nesses casos, não é preciso reunir a equipe.
Exceto caso ele tenha sido desrespeitoso com todo mundo. “Se ele desrespeitou a
equipe de forma coletiva, ele vai ter de tomar outro tipo de atitude”, avalia
Carminhato.
Superando o erro
A conversa franca e a mudança de comportamento ajudam o líder a evitar
prejuízos. “Se o líder tem uma postura de se responsabilizar, o time vai vê-lo
com bons olhos”, avalia Silva. “Mas se ele transfere essa responsabilidade, a
posição dele como líder fica muito enfraquecida. E as pessoas não vão confiar
mais nele”, conclui.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Camila F. de Mendonça
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