Uma observação ácida encerrou uma reunião da qual eu participava. Quando o líder
perguntou a um participante - que não havia se manifestado até então -, se tinha
algo a comentar, ele ironicamente disparou: "Eu penso que já desperdiçamos
bastante tempo por hoje”. O clima na sala ficou tenso. Foi como se toda a
energia positiva tivesse sido sugada por um aspirador gigante.
Enquanto se dirigia à porta, ainda teve tempo para mais um tiro, dizendo que
o café tinha sido a melhor parte da reunião. Tive vontade de chamá-lo ao lado e
pedir que pensasse sobre como poderia tornar seus comentários mais construtivos,
mas comecei a listar todas as razões pelas quais não deveria fazer isso: “Não
foi assim tão sério. Você não o conhece muito bem. Não conhece os motivos que o
levaram a isso”.
Tudo mentira. Na verdade, faltou-me coragem para levantar e dizer o que
precisava ser dito, apesar deste comportamento impróprio ser tão óbvio que
aparentemente nem precisaria ser comentado.
Para mim, esta pessoa sofre da síndrome “Ninguém se importa comigo”.
Ou seja, será que ninguém o ama o suficiente para dizer que seu comportamento é
rude e cruel? Se seus pais, sua esposa, seus amigos e seu líder não se importam
com ele o suficiente para alertá-lo, como é que eu posso ajudar?
A aversão ao feedback pode ter um efeito paralisante nas pessoas e nas
organizações. Esta atitude defensiva impede o crescimento profissional, apesar
da maioria das pessoas estarem ávidas para dar e receber esse tipo de retorno.
Nenhum feedback significa que seu desempenho seja bom; receber um
aparentemente negativo é melhor do que não receber. Por exemplo: se você conta
uma piada, há três reações possíveis – positiva, negativa ou nenhuma reação. O
silêncio inoperante é geralmente o pior. Você não sabe se ofendeu seus ouvintes,
se não soube contar ou se eles simplesmente não entenderam. Um comentário
negativo é infinitamente melhor do que nenhum, porque pelo menos você sabe o que
está fazendo de forma incorreta.
“Como estou me saindo?”. É uma das perguntas mais importantes que você pode
se fazer. Conseguir uma devolutiva de todos os ângulos deve ser uma constante,
deixando que as pessoas saibam que você deseja um feedback honesto,
porque ele é essencial para seu crescimento. Mesmo quando você ouve um
comentário inapropriado, é importante comunicar sua apreciação e evitar ficar na
defensiva. Quando as pessoas se sentem confortáveis questionando suas idéias,
significa que você se mostra acessível e aberto a críticas.
Assim, como dizer uma verdade dura? "Eu tenho uma dica que pode te ajudar a
ser um líder mais eficaz. Você gostaria de ouvi-la?”, pode ser um bom começo. Dá
ao ouvinte a possibilidade de ser receptivo a novas possibilidades. Uma outra
maneira de abrir as artérias obstruídas do feedback em sua organização,
família ou círculo de amizades é deixar claro que você está aberto a ouvir sobre
seu desempenho, e que estará sempre disposto a dar um retorno sobre a
performance deles. Porém, às vezes nós ficamos relutantes em falar porque “ele
não é meu liderado” ou “ele vai pensar que eu me considero melhor que ele”.
Dizer a verdade dura não vai ser fácil no início, mas seu próprio crescimento
pessoal decola quando você pisa fora de sua zona do conforto. Nunca esqueça que
o feedback é um presente. Entretanto, são poucos os que realmente sabem
dourar a pílula. Para começar, você deve deixar claro que acredita no futuro de
seu ouvinte.
O feedback deve ser pontual e oportuno. O pior que você pode fazer é
deixar seus comentários para a análise de desempenho anual ou para a ceia de
Natal. Ninguém tira proveito desta “festa surpresa”. Ao invés disso, diga à
pessoa o que pensa imediatamente, lembrando-se sempre de elogiar em público e
criticar em particular.
Dizer às pessoas o que está errado, mas não orientá-las a pensar em um
comportamento mais assertivo raramente será produtivo. Assim, seja continente e
esteja disposto a orientar. Evite reconhecer somente as pessoas que tem
altíssima performance. Procure elogiar cada melhora de desempenho que merecem o
reconhecimento.
Certifique-se de dizer exatamente o que está melhorando e o que você pensa
que possa ser melhorado, ao invés de apenas dizer: "Bom Trabalho” ou "Você pode
melhorar”.Seja generoso em seus feedbacks. Deixe que as pessoas saibam
com freqüência o que você aprecia nelas, pois o encorajamento faz com que as
pessoas se sintam seguras para dar um novo passo de ação.
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