A separação entre a vida pessoal e a profissional dizem os especialistas que
é utópica. Justamente por isso, há pessoas que, ao obter sucesso na carreira, se
revestem daquele personagem no dia-a-dia, no convívio com a família e os amigos
e, como conseqüência, se transformam em alguém irreconhecível.
"As pessoas acabam adotando o nome da empresa como seu sobrenome, porque não
distinguem o pessoal do profissional. Elas trabalham em grandes empresas, têm um
motorista particular, viajam o mundo, mudam seu padrão de vida. A fama sobe à
cabeça", conta o coach e autor do livro "Executivo, o super-homem solitário",
Emerson Ciociorowski.
Quinze minutos de fama
Entretanto, de acordo com o coach, esses profissionais esquecem que estão
sujeitos a mudanças bruscas, como a falência da empresa ou a demissão. Para se
ter uma idéia, nos Estados Unidos, a vida útil de um CEO (sigla em inglês para
diretor executivo) varia entre um ano e meio e dois anos.
É só parar para pensar: quantos executivos de grandes empresas já caíram em meio
à crise subprime? Muitas vezes, eles são culpados pela má performance da
organização, o que dificulta a contratação por outra empresa.
"Quando a mudança acontece, essas pessoas sofrem muito. Justamente por conta da
vaidade, elas não cultivam seu networking - na realidade, devem ter perdido
muitos amigos por conta de seu comportamento - nem procuram um plano B. Assim,
um dia elas reinam e, no dia seguinte, não são ninguém", garante Ciociorowski.
Não misture as coisas
Para o consultor organizacional Milton Nonaka, é essencial aprender a
diferenciar o que é fruto do trabalho individual e do trabalho de toda uma
equipe.
"Uma coisa é ter por trás de você uma marca crível e famosa, uma empresa
estruturada e funcionários talentosos. Outra coisa é fazer tudo sozinho. É
preciso tomar cuidado, pois o sucesso pode não passar de 15 minutos de fama. E,
quando o vaidoso perde o crachá e o poder, perde tudo".
Ciociorowski finaliza lembrando que a identidade da pessoa é muito mais
importante do que sua identidade profissional. "Somos muito mais do que a
somatória de todos os papéis que cumprimos na vida. O papel que cumprimos
enquanto profissionais é só um deles. O ser humano em si é muito mais rico,
complexo e importante".