A comunicação interpessoal tem se tornado um entrave para os profissionais,
escritórios e organizações conquistarem a confiança de potenciais clientes e,
com isto, um relacionamento profissional proveitoso para ambas as partes. Na era
da comunicação eletrônica parece que estamos perdendo a capacidade de nos
expressarmos de modo eloqüente, persuasivo e convincente.
Pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles, vários séculos antes de
Cristo, aprofundaram esta ciência transformando-a numa arte cujos conceitos
continuam válidos.
Nas organizações atuais, é comum observarmos profissionais desenvolverem
comunicação interpessoal com seus clientes de maneira inadequada, utilizando uma
linguagem técnica e formal que, antes de impressionar, dificulta a empatia, tão
importante, entre os clientes e estes profissionais.
Walt Disney tinha razãoComo disse Walt Disney em uma de suas frases
memoráveis: ”Prefiro divertir as pessoas, na esperança de que elas aprendam, ao
invés de ensinar as pessoas, na esperança de que elas se divirtam”. Na verdade
sua estratégia de comunicação baseava-se em transmitir a mensagem através de
exemplos, histórias, imagens, canções e outras fórmulas próprias do mundo da
diversão. O resultado foi seu grande sucesso universal, atingindo praticamente
todas as culturas e gerações desde que iniciou seu trabalho.
Outro problema de comunicação que é comum encontrarmos na advocacia, além da
linguagem excessivamente técnica, é a prolixidade, ou seja, a conversa longa,
difusa, enfadonha e pouco objetiva.
A prolixidade na comunicaçãoExiste uma passagem na obra Hamlet, de
William Shakespeare (1564 - 1616), na qual Polônio, camareiro-mor, assegura ao
rei e à rainha haver achado o motivo de estar Hamlet louco, segue-se o dialogo:
POLÔNIO: Foi bem solucionada essa pendência. Meu rei, minha
senhora: pretender explicar o que seja a majestade ou o dever, porque o dia é
dia e a noite é noite, e o tempo é tempo, vale o mesmo que mal gastar o dia, a
noite e o tempo. É certo: a concisão é a alma do espírito, como a prolixidade os
seus suportes e flores exteriores. Vou ser breve. Vosso filho está louco; sim, é
o termo mais acertado; pois em que consiste a loucura, senão em sermos loucos?
Que seja.
A RAINHA: Mais matéria, menos arte.
POLÔNIO: Juro que não faço uso de arte alguma. Que é louco, é
certo; é certo e mete pena. Mete pena ser certo; ruim antítese. Pois deixemo-la;
quero falar simples. Louco é como lhe chamo; só nos falta descobrir qual a causa
desse efeito, ou melhor: qual a causa do defeito, que o efeito defeituoso tem
sua causa. Assim ficou; o resto é como segue. Considerai: Tenho uma filha -
tenho, enquanto é minha – a qual, fiel à obediência que me deve, notai bem, me
deu isto. Ora, concluí: "Ao ídolo de minha alma, à divina e embelezada Ofélia".
Expressão horrorosa e banal: Embelezada! Muito banal. Mas ouvi até ao fim: "Ao
seu seio cândido e delicado, estas, etc.".
Segue-se um longo diálogo até, finalmente, Polônio dizer que Hamlet confessou
estar apaixonado por sua filha, Ofélia, e ser este o motivo da loucura.
Busquei na obra de Shakespeare a exemplificação de como a linguagem pode
tornar-se longa, difusa, maçante e pouco objetiva, deixando o interlocutor
impaciente, mesmo estando interessado no assunto tratado.
Observamos profissionais incorrerem neste pecado ao praticarem a “má retórica”,
fazendo explanações de temas que poderiam ser mais bem conduzidos se utilizasse
uma linguagem simples e adequada.
Além disto, é importante levar em conta outro conjunto de fatores que tem
importância fundamental para tornar a comunicação eficaz, que é a linguagem não
verbal. Quando falamos com alguém, transmitimos informações através do conteúdo
de nossas palavras, como também através de gestos, postura, expressões faciais,
tom de voz e outros aspectos mais sutis.
A comunicação envolve muito mais do que apenas palavras. Na verdade, as
palavras representam apenas uma pequena parte de nossa forma de expressão como
pessoa. Estudos demonstram que numa apresentação diante de um grupo, 55% do
impacto é determinado por nossa linguagem corporal – postura, gestos e contato
visual -, 38% é determinado pelo tom de nossa voz, e apenas 7% desse impacto tem
a ver com o conteúdo de nossa apresentação (Mehrabian e Ferris, “Inference of
attitudes from nonverbal comunication in two channels”).
Impacto na comunicação
- Linguagem corporal....(55%)
- Tom de voz.... (38%)
- Palavras....(7%)]
Claro que estas percentagens podem variar dependendo da situação, mas sem
dúvida a linguagem corporal e o tom de nossa voz fazem imensa diferença no
impacto e no significado do que dizemos. “Não é apenas o que dizemos, mas
como dizemos que faz a diferença”.
De que forma pode um profissional desenvolver uma comunicação mais eficaz em
seu trabalho e no relacionamento com os clientes? Em primeiro lugar, não existe
a “fórmula ideal”, pois cada um deve desenvolver o estilo pessoal que melhor se
adapte a sua personalidade. No entanto, algumas dicas podem fazer uma grande
diferença numa apresentação pública, num contato ou reunião com clientes, ou
mesmo num texto que tenha como objetivo apresentar uma proposta, defender uma
idéia ou informar um assunto. São elas:
- Apresentar o tema com frases curtas que sintetize o sentido completo do
tema que irá apresentar.
- Iniciar a apresentação com um exemplo ou breve resumo, que possa
despertar o interesse. Este deve ter uma espécie de “gancho”, ou idéia
central, que possa ser desenvolvida ao longo de sua explanação.
- Fazer pausas, deixando as pessoas absorverem o sentido da comunicação.
Enfatize aspectos relevantes. Destaque os pontos principais.
- Crie empatia com seu interlocutor. Seja habilidoso ao defender idéias
polêmicas, evite a prepotência, porém, apresente as idéias de maneira firme,
segura e convincente.
- Utilize a linguagem que tem certeza que o ouvinte está familiarizado. Se
o cliente é do setor de saúde, exemplos relacionados aquela área farão mais
sentido para eles. Se o mesmo é do mundo esportivo, então, as metáforas
relacionadas ao esporte serão muito mais eficazes.
- Olhe as pessoas nos olhos, interaja com seus interlocutores através de
diálogos, olhares e expressões.
- Seja congruente em sua explanação, e, ao defender uma idéia, procure
convencer-se antes da importância e da veracidade das informações, assim,
sua expressão corporal transmitirá a mesma mensagem que suas palavras.
- Aprofunde as idéias. Transmita conhecimentos relevantes. Em qualquer
apresentação as pessoas precisam receber alguma informação, dica ou idéia
relevante de sua parte, por isto prepare-se. Evite ser genérico e
superficial.
- Seja o mais breve possível que o assunto permitir, não canse as pessoas.
- Ao final, faça um breve resumo destacando as idéias principais e
encerre.
- Sobretudo seja entusiástico, mostre vitalidade e alma na sua
apresentação.
Através da apresentação de idéias de forma eloqüente, um profissional
constrói seu carisma e sua marca pessoal, tornando-se uma referência no meio em
que atua.
Acreditamos que algumas pessoas são naturalmente habilidosas na arte de se
comunicar de maneira adequada, no entanto, esta é uma competência que pode e
deve ser aprendida por todos os profissionais, cuja comunicação interpessoal tem
um papel fundamental no desempenho de sua funções, e principalmente como
ferramenta de marketing pessoal.