Em agosto de 1929, em declaração dada a uma reportagem sobre como
ficar rico investindo em ações, um executivo financeiro de grande
empresa americana disse que, aplicando meros 15 dólares por mês em
ações um investidor conseguiria acumular 80 mil dólares em 20 anos.
Isso porque, segundo ele, os Estados Unidos experimentariam uma
enorme expansão industrial.Logo no início do mês seguinte à
publicação da reportagem, o índice Dow Jones, que mede o
comportamento das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York,
alcançava 381 pontos, batendo um recorde de alta. A euforia, porém,
durou pouco. Sete semanas depois, os americanos passavam por uma das
piores quebras da história do mercado de ações mundial.
O executivo que fez aquela previsão foi transformado numa espécie
de símbolo do investidor que ignora o risco inerente ao mercado de
ações. Por anos seu vaticínio otimista foi motivo de piada nos
círculos da Bolsa de Nova York.
Várias décadas mais tarde, já nos anos 80, uma revista americana
foi checar o que acontecera nos anos seguintes à tal declaração. E
constatou que o executivo não estava tão errado assim.
Mesmo passando pelo crash de 1929, quem tivesse aplicado
pacientemente 15 dólares mensais por 20 anos teria acumulado 9 mil
dólares, e por 30 anos, 60 mil dólares.
Embora não sendo tão alta quanto a projetada pelo citado
executivo, essa última cifra era produto de uma valorização média
anual de 13%, bem maior que o ganho médio anual propiciado no mesmo
período por uma aplicação conservadora como os títulos do tesouro
americano. A quebra de 1929, portanto, teve uma influência pequena
nos resultados de quem aplicou em bolsa e soube esperar por 20 ou 30
anos. E certamente nula quando esses resultados com ações são
comparados com os de renda fixa.