Você pode até ficar nervoso na medida em que o processo de
seleção da vaga que tanto almeja progride. Mesmo assim, consegue ser aprovado
etapa a etapa. Chega então a dinâmica de grupo e tudo parece correr bem, mas no
dia seguinte, um telefonema rápido ou mensagem eletrônica lacônica informa que
você foi desclassificado. O que aconteceu? Tudo parecia ter corrido
relativamente bem, mas você acabou descartado. Por que? Algumas vezes o motivo
pode estar relacionado muito mais com algum deslize seu do que com a capacidade
que você tem para ocupar a tal vaga. Se se encaixar nas exigências de um cargo
já é tarefa difícil, não dá para dar mole e errar justamente naquilo que parece
mais elementar: o comportamento na dinâmica. Para isso, o Universia ouviu
a opinião de empresas e pessoas ligadas à processos de recrutamento para
descobrir quais são os dez principais erros cometidos numa dinâmica de grupo.
Veja a seguir o que eles revelaram.
1. Entrar mudo e sair calado"A dinâmica é uma ferramenta que reflete o
dia-a-dia do trabalho da empresa. Para isso são analisadas as negociações, a
execução de tarefas e a organização, entre outras coisas. O essencial para o
candidato é se comunicar num processo seletivo. É necessário participar, falar,
se expressar e não ficar alheio à discussão. Quem não interage corre o risco de
deixar os concorrentes se sobressaírem. A proposta da dinâmica é entender como
os candidatos agem, trabalham em grupo, expõe idéias e se relacionam. No
entanto, deve-se manter o equilíbrio para não falar demais e bancar o líder, ou
ficar sem participar e não mostrar as qualidades e potenciais."
2. Não conhecer sobre a empresa"Se o candidato chega à
dinâmica e não sabe o que a empresa faz, transparece que não teve interesse de
buscar informações sobre a companhia. Comparecer num processo seletivo informado
sobre a organização, os produtos, o que desenvolve ou se está crescendo na área
de atuação é muito importante para o desenvolvimento do candidato na dinâmica.
Se existe conhecimento sobre a empresa há maior identificação e mais motivação
dos candidatos."
3. Vestuário inadequado
"A roupa do candidato deve ser formal e não pode chamar mais atenção do que
ele. O essencial é saber qual é o perfil da empresa para não errar. Para as
mulheres o mais importante é tomar cuidado com saias e vestidos, além da
maquiagem excessiva. Os homens devem evitar camisas coladas, calças jeans com
muitos bolsos e o boné, que é inadmissível. Cores fortes, brilhos e acessórios
vistosos também são mal vistos pelos selecionadores. Quando o candidato abusa na
roupa, a empresa pode interpretá-lo como alguém artificial, que pode esconder
alguma coisa e não tem muito a oferecer."
4. Falar mal da empresa ou chefe anterior"É complicado um
candidato que está em busca de novas oportunidades falar mal da empresa em que
trabalha ou do atual chefe. Fica perceptível a postura errônea desta pessoa e a
falta de ética. Existem outras maneiras de falar, o momento e a forma certa de
colocar um ponto de vista. De imediato passa imagem negativa. As condições
particulares não precisam necessariamente ser ditas. De repente, ele fala que
está a procura de algo novo, pois a organização vai contra o que acredita.
Quando o candidato fala no impulso, a impressão que passa é que diante do
primeiro problema com que se deparar, vai falar mal ou procurar outra coisa."
5. Fingir comportamentos"Inventar algo que não existe é uma forma
negativa de tentar passar numa dinâmica de grupo. Se os observadores forem
experientes, esta ação é percebida na hora. O candidato acredita que simular ou
se colocar de forma não natural seja positivo para conseguir passar, no entanto,
é erro grave. A dinâmica faz parte de um conjunto, e desta forma, manter postura
fictícia não é fácil e pode contradizer com as atitudes e comportamentos. Os
exercícios estimulam uma expressão espontânea e o candidato com postura irreal
não vai ficar a vontade, ter criatividade e naturalidade."
6. Supervalorização de si"Algumas características são
fatais. O candidato que se supervalorizar olhará para grupo com visão superior.
Porque ele é de escola ou faculdade melhor, fala idiomas e já viajou, pode
chegar se achando o máximo e se julgar mais valorizado. Por mais sutil que seja,
é perceptível e condenado pelas organizações. Muitas vezes não precisa nem
falar, a própria postura da pessoa condiz com esta atitude. Hoje em dia a boa
formação é considerada um diferencial, mas a competência comportamental também
precisa ser desenvolvida."
7. Currículo com informações mentirosas"Quem está procurando
vaga deve apresentar conhecimentos reais no currículo, pois qualquer informação
falsa pode ser percebida na dinâmica. Colocar inglês fluente e não falar, ter
conhecimento em informática e o mesmo não existir, o desclassificará do
processo. Na seleção, o candidato dá ênfase nos conhecimentos que mais domina,
quando a dinâmica pede alguma atividade mais complexa, que exija os
conhecimentos na prática, há chances de não se dar bem. Às vezes, a apresentação
pessoal pode ser em inglês e faltar com a verdade nesta ocasião não soará bem de
modo algum. Mentir em questões técnicas é inadmissível."
8. Falta de postura"O compromisso profissional é observado o tempo
todo. Tudo o que o candidato faz pode ser usado contra ou a favor dele. Chegar
no horário, respeitar o local em que está, responder quando é chamado, fazer
perguntas quando houver oportunidade, são fatores que precisam ser respeitados
e, também, são valorizados pelos selecionadores. Quando não acontece, o
candidato deixa uma imagem ruim. Na dinâmica de grupo 'compramos' alguém e a
pessoa se 'vende'. Observamos mais o conteúdo do que a quantidade de ações."
9. Conversas paralelas"Prestar atenção enquanto o colega se
expõe é questão de respeito. Geralmente as turmas são grandes e requer paciência
até todos se apresentarem. Evitar conversas com pessoas próximas mostra que
existe foco com quem dirige a dinâmica ou com quem interage no momento. Deste
modo, o candidato demonstra atenção, respeito, ética e profissionalismo. Quando
há conversas, o selecionador pode interpretar como atitude de candidato sem
concentração em suas ações e até como falta de educação com o próximo. Na maior
parte das vezes o selecionador não vai chamar a atenção de quem tem esse
comportamento, mesmo porque o objetivo é fazer com que as pessoas se mostrem
como elas são."
10. Não dar importância ao trabalho da equipe"Quando o candidato
trabalhou pouco há dificuldade de lidar com atividades em equipe. As
instituições que não são de primeira linha forçam os alunos a fazer mais
trabalhos em grupo, realizar atividades fora da sala de aula e procurar emprego.
Conseqüentemente são candidatos que possuem conhecimento maior e podem se dar
melhor numa dinâmica de grupo. Já os universitários das faculdades de primeira
linha, em alguns casos por terem poder aquisitivo melhor, não são estimulados
tão cedo a buscar oportunidades no mercado, executam mais atividades individuais
e ficam centrados na própria instituição. Numa dinâmica é necessário entender de
hierarquias, pessoas e como trabalhar em grupo."