Finanças pessoais - Transtorno do comprar compulsivo pode dicultar relacionamentos
De acordo com pesquisa realizada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo), pessoas com TCC (Transtorno do comprar compulsivo)
apresentam dificuldades em relacionamentos pessoais e no trabalho, pois os
colocam em segundo plano.
Definido com uma dependência comportamental, para a pesquisadora do Centro de
Dependência e Saúde mental da Universidade de Toronto, no Canadá, Daniela
Sabbatini Lobo, é importante distinguir compras normais das descontroladas.
Entretanto, segundo ela, tal distinção não é feita com base na quantidade de
dinheiro gasto ou no nível de renda. "O TCC é caracterizado a partir da extensão
da preocupação, do nível de angústia pessoal e do desenvolvimento de
conseqüências adversas", explicou.
Daniela afirmou, ainda, que muitas pessoas "compram em excesso ocasionalmente,
em situações especiais, como aniversários e férias, mas o gasto excessivo
episódico por si só não constitui evidência para confirmar um diagnóstico de TCC".
Perfil
Segundo os estudos, o TCC apresenta maior freqüência em mulheres, mas os homens
também apresentam o transtorno. "Muitas vezes, homens também têm TCC. Homens, em
geral, compram itens mais caros e maiores, como carros, computadores,
eletrônicos, enquanto mulheres geralmente compram uma grande quantidade de itens
de menor valor, como sapatos, bijuterias, roupas e jóias" explica a
pesquisadora.
A doença atinge todas as classes sociais e, segundo o estudo, ainda não existe
um tratamento padrão. A avaliação é feita pelo psiquiatra para determinar o tipo
de tratamento mais indicado, que geralmente, envolve psicoterapia e o uso de
medicamentos.
Compra compulsiva x impulsiva
Caracterizada por especialistas como uma espécie de vício, a compra compulsiva é
gerada por um desejo irresistível de comprar, uma tensão crescente que só passa
após a aquisição de alguma coisa.
De acordo com a psicanalista e consultora de gestão psico-econômica, Vera Rita
de Mello Ferreira, muitas vezes a pessoa nem sabe o que quer ou precisa, mas a
vontade é tão grande e persistente, que o item a ser adquirido é o que menos
importa.
Menos grave, mas não menos importante, a compra impulsiva acontece como o
próprio nome diz: por impulso. "A pessoa sai para caminhar num dia qualquer e,
por impulso, compra um carro", exemplifica Vera Rita.
Diferentemente da compra compulsiva, a impulsiva - que acontece sem planejamento
e por um simples desejo momentâneo - não chega a ser uma doença, mas certamente
o hábito pode causar sérios problemas à saúde do seu bolso.
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