Filhos - Psicoterapeuta aponta os efeitos da cobrança dos pais na carreira dos filhos
Todos desejamos a alguém que gostamos que tenha êxito na vida. Isso é normal a
todo ser humano. No entanto, muitos pais, na ânsia por almejar que os filhos
tenham sucesso, acabam exagerando. Criam expectativas quanto ao futuro das
crianças, principalmente no que diz respeito à carreira.
E, então, em vez de ajudar os filhos, os pais acabam por criar conflitos
internos. De que maneira isso acontece? Acostumados a guiar as crianças durante
a infância, os adultos esquecem que, depois de crescidos, eles passam a ter as
próprias vontades. "A expectativa em cima do filho é muito grande, mas quando
ele cresce, ele tem as suas próprias idéias. Então, ficam os pais frustrados de
um lado e o filho, do outro. Este processo é inconsciente", afirmou a
psicoterapeuta Clarice Barbosa.
"Se os pais se perguntassem: o que eu espero é o que meu filho pode oferecer?
Seria mais fácil. Estamos lidando com pessoas e pessoas têm vontades próprias.
Muitos pais projetam a carreira do filho, mas não perguntam: será que ele quer
isso?", explicou.
O peso do sucesso
A situação se complica quando os pais são profissionais de sucesso e exigem do
filho o mesmo êxito. "O sucesso dos pais pode ser um modelo positivo, dependendo
das expectativas que eles formam no filho. Se estimularem a auto-estima,
independência, autoconhecimento, o sucesso não afeta". Porém, se os pais
exigirem muito, o quadro se inverte.
Diante desta realidade, a criança pode desenvolver diversos comportamentos,
dependendo da personalidade, que têm reflexos na carreira. Veja alguns deles
abaixo:
A criança vai se anulando e perdendo sua identidade. Segue a carreira dos
pais e se torna um profissional de sucesso para os outros, mas, no íntimo, se
sente um fracassado.
Outra crença que a criança desenvolve é de que não é competente, de que está
fadada ao fracasso. Neste caso, falta confiança e ele não busca seus próprios
sonhos.
Com um modelo muito bom para se espelhar, a criança não gera autoconfiança.
Então, se torna aquele profissional que não sabe o que quer e que começa e não
termina várias coisas. Ele realmente não sabe o que quer e precisa de ajuda para
se encontrar.
De acordo com Clarice, muitas famílias dão a oportunidade de escolha às
crianças, quando o assunto é a profissão, enquanto outras impõem alguns
conceitos. Mas, cabe ao filho aceitar isso ou não, o que também depende de suas
características pessoais. "Uma personalidade mais passiva tem a necessidade de
ser aceita, então vai se anular para agradar ao outro. Se é uma personalidade
mais forte, se impõe e não aceita".
Destaque os erros
Um outro equívoco que os pais cometem é de não mostrar que também erram. "O pai
tem que colocar que os erros são aceitáveis, fazem parte do processo de
crescimento de cada um, aí fica mais fácil para o filho lidar com as
dificuldades".
Para terminar, Clarice propõe uma questão aos pais, que deve servir de reflexão:
até que ponto estou dando oportunidade para meu filho realizar seus sonhos, para
se destacar naquilo que lhe interessa?
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Flávia Furlan Nunes
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