A perda de um bom líder dentro de uma organização pode impactar, e muito, a
produtividade dos funcionários de uma empresa. A situação costuma ser mais
evidente, no entanto, quando os colaboradores não só admiram o trabalho de um
gestor, mas quando passam a depender de suas ordens para executar as tarefas que
lhe são devidas.
Neste caso, as reações costumam ser distintas e podem variar de acordo com o
perfil de cada contratado. De acordo com o consultor da Muttare, empresa de
consultoria em gestão, Marcos Moreno, a incerteza até costuma ser uma
característica padrão, mas as consequências dela não.
“Enquanto um admirador ficará triste e preocupado em saber se terá a mesma
autonomia para executar as tarefas, o profissional que mantinha um laço de
dependência se sentirá abandonado e terá mais problemas para lidar com a perda
do gestor”, diz Moreno.
Dependência de risco
A opinião é também compartilhada pela headhunter da De Bernt Entschev Human
Capital, Juliana Pereira. Para ela, um admirador até poderá se sentir
desmotivado com tal saída, mas a situação será bem diferente da vivenciada por
um profissional acostumado à relação de dependência.
“O dependente entrará em desespero e ficará com medo de perder o emprego. Na
cabeça dele, o gestor é quem o mantinha no trabalho e, agora sem ele, o mesmo
terá suas fraquezas expostas aos demais e seu emprego estará em risco”, diz
Juliana.
Mas não é preciso pânico nestas ocasiões, afinal, evitar esse tipo de
conflito ainda é possível se os profissionais envolvidos em tais situações
conseguirem avaliar o cenário com calma e atenção. “As atividades continuarão
sendo executadas na organização e o colaborador em questão deverá pensar em como
melhorar sua autonomia e elevar seu desempenho”, orienta Juliana.
Para ela, o ideal é que o mesmo pense nas razões que o levaram a tal
dependência procurando uma forma de solucionar tal problema.
Para virar o jogo
Como as atitudes dos profissionais costumam ser constantemente avaliadas,
uma boa maneira de não entrar nessa 'saia justa' consiste em mostrar mais
disposição e responsabilidade aos superiores.
“O profissional precisa ter vontade de acabar com essa relação de dependência
e uma boa maneira de conseguir isso é demonstrando um maior interesse em novas
responsabilidades e desafios”, orienta Moreno. “Ao agir dessa maneira, o
colaborador poderá se transformar em um profissional mais inteiro e menos
interdependente”, completa.
Para superar o abandono
Apesar de serem considerados mais independentes em suas atividades, os
admiradores também precisam observar seu comportamento para não perderem o ânimo
e, com isso, reduzirem sua produtividade.
“Manter uma relação amigável com o líder é bom, mas é importante entender que
ele é o gestor da empresa, que sua função consiste em mensurar o trabalho da
equipe e que o mesmo é também um contratado e não a própria companhia”, diz
Juliana.
Para ela, muitos problemas seriam evitados se os colaboradores entendessem
que, por mais admirável que um líder possa ser, ele é também um funcionário de
uma organização e não a empresa em si.
“O colaborador deve se inspirar em outros profissionais e não apenas em seu
líder, assim pode evitar que essa admiração lhe cause uma perda de motivação,
caso o gestor venha a se desligar da empresa no futuro”, diz Juliana. “A saída
de um bom líder não deve impactar a performance de um profissional
negativamente”, completa a headhunter.