Carreira / Emprego - Egocêntricos são bem vistos no mercado de trabalho, mas correm riscos!
"Diz-se daquele que refere tudo ao próprio eu, tomado como centro de todo o
interesse". É desta forma que o dicionário Aurélio define o egocentrismo,
comportamento fácil de ser identificado no ambiente de trabalho e que pode fazer
com que o clima organizacional se degrade.
Sabe aquela pessoa que quer atingir apenas as próprias metas, está sempre
voltada para si mesma, sempre quer estar à frente de todo mundo e vive dizendo
"eu isso, eu aquilo"? Pois é, este é o comportamento típico do egocêntrico no
campo profissional. Certamente você já conheceu alguém assim, pois, por mais
incrível que pareça, ele é comum.
Eles estão em todas as posições
De acordo com David Carlessi, consultor do IDORT-SP e especialista em clima
organizacional, os profissionais egocêntricos podem estar em todos os níveis
hierárquicos, mas eles influenciam mais em níveis mais altos. "Quando está na
liderança, ele gera medo, não dá espaço para os outros crescerem, as idéias mais
importantes são as dele e os erros são sempre dos outros", explicou. O
resultado: a organização serve a ele e não ele à organização.
Por outro lado, na função de um membro da equipe, ele pode criar conflito com a
liderança, porque quer se sobressair. "É importante querer ganhar destaque. O
marketing pessoal é bem-visto, mas quando a pessoa acaba caindo no egocentrismo,
se atrapalha", explica Carlessi.
O lado ruim
Por se considerar "acima do bem e do mal", o egocêntrico acaba sendo agressivo.
O ambiente de trabalho, por sua vez, não se torna tão saudável, em função dos
conflitos que pode gerar, do mal-estar.
Este tipo de pessoa acaba causando repúdio nos colegas. "Isso é uma coisa
interessante, porque as pessoas se afastam do egocêntrico. E de certa foma,
quando têm a oportunidade, elas se vingam. Ninguém avisa que ele pode quebrar a
cara", explicou Carlessi.
Apesar de o comportamento não ser o mais ético, levanta uma questão importante:
qual seria a melhor forma de comunicar ao egocêntrico que ele está atrapalhando,
sem piorar a situação? Durante o processo de feedback. É neste momento que devem
ser colocados os lados positivo e negativo das atitudes do funcionário. Quando é
com um líder, se torna interessante o apoio de um coaching.
As empresas o querem, num primeiro momento
De acordo com Carlessi, normalmente, este comportamento egocêntrico só é
identificado no médio prazo. A princípio, as organizações contratam esses
profissionais e o querem: ele é impulsionador, faz tudo, consegue ter resultados
e é sempre notado. "É a ironia do egocentrismo", diz Carlessi.
Passado o tempo, ele começa a incomodar. Isso porque, hoje, o que as empresas
precisam é de equilíbrio entre 'eu e nosso', afinal, ninguém trabalha sozinho e
todos precisamos de uma equipe. Dependemos dos outros.
O comportamento
Segundo Carlessi, do ponto de vista psicológico, o egocentrismo é uma ferramenta
de defesa, de uma pessoa que tem um nível ruim de auto-estima e confiança. "É
bom ter um nível controlado de auto-estima, que fortaleça a pessoa, mas que não
exalte o ego", ponderou.
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