Dizem que ela é a geração do individualismo, admirada por seu ímpeto, mas
criticada por sua falta de compromisso. "Os profissionais da geração Y estão
muito mais compromissados com seu próprio crescimento do que com o da empresa",
afirma a psicóloga clínica do Grupo Nelson Paschoalotto, Mariana Mondelli.
"Se o jovem passa um ano em uma empresa, mas sente que não está atingindo seus
objetivos ou que seus esforços não estão sendo reconhecidos, não pensa duas
vezes e muda para a concorrência".
"Antigamente, a relação empresa/funcionário era marcada pela submissão deste
último. Mas, com a geração Y, são eles que ditam as regras. Eles dão sugestões,
têm idéias inusitadas, inovam. Logo, têm muito a agregar. O lado negativo é que
nada os satisfazem e sua busca pela ascensão não tem limites", acrescenta ela.
Críticas têm fundamento?
Para o diretor da Versátil Comunicação, Silvio Tanabe, são comuns as críticas
aos jovens com idade entre 20 e 30 anos, mas as pessoas estão deixando de levar
em conta que é uma geração muito nova, que age com o ímpeto da juventude e a
maturidade e inexperiência próprias da idade.
"O que vejo é que, ao mesmo tempo em que as pessoas valorizam esses jovens,
colocam sobre eles uma responsabilidade enorme, como se tivessem muita
experiência. Acredito que as empresas já tenham assimilado a cultura impaciente
da geração Y e, por isso, estejam promovendo esses profissionais cada vez mais
cedo", analisa.
Silvio acrescenta: "na verdade, quando aparentam ser descompromissados com a
empresa, não estão apresentando mais do que uma característica própria da idade,
inerente a qualquer geração. Demora um tempo para crescermos como pessoa".
O rei da empresa
A diretora da consultoria de imagem RMML, Renata Mello, concorda. "Há jovens com
28, 29 anos em cargos de diretoria. Eu diria que esses são os gênios, mas nem
todos conseguem segurar o rojão", diz ela, ao lembrar que as empresas depositam
muita fé nesses profissionais, deixando clientes e projetos inteiros nas mãos
deles. Mas é preciso ter calma.
"Se não tiver ninguém do lado orientado e impondo, o jovem líder da geração Y
pode se sentir dono da empresa. Ele vira rei. Porém, quando surge um problema
que não consegue resolver, surta e muda de emprego", garante Renata.
Cuidado com generalizações
Para Silvio, um dos principais erros que estão sendo cometidos pelas empresas é
a generalização desses jovens talentos. Nem todo mundo que nasceu na década de
80 pensa e age da mesma forma.
"Os jovens são diferentes e pensam diferente. Não dá para estereotipá-los. Esse
tipo de generalização é muito comum nas empresas, mas estas precisam, na
realidade, conhecer os valores e expectativas de cada um".