A educação financeira é fundamental para o desenvolvimento de cidadãos
conscientes e precisa ser ensinada também na escola, ainda no ensino básico. A
opinião é do educador financeiro e sócio-fundador da Mais Ativos, Álvaro
Modernell.
O educador ressalta que, em muitos países, programas de educação financeira
nas instituições de ensino básico têm surtido efeitos positivos. “Existem
programas deste tipo em escolas em mais de 60 países. É algo bastante
consolidado e que tem, inclusive, muita troca de informações entre os países”,
diz Modernell.
Segundo ele, nações que não incluem a educação financeira na grade curricular
dos alunos podem acabar tendo problemas posteriores. “Os países que não
iniciaram a educação financeira pelas crianças, tiveram que dar um passo atrás
no seu desenvolvimento”, afirma.
Modelos próprios
A maneira como a educação financeira é ensinada é uma questão bastante
particular, que depende da instituição, da região onde ela se localiza e de uma
série de fatores, de acordo com o educador.
“Conseguimos observar que as escolas que têm mais sucesso em seus programas
de educação financeira são as que criam seus próprios modelos, que não pegam
ideias enlatadas e apenas reproduzem”, diz Modernell.
Ele lembra que as regiões do País têm muitas diferenças e este assunto deve
ser tratado de forma distinta. “Uma escola de São Paulo é diferente de uma do
interior do Nordeste, por exemplo”, ressalta. “As escolas têm de procurar, na
medida do possível, envolver os professores, para pouco a pouco desenvolverem
projetos pedagógicos que tenham a cara da própria escola”, completa.
Livros
De acordo com Modernell, a maneira mais simples e barata de implementar a
educação financeira nas instituições de ensino é com a introdução de livros
sobre o assunto, que ensinam as crianças a terem uma boa relação com as finanças
desde cedo.
“Existem autores absolutamente consagrados que já se aventuraram neste tipo
de literatura. E existem uma série de livros disponibilizados pelo MEC
(Ministério da Educação) e que já são usados desde o ano passado”, afirma.
Segundo ele, com os livros específicos para as crianças, a educação
financeira é introduzida de maneira natural, ao longo da alfabetização. “Sem
precisar de muitos investimentos, alunos e professores já passam a ter contato
com o assunto”, diz.
Além da leitura, estimular a participação em jogos e desafios também é
interessante. “O lúdico é super importante. Para crianças a partir de 8 ou 9
anos, jogos de tabuleiro que remetem às finanças ajudam a entender um pouco mais
sobre educação financeira”, diz.
Já as escolas que dispõem de mais recursos, podem incrementar os projetos,
contratando profissionais. “Mas a falta de dinheiro não é uma desculpa para não
ter educação financeira nas escolas”, conclui Modernell.