Para a advogada Elizete Scatigna, sócia do escritório Carvalho e Advogados
Associados, esta é uma boa época para consumidores inadimplentes renegociarem
suas dívidas. "Nesse período, os credores ficam mais flexíveis, porque sabem que
o cliente tem dinheiro. Assim, diversas empresas oferecem condições bastante
atraentes para que as pessoas regularizem sua situação".
Elizete explica que, com dinheiro na mão, o consumidor tem maior poder de
barganha. "Se ele tem o suficiente para quitar toda a dívida, ele pode tentar
descontos de 40%, 50% em cima dos juros cobrados. Um bom truque para
sensibilizar o credor é se oferecer para pagar a dívida, antes mesmo se ser
cobrado. Se o credor percebe que o cliente está mesmo disposto a pagar, ele
concorda com acordos que facilitem esse pagamento".
Mesmo para quem não tem dinheiro suficiente para liquidar toda a dívida, o
conselho da advogada é procurar o credor. "Se o consumidor consegue renegociar a
dívida e pagar a primeira parcela, o nome dele já sai dos bancos de dados que
limitam o acesso ao crédito. Assim, o nome dele é reabilitado e ele volta a ter
capacidade de comprar. Sem falar nos benefícios psicológicos de conseguir
começar um novo ano devendo menos", garante.
Mais de uma dívida
Para que tem mais de uma dívida e não poderá quitar todas, Elizete explica
que a melhor solução é avaliar, com calma, quais deverão ser pagas primeiro. "O
consumidor precisa analisar em quais dívidas os juros de mora são maiores e
optar por pagar essas. Se ele tem condições de pagar integralmente algumas
dívidas, deve quitar as que possuem juros mais elevados e parcelar as com
menores taxas".
De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor)
divulgada na última quarta-feira (19), o número de consumidores paulistanos
endividados (com cheque especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal ou
prestações em geral) atingiu 48% em dezembro. Em relação ao mês anterior, quando
o índice chegou a 54%, foi registrado um recuo de seis pontos percentuais.
Já na comparação com o mesmo mês de 2006, houve queda de 13 pontos percentuais
no índice de endividamento.
Apesar da queda, o número de devedores no País ainda é grande. "O número de
inadimplentes tem caído, mas ainda está em patamares bastante elevados", afirmou
recentemente à Infomoney o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de
Almeida.