Um dos maiores desafios atuais que as organizações enfrentam é encontrar
pessoas capazes de exercer, com excelência, o papel do líder. Isso tem feito com
que grande parte das organizações viva atenta às lideranças natas e quando essas
não estão ao seu alcance, as companhias precisam trabalhar os gestores para que
eles possam ter uma atuação que leve as equipes à tão desejada alta performance.
Basicamente, existem dois tipos de líderes: os espontâneos e os escolhidos.
Os primeiros emergem naturalmente graças ao talento e ao conhecimento. O segundo
caso, trata-se de pessoas colocadas estrategicamente em uma posição para lidar e
influenciar uma determinada equipe. Seja de uma forma ou de outra, uma coisa é
esperada pelas empresas: os líderes devem estar atentos às constantes mudanças
que o mercado e a sociedade demandam, pois não é uma tarefa fácil administrar o
novo, já que a transformação causa uma certa resistência por parte das pessoas.
Segundo o consultor organizacional e psicólogo André Percia, na era da
globalização, o líder deve sempre seguir o desenvolvimento, as informações e os
recursos relativos à sua missão, à sua proposta, às suas metas e aos seus
objetivos, pois sua verdade não será mais a única. "A liderança deve estar
preparada para se atualizar e lidar de forma mais eficaz, obtendo
conseqüentemente o melhor resultado com seu grupo", diz, ao acrescentar que um
bom líder é aquele capaz de acessar o grupo, interagir, compreender, estimular,
ajudando as pessoas a atingir metas e objetivos.
Numa análise mais psicológica e profissional, o bom líder consegue equilibrar
a consciência das metas e dos objetivos com a compreensão sobre o talento, as
habilidades e os pontos fortes de seu grupo e dos indivíduos que o compõem. O
consultor explica que existem muitas pessoas com talento para liderar, mas todo
talento precisa ser refinado e aperfeiçoado para que a excelência seja atingida.
Muitos profissionais possuem talento, porém não refinam seus pontos fortes e
suas habilidades. E isso, conseqüentemente, leva à falta de bons resultados no
ambiente organizacional.
Quando questionado se a liderança é uma competência que pode ser trabalhada
através de técnicas, André Percia comenta que alguns profissionais nascem com o
talento para liderar, o que torna essa tarefa mais fácil de ser cumprida. Por
outro lado, outras pessoas não têm tanto talento para essa tarefa, mas embora
nunca cheguem a serem consideradas lideranças impactantes, podem aprender
habilidades e adquirir conhecimentos que permitirão liderar relativamente bem e
isso, é sempre válido. De qualquer forma, são recomendáveis o aprimoramento e a
aprendizagem para enriquecer a capacidade de liderança.
André Percia defende ser fundamental que a liderança compreenda quais são
seus talentos e saiba como aproveitá-los, como gerenciar aquilo que não
constitui seus pontos fortes e quais as habilidades devem ser aprendidas para
que se torne um líder excelente e eficaz. Os líderes devem ainda estar atentos
aos padrões de pensamento, aos sentimentos, aos comportamentos dos membros de
seu grupo e ao universo subjetivo dos mesmos. Isso porque nem sempre os
colaboradores se dão conta de como estruturaram mentalmente o significado da
vida, do projeto a ser desenvolvido, as formas como externam tudo isso e os
efeitos decorrentes.
"Líderes e liderados devem colocar o ego de lado, aprendendo a aproveitar o
potencial uns dos outros, respeitando as diferenças, os estilos, desenvolvendo
confiança e diálogo num trabalho de parceria. Há que se ter afinidade e
interesse verdadeiros para que o sucesso dessa interação ocorra. Os líderes têm
de compreender as forças e as fraquezas do seu grupo, o que cada um tem de
maravilhoso, os diferenciais, como cada um acessa seus talentos ou
potencialidades e as vivencia, saber o que isso representa no contexto da
organização local e internacional", comenta o consultor.
É aconselhável lembrar que o líder é observado e copiado, consciente ou
inconscientemente, mesmo quando alguns agem de forma oposta, o que demonstra a
existência de um padrão de referência. Por isso, a liderança nunca deve esperar
adesão de um membro da equipe que lidera, para mudar um estilo de vida ou de
comportamento. Não existem valores únicos que devem ser cultivados por uma
liderança, contudo o líder poderá exercer sua "autoridade" de seis maneiras:
planejar e depois divulgar um projeto; ter a idéia e tentar convencer os
liderados; apresentar propostas e tópicos de importância para o questionamento;
apresentar um planejamento experimental sujeito a modificações; mostrar
determinado problema, aceitando, em seguida, sugestões para o planejamento do
projeto; e por fim, apresentar os limites de uma situação, solicitando à equipe
que faça o próprio planejamento.
O consultor organizacional afirma que para o líder exercer seu trabalho com
êxito, é necessário que ele tenha em mente os projetos da organização, a
identidade de cada membro de sua equipe, as crenças e os valores dos mesmos,
suas capacidades, conhecendo seu comportamento e compreendendo o ambiente em que
fluirá para obter seus resultados. Em geral, ressalta André Percia, o líder deve
ser franco e honesto, salvo em casos extremos onde as emergências possam fazer
com que a transparência seja possível causadora de confusões ou
desentendimentos. "Os líderes devem ter em mente que não são super-heróis.
Portanto, estão sujeitos às falhas e a lidar com inconformidades. Isso deve ser
visto como algo natural. Admitir isso abertamente e discutir o crescimento
diante da solução pode ser algo muito poderoso e não uma fraqueza", defende
Percia.
Estilos de lideranças - O estilo da liderança que irá atuar numa
empresa depende do próprio mercado. Hoje, alguns são mais requisitados como, por
exemplo: * líderes visionários: despertam em seu grupo aquilo que chamamos de
"visão". Fazem com que as pessoas desenvolvam um conjunto de razões e emoções
coerentes entre si que justifiquem o engajamento pleno num projeto. Esse estilo
desperta, desenvolve e sustenta os "porquês" de ações e projetos focando o
significado mais amplo, profundo e global do que se está fazendo. Desenvolve a
chamada visão propulsora do futuro - fator que externa importância e diferencial
para o sucesso continuado, estudado por muitos pesquisadores;
* líderes atentos para a individualidade: compreender peculiaridades
da individualidade pode contribuir para que o líder comunique-se melhor com as
pessoas, entendendo sua visão e estratégias únicas para agir. Pode dissolver
corporativismos e reações do grupo quando se mobiliza alguém em sua
individualidade;
* líderes inspiradores: são aqueles que inspiram as pessoas, fazendo
importantes reflexões, trabalhando o significado das situações. Dependendo do
momento, um pensamento, uma frase impactante, um exemplo verídico causam mais
reflexão e influenciam pessoas do que tratados e estudos puramente racionais;
* líderes estimuladores: "puxam" pelos membros de seu grupo ou equipe,
incentivando e convidando que os mesmos aprimorem mais e mais um movimento, uma
ação, a expressão de suas habilidades e talentos;
* líderes intelectuais: fornece evidências, estudos, pesquisas, dados
irrefutáveis sobre aquilo que quer transmitir;
* líderes por objetivos: compreende que o cérebro trabalha melhor com
metas definidas, planejamento, análise de resultados e que o processo é decidido
e executado em parceria com toda a equipe para que haja uma soma de energias -
ou sinergia - colaborando com o resultado;
* líderes por recompensa: estimula recompensa pelas vitórias e
sucessos de uma pessoa ou equipe. É importante tomar cuidado para que a
recompensa não seja vista como o mais importante, pois faz parte da vida ganhar
e perder. A recompensa deve ser vista como uma celebração e um reconhecimento.