Carreira / Emprego - Dá para tratar todo mundo igual no trabalho, ou é hipocrisia?
Quem nunca ouviu, no decorrer de sua vida, o ensinamento de que deveria
tratar todas as pessoas de maneira igual, sem distinção de raça, cor, sexo,
idade, nacionalidade e etc. No ambiente de trabalho, não é diferente. Diversos
especialistas dizem como é importante aos profissionais dispensar o mesmo
tratamento aos demais. Mas será que isso é humanamente possível?
De acordo com a consultora de RH (recursos humanos) do Grupo Catho, Gláucia
Santos, isso é algo que pode funcionar na teoria, mas na prática é impossível.
"O ideal é tratar todo mundo com respeito e educação, independentemente do cargo
ou da função. Isso é ideal até mesmo para a pessoa ser respeitada. Mas tratar
todo mundo da mesma forma é complicado, porque você corre o risco até mesmo de
desagradar mais pessoas do que de agradar", explicou Gláucia.
Isso acontece porque algumas pessoas são mais maleáveis, outras são duras nas
discussões; algumas agem de maneira informal, outras são totalmente formais;
determinadas pessoas não se incomodam com gírias, mas existem aquelas que não
suportam. "Cada pessoa tem uma forma de receber um tratamento". Resultado: se
você adota apenas um comportamento, acaba por desagradar o restante.
Fingido? Sem personalidade?
Diante disso, fica a questão: se o profissional age de maneira diferente com
dois colegas e um deles percebe, será que aquele que agiu distintamente não pode
ficar malvisto na empresa, como alguém sem personalidade ou fingido...puxa-saco,
talvez? A resposta de Gláucia é não. Isso porque o profissional pode mudar a
maneira de lidar com as pessoas, mas tem de manter os seus próprios valores.
Um exemplo clássico é o tratamento que você dá para seu chefe e seus colegas de
trabalho: quando passa uma informação para a liderança não é da mesma forma de
quando passa para o colega. "São relações diferentes e você não pode exigir um
tratamento igual". Porém, a essência da informação deve ser a mesma.
O desafio liderança
Quando se trata do relacionamento de um chefe para com seus subordinados, o
assunto é bem mais complicado, porque o gestor fica sujeito a receber críticas
pela sua postura. Nesse caso, é preciso ter muita ética.
Até porque as pessoas não devem ser lideradas da mesma maneira. Algumas precisam
de mais atenção, devido ao fato de terem mais dificuldade ou menos poder de
concentração, por exemplo. Outras são mais proativas e não precisam ser
estimuladas a todo o momento. Difícil isso, não?
"Mesmo que seja necessário adaptar seu estilo de liderança a cada indivíduo,
garanta que as regras que se aplicam a uma pessoa também sejam as mesmas para
todos os outros que estão em cargos semelhantes", orientou a consultoria Robert
Half em seu guia "Como maximizar a produtividade de seus funcionários".
As afinidades
Outro ponto que impede o tratamento igualitário a todas as pessoas é a
afinidade. Apesar de muitos quererem negar, é fato que todos temos nossas
preferências pessoais. São aqueles colegas que você nem precisa dizer a frase
que já entende o que você está querendo. Quando precisa de uma ajuda, ele faz,
não por querer algo em troca, mas porque gosta de ajudá-lo.
Se você tem essa pessoa em sua equipe, como fica a situação com as outras? "A
afinidade acontece em qualquer nível hierárquico. Isso não é problema, desde que
o líder, por exemplo, exija o mesmo de todos do grupo".
Já quando isso acontecer entre profissionais do mesmo nível hierárquico, é
preciso dosar as relações no trabalho, para não formar as famosas panelinhas.
De maneira geral, mostrar as preferências é uma atitude que pode prejudicar suas
relações no trabalho, uma vez que as outras pessoas podem se sentir preteridas.
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