O seu perfil como investidor (forma como você escolhe a relação entre risco e
retorno mais adequada para sua situação financeira e suas necessidades) depende
de vários fatores. Uma delas é em que ponto do ciclo financeiro de sua vida você
se encontra.
Dependendo da fase de sua vida, você passa a ter mais motivos para adotar uma
postura mais conservadora ou mais agressiva em relação à sua carteira de
investimentos. Certamente a idade não é o único fator, mas tem uma importância
significativa, principalmente para as pessoas que fazem um planejamento
financeiro de longo prazo.
Juventude: hora de arriscar e acumular
Se existe uma fase da vida das pessoas onde, na hora de investir, é possível
assumir mais riscos, esta é a juventude. O principal motivo para isso, ao
contrário do que muita gente pode imaginar, não é a forma como as pessoas agem
até os 40 anos, muitas vezes não tendo a serenidade e experiência que fazem
parte de fases posteriores de nossas vidas.
A maior exposição ao risco, nessa fase, é possível por um motivo muito mais
simples: existe mais tempo para recuperar possíveis perdas. É o mesmo raciocínio
por trás da recomendação de compra de ações somente para investidores com uma
perspectiva de médio e longo prazos. Se você adquire uma ação hoje e precisa do
dinheiro daqui a um mês, existe uma probabilidade relativamente elevada de você
ter que vender com perdas.
Já se você precisa desse dinheiro daqui a dez anos, a probabilidade de acumular
uma perda é muito menor se você investir corretamente. Ou seja, você tem muito
mais tempo para recuperar eventuais perdas e o risco do investimento passa a ser
menor, pois você não será obrigado a vender, eventualmente, quando o mercado
pode estar em queda.
Portanto, pessoas mais jovens têm mais tempo e mais margem de manobra para
recuperar eventuais perdas, que são mais comuns em investimentos de maior risco.
Isso não significa, porém, que uma análise de outras variáveis e diversificação
na hora de investir não sejam fundamentais. Ou seja, tome riscos na medida
certa!.
Meia idade: reduza o risco
Além de envelhecer, é de se esperar que as pessoas consigam também aumentar seu
patrimônio ao longo do tempo. Portanto, com a chegada da meia idade, o
investidor tem que adotar uma postura menos agressiva com seus investimentos,
indo mais de encontro com um perfil moderado.
Além da mudança na relação entre risco e retorno, outro fator deve ser levado em
consideração: liquidez. Se, por um lado, um investidor de meia idade pode
reduzir sua rentabilidade ao adotar um perfil mais moderado, por outro, o fato
de já ter acumulado um patrimônio pode facilitar suas decisões de investimento.
Isso ocorre porque um patrimônio mais elevado permite que uma parcela maior seja
investida em ativos de menor liquidez. Quando começamos a poupar na juventude,
temos poucos recursos e grande parte deve ser investida em ativos de mais
líquidos, que possam ser transformados rapidamente em dinheiro no caso de
emergências.
Com um volume maior de recursos, podemos destinar uma parcela mais significativa
para investimentos onde a liquidez é menor e, na maioria das vezes, a
rentabilidade é maior. Por exemplo, um CDB de 180 dias, em geral, tem
rentabilidade maior do que um de 30 dias, exatamente por conta da menor
liquidez.
Aposentadoria: proteção e usufruto
Ao chegar à aposentadoria ou à terceira idade, o investidor deve assumir uma
postura mais conservadora. Se já tem recursos que garantam um futuro tranqüilo,
o principal objetivo passa a ser a preservação de capital: garantir que esses
recursos mantenham seu poder de compra, sem perda em relação à inflação.
A construção de um patrimônio é fundamental para colocar essa estratégia em
prática. Nessa etapa da vida suas receitas serão derivadas dos recursos que você
conseguiu guardar anteriormente. Portanto, proteger o que você conquistou ao
longo da vida é o mais importante nessa fase.
Alternativas de investimento mais conservadoras, além do menor risco, trazem
também maior previsibilidade: você pode prever de forma mais fácil qual será o
seu fluxo de receitas nos próximos anos, ajustando seu padrão de despesas com
maior facilidade.
Afinal, você não vai querer ficar correndo atrás do seu orçamento nessa etapa da
vida, quando pode ter muito a perder, mas também - se adotar uma estratégia
financeira correta desde a juventude - muito a aproveitar.