Encarar a pressão no trabalho e o volume de tarefas a desempenhar não é
fácil, mas poderia ser ainda pior. Um problema a mais tem afetado o
comportamento dos profissionais nas empresas: o assédio moral.
Identificando o problema
Você sabe identificar o assédio moral?
De acordo com a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco,
Suzineide Rodrigues de Medeiros, em entrevista à Agência Brasil, a violência
moral é a exposição do trabalhador a situações constrangedoras com o
objetivo de desestabilizar a relação no ambiente de trabalho, diminuindo a
auto-estima, e que ameace a dignidade da pessoa.
Suzineide é coordenadora da pesquisa "Assédio Moral no Trabalho: Impactos
sobre a Saúde dos Bancários e sua Relação com Gênero e Raça", divulgada na
última segunda-feira (10).
Segundo os conceitos deste estudo, há uma diferença clara entre a má
educação e o assédio moral, que usa de valores culturais, sexuais ou que
deixem a pessoa fragilizada para humilhá-la, para atingir sua dignidade.
Dados da pesquisa
Para se ter uma idéia das proporções deste problema, segundo o estudo, mais
de 40% dos bancários do País sofrem agressões morais no trabalho e 30,52% se
dizem estressados. Foram ouvidos 2.609 profissionais de 28 diferentes bancos
públicos (48,14%) e privados (51,86%).
Segundo a pesquisa, as agressões duram, em média, quase o ano todo (11,13
meses). Em mais da metade dos casos (51,49%) ocorrem várias vezes por
semana. A ocorrência é de uma vez por semana em 27,86% das agressões e de
uma vez por mês em 20,65%.
Postura do "chefe"
De acordo com o levantamento, a maior queixa dos funcionários é em relação
ao chefe, que os "enche de trabalho". Ao todo, 19,66% dos entrevistados
consideraram esta uma "situação constrangedora". Outras situações descritas
são a de que o "chefe prejudica sua saúde" (12,73%), "dá instruções confusas
e imprecisas" (10,35%) e "pede trabalhos urgentes sem nenhuma necessidade"
(9,51%).
Entre as 20 situações colocadas como agressivas, estão também "chefe falar
mal do funcionário em público" (5,48%), "proibir seus colegas de falarem ou
almoçarem com ele" (2,53%), "forçá-lo a pedir demissão" (3,41%) e "insinuar
e fazer correr boato de que o profissional está com problema mental ou
familiar" (3,41%), situação mais freqüente entre as mulheres.
O superior hierárquico, embora considerado o maior agressor (63%), não é o
único problema no ambiente de trabalho: os colegas são apontados por 28,38%
dos entrevistados e os subordinados, por 5,46%.
Emoção abalada
Para quem acha que os efeitos não são tão prejudiciais, atenção: na pesquisa
entre os bancários, 4,37% deles já pensaram ou pensam em suicídio, 17,15%
apresentam distúrbios de apetite, tremores nas mãos (21,20%), choro superior
ao de costume (19,10%) e sensação de incapacidade (4,37%).
A principal conseqüência relatada é nervosismo, tensão ou preocupação
(60,72%). Em menor escala, outros sintomas mais graves são manifestados. O
trabalhador dorme mal (42,14%), cansa-se com facilidade (38,76%), tem se
sentido triste ultimamente (37,86%), tem dores de cabeça constantes (37,37
%), dificuldade para realizar com satisfação suas atividades (36,55 %),
sente-se cansado o tempo todo (36,36 %), tem sensações esagradáveis no
estômago (33,40 %) e má digestão (31,87 %).
Enquanto 53% das mulheres se dizem estressadas, 46% dos homens têm a mesma
queixa. Com informações da Agência Brasil.