Carreira / Emprego - Concurso público: apesar do salário e da estabilidade, vale a pena?
O procurador federal e professor do ISSO Concursos, Leonardo La Bradbury,
afirma que não são poucas as vantagens de exercer um cargo público. A começar
pelos bons salários, dependendo do nível exigido no concurso, pela estabilidade
e pela aposentadoria diferenciada. Mesmo assim, deve-se lembrar que, nem sempre,
se trata da melhor solução.
A aposentadoria diferenciada é um dos principais atrativos do funcionalismo.
Enquanto profissionais da iniciativa privada não podem receber mais do que o
teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) após se aposentarem, mesmo
que antes tivessem um salário de R$ 10 mil, funcionários públicos recebem a
média dos seus salários. Isso significa que eles não têm uma preocupação que é
recorrente entre os demais: o sustento de um plano de previdência privada.
"O funcionário público ganha ainda com a função comissionada - quando adquire
algum cargo de chefia. Dependendo do caso, seus ganhos podem dobrar", lembra La
Bradbury. "Por isso, vale a pena toda dedicação, esforço e disciplina do
candidato para passar em um concurso público".
Você faz o que gosta?
Para o sócio da consultoria de processos seletivos Steer Recursos Humanos, Ivan
Witt, a remuneração dos cargos públicos é de fato bastante atrativa nos dias de
hoje. O motivo é que os pisos salariais são definidos por lei e respeitados. No
entanto, ele adverte: "Se é isso que o indivíduo busca, a solução é válida, mas,
caso ele tenha sempre sonhado em ser um cirurgião-dentista, não deveria entrar
para a carreira pública, apesar das dificuldades de sua área. Poderá se tornar
um profissional frustrado".
Além disso, o mundo das empresas públicas não é exatamente perfeito. Há cargos
que exigem sacrifícios ímpares, como o de promotor. Há outros em que o
profissional precisa trabalhar nos finais de semana e feriados. "A questão deve
ser muito bem pensada", alerta Witt.
O professor do ISSO Concursos diz que "ninguém está estimulando um mercenário",
que busca a carreira pública pura e simplesmente por conta do dinheiro. "Tem que
fazer o que gosta, caso contrário, será infeliz", garante. "Por isso, antes de
prestar algum concurso, recomendo que converse com alguém que já exerça o
cargo".
"Mas muita gente entra atraída pelo salário e acaba se apaixonando pela
profissão. Quem entra no ramo do Direito, por exemplo, acaba se identificando
porque percebe que a atividade desempenhada é importante. É uma questão de
cidadania", afirma La Bradbury, que já viu isso acontecer algumas vezes.
O sonho de servir à sociedade
Witt sublinha que há quem sonhe com o funcionalismo. Não por conta do dinheiro,
mas pelo desejo de servir à sociedade. "Conheço pessoas que, desde a época da
faculdade, sempre quiseram servir à causa pública".
Porém, ele lembra que, não raro, as pessoas associam a carreira pública com a
corrupção e o mau uso do dinheiro público. "A imagem do funcionalismo é
negativa".
Questionado se o motivo não é o mau atendimento dispensado por funcionários
públicos, Witt diz que a situação não difere da protagonizada pela iniciativa
privada. Segundo ele, há profissionais insatisfeitos, com a remuneração ou a
atividade desempenhada, por exemplo. Mas não é um privilégio do funcionalismo.
Também tem muita gente insatisfeita nas empresas privadas.
"Mas a maioria das pessoas que conheço que estão em órgãos públicos são gente
muito competente e compromissada com o dever de atender ao público. Muitos
profissionais abraçam a carreira pública porque têm um propósito: servir ao
País".
Dicas
Caso esteja decidido a seguir a carreira pública, a dica do professor do ISSO
Concursos é analisar o conteúdo da prova no edital. Ele acredita que, para quem
está iniciando, é importante fazer cursinho, para pegar as dicas de cada matéria
e de como estudar. "É difícil, porque as matérias são inúmeras. Com a ajuda do
professor do cursinho, o aluno foca em algumas delas, que provavelmente irão
cair".
La Bradbury lembra que, geralmente, somente três instituições examinadoras
elaboram as provas, o que facilita a escolha do que se deve estudar. "Cada uma
das instituições tem um estilo, um perfil de prova", garante. É importante ainda
fazer simulados de provas, para se acostumar. Por fim, ele recomenda não
desistir, participar de concursos até passar. "A cada reprovação, o candidato
adquire mais experiência".
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