Muitas pessoas optam pelo sistema de consórcios porque acreditam que somente
através dele conseguirão estabelecer o hábito de poupar regularmente.
Esta percepção faz com que, para muitos, o consórcio seja visto como uma
alternativa de investimento e não como uma forma de compra financiada de um bem,
o que não é correto.
Consórcio não é investimento
Se você está pensando em entrar em um grupo de consórcio porque acredita que se
trata de uma boa forma para acumular uma reserva financeira, é preciso ficar
atento para não perder dinheiro.
Afinal, o consórcio não é estruturado para ser um investimento, mas sim como uma
compra financiada, de forma que o valor acumulado com as prestações em geral é
inferior ao que poderia ser acumulado caso o dinheiro tivesse sido aplicado no
mercado financeiro.
Portanto, se sua intenção é simplesmente poupar, o consórcio não é a opção
adequada. Afinal, somente uma parcela das prestações é destinada ao fundo comum,
cujos recursos são usados para a compra do bem, o restante é usado para
remunerar as administradoras do consórcio, ou montar um fundo de reserva.
Para onde vai o dinheiro?
Quando o participante não retira a sua carta de crédito, e mesmo assim continua
pagando as prestações, o dinheiro a que teria direito com a carta de crédito
permanece no fundo de reservas do grupo de consórcio.
Esta situação pode se prolongar até o fechamento contábil do grupo, que acontece
somente depois de acertadas as contas de todos os participantes do grupo, o que
só ocorre dois ou três meses após o último sorteio.
Quando esta data chegar, a administradora do consórcio procura o participante,
que não retirou sua carta de crédito e lhe entrega um cheque no valor que lhe é
de direito, devidamente corrigido conforme a rentabilidade do fundo de reservas.
Ainda de acordo com a ABAC (Associação Brasileira das Administradoras de
Consórcio), outros fatores, além do intuito de poupar, também explicam o elevado
número de pendências (não retirada dos recursos) no sistema de consórcios. Entre
estes motivos, está a opção do contemplado em aguardar o filho completar 18 anos
para retirar sua carta de crédito e comprar o veículo, ou a decisão de esperar
pelo lançamento de um novo modelo no mercado.
Investir e comprar à vista pode ser melhor
Dependendo da duração do consórcio e das taxas cobradas (administração, adesão,
fundo de reserva) é mais interessante investir o dinheiro da prestação do
consórcio todos os meses, para depois comprar o bem à vista com desconto.
Por exemplo, vamos assumir um consórcio de automóvel cujo preço do veículo é de
R$ 30 mil e a duração do consórcio é de 24 meses, com uma taxa de administração
de 12% e um fundo de reserva de 5%. Neste caso, você teria que pagar 24
prestações de R$ 1.507,14, com um custo total de R$ 36.171,43.
Neste caso, o consumidor teria feito um melhor negócio se tivesse aplicado as
prestações em um fundo de investimento, de retorno mensal líquido na faixa de
1%, pois poderia ter comprado o carro em 19 meses, o que, dependendo de quando o
participante for contemplado, pode ser antes do que receberia o bem no
consórcio.
Além disso, este valor não assume nenhum desconto na compra à vista, o que é
possível, sobretudo, em se tratando de bens de valor mais elevado como é o caso
de um automóvel. Assim, antes de optar pelo consórcio, vale a pena comparar a
taxa mensal que está sendo cobrada com aquela paga em algumas aplicações
financeiras. Talvez o melhor seja aplicar o dinheiro!