Um fundo DI acompanha a rentabilidade do CDI, certo? Entretanto, ao analisar
a carteira de um destes fundos, o que se encontra, muitas vezes, são títulos
públicos federais. Os títulos, por sua vez, costumam ter como indexador a Selic
diária, que é diferente da Selic meta. Confuso? Nem tanto, se entendermos o
significado destes termos.
A taxa básica de juros da economia brasileira, definida nas reuniões do
Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), é conhecida como Selic
meta. Nos encontros mensais, os membros do Copom discutem uma série de fatores
que afetam a economia, a fim de estabelecer qual será a taxa básica daquele
período.
"Eles examinam expectativas de inflação, taxas de juros dos países
desenvolvidos, preços do petróleo, entre outras variáveis, e definem uma taxa de
juros, com o objetivo de cumprir a meta de inflação para o ano", ensina o
professor de mercados financeiros do Ibmec, Ricardo Humberto Rocha.
Na reunião de fevereiro, o Copom optou por manter a Selic em 16,5% ao ano,
com o objetivo de evitar que a inflação de 2004 ultrapasse a meta de 5,5%. "A
taxa estabelecida pelo Comitê, porém, é uma meta, um alvo. No dia-a-dia, a Selic
costuma ser um pouco maior ou menor do que a definida na reunião", explica César
Castanhar, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas.
A Selic diária, portanto, é um pouco diferente dos juros estabelecidos pelo
Copom. Divulgada pelo próprio Banco Central (BC), ela é uma taxa média das
operações com títulos públicos no dia. Estas negociações são registradas no
Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que dá origem ao nome da
taxa.
Um dos fatores que pode influenciar a taxa diária é a liquidez do mercado.
Quanto mais dinheiro há em circulação, maior a procura por títulos públicos
federais e, portanto, menor a taxa oferecida pelo BC. Em 18 de fevereiro, por
exemplo, a Selic meta era 16,5%, já a Selic do dia era 16,33% ao ano.
"Se a taxa diária começar a escapar muito da meta estabelecida pelo Copom, o
BC vai atuar no mercado e tentar trazê-la de volta", afirma Ricardo Humberto
Rocha.
Selic e CDI: taxas próximas
Os movimentos da Selic interferem nas mais diversas aplicações. Alguns dos
investimentos mais populares, como os fundos DI, têm como referência ( benchmark
) o CDI (Certificados de Depósito Interfinanceiro), que, por sua vez, tende a
acompanhar a taxa básica de juros.
"O CDI é o instrumento com que as tesourarias dos bancos negociam recursos de
curto prazo", define César Castanhar. "Mas funciona também como indexador. A
média das taxas negociadas entre os bancos é calculada diariamente e usada como
referência para aplicações financeiras", completa o professor.
As taxas Selic e do CDI tendem a ser muito próximas. Por isso, um fundo DI ou
de renda fixa, que tem como objetivo acompanhar o CDI, costuma ter títulos
públicos federais indexados à taxa básica de juros em suas carteiras.
"O CDI é como se fosse uma taxa espelho da Selic, mas, enquanto um é
estabelecido pelas negociações entre os bancos, a outra é definida pelas
operações com títulos do governo", conclui o professor Ricardo Humberto Rocha