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Saiba como cobrar quem você elegeu
 

Amanhã se completam nove meses do dia em que os eleitores votaram para deputado federal e estadual. Como de costume, o tempo já é suficiente para que a maioria dos eleitores tenha esquecido até o nome dos candidatos em que votaram. Longe do período das eleições, a cobrança aos políticos eleitos fica perto do zero. Algumas entidades alertam: a cobrança precisa ser constante.

Isso está bem longe de acontecer. Na última semana, mesmo com uma série de problemas acontecendo na Câmara dos Vereadores, com indícios de envolvimento de alguns deles no escândalo dos transportes, pouquíssimos eleitores apareceram para cobrar posições dos eleitos.

E mesmo quem cobra, dificilmente recebe resposta satisfatória. "Eles dão um perdido na gente. Por mais que a gente fale para o eleitor participar do processo, fica difícil, já que eles sabem enrolar. O cidadão é maltratado quando procura o serviço público", diz Rosângela Torrezan Giembinsky, da ONG Voto Consciente.

Criada em 1987, a ONG iniciou seus trabalhos acompanhando a presença dos vereadores paulistanos nas sessões da Câmara. Descobriu que grande número deles não aparecia e divulgou o fato. Nos últimos anos, a presença dos vereadores melhorou, mas a postura ética ainda está bem longe de ser satisfatória.

A Voto Consciente tem representantes em várias Câmaras Municipais do Estado e tenta ser um instrumento para cobrança dos políticos. Nos últimos meses, desenvolveu uma cartilha para que o eleitor aprenda a cobrar melhor o político eleito para quem deu o voto.

Um dos itens fala da presença do eleitor em algumas sessões da Câmara. Mas ela mesma diz que imaginar essa situação é difícil. "Alguém que trabalha pode não ter tanto tempo para ir à Câmara. Mas é preciso que as pessoas gastem uma parte do tempo para cuidar de seus interesses pessoais e outra parte para cuidar dos coletivos", diz ela.

Para Rosângela, melhor do que ir pessoalmente à Câmara é fazer parte de associações de bairro. Aí, um membro dessa organização pode ir com mais autoridade falar com os eleitos.

Criada há menos de seis meses, outra ONG tenta aproximar eleito de eleitor. A Politicus desenvolveu um site na internet que facilita a forma de o cidadão cobrar posições de seus representantes.

Em cada uma das votações mais importantes na Câmara dos Deputados, o site (www.politicus.org.br) cria uma mensagem padrão para o eleitor enviar ao deputado. Exemplo: na reforma da Previdência, há opções a favor, contra ou sugestão de algumas mudanças. "O eleitor só precisa escolher qual a sua opinião e eleger para quais deputados pretende mandar a mensagem. O resto é feito pelo nosso programa", explica Hamilton Tenório, um dos líderes da ONG.

Na página, existe um ranking dos deputados que tem o péssimo hábito de não responder aos eleitores. "Em alguns casos, o e-mail volta porque a caixa postal está cheia. Ou seja, nem existe alguém para ler a mensagem".

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal criaram um telefone para que o eleitor possa saber tudo sobre a atuação de cada eleito. Inclusive o número de presenças no plenário, participação em subcomissões e projetos apresentados. Mas Carlos Alberto Santos, responsável pelo serviço na Câmara, diz que a participação dos eleitores está abaixo do esperado. "Esse tipo de cobrança ainda é muito tímido. Na maioria das vezes, o eleitor liga para saber se algum projeto foi ou não aprovado", diz ele.

De todas as casas do Legislativo, a que pior atende o eleitor é a Assembléia Legislativa de São Paulo, que não tem serviço para o eleitor. A Câmara dos Vereadores divulga dois números, mas o serviço não é dos melhores. Na semana passada, o JT testou o serviço. A atendente disse que o número era do "serviço para a terceira idade". Depois, afirmou que atendia queixas de qualquer cidadão.