Comprar um carro é o sonho da maioria dos brasileiros, que, para realizá-lo,
acaba recorrendo ao financiamento, muitas vezes, de longo prazo. Porém, o
consumidor não tem de arcar apenas com as parcelas. Além disso, surgem os gastos
com seguro, IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e também
com as manutenções do veículo.
Todas essas despesas, somadas às prestações do financiamento, podem
comprometer o bolso e, quando isso acontece, as chances de não conseguir pagar
as parcelas do financiamento se tornam grandes.
De acordo com o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), para
evitar entrar na lista dos inadimplentes, o consumidor deve buscar a
renegociação da dívida e mudar seus hábitos de consumo. “Quando houver dívida a
ser paga, a primeira questão é renegociá-la com a financiadora. Se isso não
resolver, passa-se à devolução do veículo”, explica o advogado do Idec,
Guilherme Varella.
Nova dívida
Embora seja um caminho para sair da inadimplência, o Idec alerta que a
renegociação dos débitos, assim como assumir outro financiamento para pagar a
dívida, estão sujeitos à cobrança de juros mais altos, pois o crédito fica mais
caro.
Segundo o Instituto, o refinanciamento pode ser uma boa saída tanto para o
consumidor que toma o crédito, quanto para o banco que empresta. No entanto, é
necessário observar três aspectos: o prazo para pagamento deve ser alongado, a
parcela deve ser reduzida e o custo da dívida também deve ser menor, se
possível, apresentando novas garantias ou um fiador.
Caso não seja possível realizar a renegociação dessa forma, a operação pode
virar uma bola de neve e só vai adiar o problema da falta de capacidade de
pagamento. Vale lembrar que o banco tem interesse em correr com o financiamento
para que as prestações atrasadas não contaminem a qualidade da sua carteira de
crédito.
Na hora de realizar a renegociação, o Idec aconselha que o consumidor avalie
sua real capacidade de pagamento. Para isso, basta fazer uma planilha detalhada
com os gastos mensais e, depois, mostrar para o credor quanto é possível pagar.
Caso o gerente da instituição financeira não aceite a proposta, o Instituto
aconselha que o consumidor procure ajuda no Procon ou na Defensoria Pública.
O Idec ainda lembra que a aquisição de veículo financiado envolve a compra de
um produto e de um serviço, por isso, caso ocorra algum problema com o veículo,
o financiamento continua vigente. Por isso, é importante ter o carro segurado.
Devolução
Caso o consumidor não consiga renegociar a dívida, o Idec aconselha que ele
pense nas seguintes alternativas: devolver o carro para a financeira, processo
em que ele tenta resgatar pelo menos uma parte do que pagou, ou fazer a
transferência de dívida para outro consumidor. “A devolução do carro garante a
restituição das parcelas pagas, porém, há o abatimento do desgaste do bem, dos
custos administrativos, além de demais custos estipulados contratualmente –
desde que não sejam abusivos”, explica Varella.
O consumidor também deve ter cuidado quando compra o carro por meio de
alienação fiduciária, que consiste na instituição financeira pagar parte do
valor e o carro só ser propriedade efetivamente do comprador quando ele terminar
de pagar as parcelas. Caso o consumidor deixe de pagar e não consiga renegociar
a dívida, o banco se apropria do carro e tenta vendê-lo por meio de leilão.
“Na devolução direta do carro, com acerto entre consumidor e financiadora, só
haverá valor residual a ser pago pelo consumidor caso o veículo vá a leilão para
quitar a dívida e o valor obtido com o lance for inferior à dívida a ser paga”,
afirma o advogado.