Quantas vezes não nos sentimos frustrados ao longo de nossa carreira? São
colegas de trabalho que são muito competitivos e agem de forma injusta, chefes
que se equivocam, promoções que nunca acontecem, o trabalho que não agrada, a
meta que nunca é atingida, e por aí vai.
"A frustração acontece quando algo que queremos não é atingido. Quanto mais
expectativas temos, maior o tombo. Mas é importante dizer que algumas
expectativas são irrealistas", explica o coach e autor do livro "Executivo, o
super-homem solitário", Emerson Ciociorowski.
Segundo ele, para reduzir o tombo causado pelas frustrações, é preciso se
alinhar à realidade, ao contexto. "Se você quer ser promovido, mas isso não
acontece, questione: quais são os atributos que são exigidos para o cargo? Será
que tenho todas as habilidades e talentos necessários? Tenho trabalhado minhas
competências?".
Falta de reconhecimento
A frustração ocasionada pela falta de reconhecimento "é mais comum do que se
imagina", nas palavras do coach. Isso acontece muito porque o funcionário não
sabe o que a empresa espera de fato dele.
"Na maioria das empresas, independentemente do porte, não há a determinação de
métrica de resultados. Como o indivíduo não sabe claramente o que se espera
dele, se esforça demais e faz uma série de coisas que, de repente, não têm valor
para a empresa. Isso gera um sentimento de frustração e impotência". Nesses
casos, é recomendado conversar com seu chefe e questionar quais são as
expectativas da empresa com relação ao seu trabalho.
A mesma dica vale para as metas que não são atingidas. "Isso ocorre, muitas
vezes, porque a meta é irreal. Não raro, profissionais não sabem negociar as
metas, não conseguem dizer não e aceitam quaisquer condições. Essa vontade de
querer sempre satisfazer o outro pode ter origem em bloqueios emocionais que vêm
da infância", sublinha Ciociorowski. Logo, na próxima vez que quiser discutir
metas e resultados, não deixe de expor suas opiniões e negociar.
Os colegas de trabalho são injustos
As pessoas também se frustram muito com as injustiças do mundo corporativo. Ora,
se pudéssemos descrever esse mundo usando uma gíria, seria "mundo cão", por
conta do alto nível de competitividade, que, dependendo da área de atuação,
apenas aumenta.
Para este tipo de problema, a psicóloga e psicoterapeuta Clarice Barbosa
recomenda: Seja realista! No imaginário de muitos profissionais, existe uma
empresa perfeita, com colegas bondosos e justos 100% do tempo. Mas estamos
falando de seres humanos, que cultivam sentimentos dos mais variados.
"Muitos dizem para si mesmos que gostariam que as pessoas fossem diferentes.
Alguns até tentam mudar o próximo. Porém, ninguém vai mudar". Para ela, o
pensamento correto seria: "está bem, não posso mudar o mundo, mas posso sim me
transformar. Esse poder de mudança é meu".
Fica a dica: deixe de lado a posição de vítima e tome uma vacina: não crie
expectativas com relação às pessoas. No contexto de uma empresa,
invariavelmente, em algum momento, se sentirá frustrado.
Não gosto do que faço
Outra frustração comum: o profissional não gosta do que faz. Às vezes, ele nem
mesmo está na área certa. Isso acontece muito. Na hora de escolher a faculdade,
no lugar de reconhecer os seus talentos e dar razão a eles, a opção é feita com
base nos anseios da família, do pai que deseja que o filho siga sua carreira, no
amigo que se formou em determinada área e se deu bem, ou pior: na profissão da
moda.
Todavia, Ciociorowski alerta: "O pior erro é ficar refém de uma má escolha". Ou
seja, se você fez uma opção equivocada, seja porque faltava-lhe autoconhecimento
seja porque, na época, queria satisfazer a vontade da família, saiba que nunca é
tarde para voltar atrás ou começar do zero. Procure outra faculdade ou faça uma
pós-graduação que permita a mudança de área.
"O que é importante, em termos profissionais, é procurar uma empresa que dê
vazão aos seus talentos, valores e sonhos. Se o mais importante para você é o
crescimento e a carreira, procure uma empresa onde haja espaço e oportunidade
para crescer".
Ele finaliza lembrando que, para diminuir o risco de frustração, é vital alinhar
os valores pessoais com os profissionais. "Pense no que é importante para você
com relação ao trabalho. Os valores são a base de nossas escolhas. Se não
paramos para pensar nos nossos verdadeiros valores, aqueles que estão escondidos
no nosso inconsciente, e naquilo que nos satisfaz, as chances de frustração
aumentam".