Aposentadoria - Aposentou? E agora, o que fazer para equilibrar a saúde financeira, física e mental?
Depois de anos dedicados à profissão e uma rotina conturbada, milhares de
brasileiros ganham o direito de descansar com a aposentadoria. Porém, essa
mudança de hábito e a vida tranqüila podem acarretar o sentimento de
inutilidade, depressão e dívidas.
Segundo o coordenador do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio
Branco, Douglas Pinheiro, como a renda do aposentado não muda, ou seja, não há
novas promoções de cargos, nem outros benefícios, o brasileiro precisa elaborar
um orçamento doméstico detalhado, mostrando sua receita e suas despesas, se
houver um déficit de despesas, a pessoa precisa rever seus hábitos de consumo e
cortar os produtos supérfluos.
Perfil
Aposentada há cinco anos, a ex-funcionária do cartório eleitoral, Sueli
Rezende, teve um pouco de dificuldade para se adaptar a essa nova fase da vida.
"No começo encarei como férias e adorei poder acordar na hora que eu quisesse e
ficar assistindo televisão sem ter preocupações e sem precisar pegar ônibus
lotado todos os dias. Acabei mantendo o meu padrão de vida, meus gastos, sem ter
que trabalhar. Com passar dos dias, fiquei enjoada e triste, mesmo fazendo
serviços domésticos sentia falta do trabalho, da rotina e a decepção maior foi
no final do mês, quando vi que o meu salário era menor, porque não tinha mais o
valor do vale refeição nem do vale transporte, então, além de deprimida, estava
endividada", diz Sueli.
Como se adaptar a nova renda?
Com uma renda menor, muitos brasileiros precisam reelaborar seu orçamento e
reduzir algumas despesas para poder se equilibrar financeiramente.
"Tive que cortar alguns gastos e voltei a pechinchar tanto nos supermercados
quanto nas lojas de roupas e, principalmente, nas farmácias. Assim consegui me
equilibrar, voltei a fazer faculdade, a praticar esportes e esse ano até pude
aplicar um pouco da minha aposentadoria", diz Sueli.
"Aposentados podem economizar em ações do dia-a-dia, como pesquisar o preço dos
remédios em várias farmácias e drogarias antes de comprar e solicitar os
descontos especiais para aposentados, pois a diferença de preços é muito alta de
um estabelecimento para o outro", ressalta Douglas Pinheiro.
Mudanças de hábitos
De acordo com a professora do departamento de fisioterapia da UFSCAR
(Universidade Federal de São Carlos), especializada em gerontologia, Natalia
Aquaroni Ricci, com a aposentadoria há uma troca de papel social, o trabalho
diário que gerou fonte de renda passa a ser substituído por outros papéis,
sobretudo, aqueles relacionados ao lazer.
"Para romper essa idéia de inutilidade e depressão, o idoso pode pensar em
tarefas que ele gostava de fazer antes, mas não tinha tempo, como por exemplo,
as atividades físicas, que além de proporcionar momentos de lazer trazem
inúmeros benefícios para a saúde", afirma a professora.
Natalia também ressalta que o idoso deve procurar atividades que ele gosta de
fazer, caso contrário, se fizer por obrigação, as chances de perder o interesse
e interromper serão maiores.
Se o idoso gostava de ir na academia antes, ele agora pode aumentar o tempo de
permanência no local; se ele gostava de andar, haverá mais tempo para a prática
de caminhada.
"Durante muito tempo os homens tinham o papel exclusivo de trabalhar com a meta
de garantir o sustento da casa, então, para eles, é mais difícil se adaptar à
vida de aposentado e a conseqüência disso é um aumento do número de casos de
depressão. Uma válvula de escape é a prática do trabalho voluntário, que
possibilita a continuidade das atividades intelectuais e o fim do ócio",
finaliza a especialista em gerontologia.
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