Apesar das claras vantagens em optar por uma carreira pública, em especial no
que diz respeito à estabilidade profissional e, consequentemente, financeira, os
indivíduos da geração Y nem sempre conseguem se adaptar ao perfil desse modelo
de trabalho e o resultado, muitas vezes, acaba sendo uma grande frustração.
Atraídos por salários altos e por um emprego não tão marcado pelos altos e
baixos da carreira no setor privado, homens, mulheres, jovens e velhos dedicam
horas de estudo para passar em um dos diversos concursos públicos oferecidos no
País.
A grande questão é, será que a geração Y (indivíduos nascidos depois de
1980), formada por profissionais que gostam de diferentes experiências, de
desafios, de empreender e de crescer rapidamente, seria feliz em uma carreira
pública? A diretora da Gutenberg consultoria, Denize Kallas, explica que a
carreira pública é, sim, uma boa opção, no entanto, apenas para aqueles que,
apesar de pertencer à geração Y, não compartilham das mesmas características que
definem esse grupo de pessoas.
“É importante lembrar que muitos jovens da geração Y não têm as principais
características dessa geração. O que é preciso, antes de tudo, é avaliar as
características da pessoa”, explica Denize.
Quais são seus valores?
Ter nascido a partir de 1980 não é razão suficiente para afirmar que todos
esses indivíduos serão iguais. A influência da família e das experiências de
vida serão essenciais na definição de seus valores particulares. Nesse sentido,
a coaching da Blumen Consultoria, Yamara Pereira Pinto, aconselha que antes de
decidir seguir por uma carreira pública, privada, ou mesmo iniciar o próprio
negócio, é essencial avaliar seus valores.
O primeiro passo é observar quais são os desejos e motivações que fará o
profissional feliz. É comum que as pessoas que tiveram uma infância complicada e
viram os pais passarem dificuldades financeiras busquem empregos mais estáveis
e, portanto, apesar de pertencerem à geração Y, ter estabilidade financeira está
acima de tudo.
Por outro lado, também acontece de profissionais traumatizados por terem
perdido o emprego resolverem mudar tudo e seguir para a carreira pública. Nesse
caso, o indivíduo precisa avaliar se as habilidades que ele precisará
desenvolver na carreira pública terá valor para ele. As coachings de carreiras
concordam neste ponto: a análise critica será o ponto chave.
“O jovem precisa atentar para a importância de fazer essa crítica, entender
que não basta só ver a carreira que está na moda, o que o mercado esta pedindo,
mas ver se aquilo esta compatível com o que você quer para sua vida”, afirma
Yamara.
Geração Y versus carreira pública
No geral, a geração Y é definida por ser uma geração dinâmica e que quer
respostas rápidas, inclusive quando o assunto é ascensão profissional. Ela não
tem paciência para esperar e quer interagir com tudo e todos, através dos mais
diversos e modernos recursos tecnológicos.
Quando entra em uma empresa, busca um plano de carreira e, através de seu
desempenho, do seu trabalho, almeja cargos melhores e salários mais altos.
Yamara também complementa que essa geração não tem muita facilidade em aceitar
regras ou respeitar hierarquia: “é uma geração que quer discutir, argumentar,
questionar”.
Nas carreiras públicas, por outro lado, a realidade é um pouco diferente. O
modelo é mais “emperrado” e é preciso estar consciente que nem sempre subir de
posição vai depender exclusivamente dos méritos alcançados pelo profissional. A
chamada meritocracia não é tão forte e presente nos órgãos públicos quanto é no
setor privado. A questão política será muito presente, ou seja, dependendo dos
contatos e das amizades que são feitas, o profissional terá mais chances ou não.
No meio dos prós e contras das carreiras públicas e privadas, seguir algumas
dicas podem ajudar o profissional a tomar a decisão mais assertiva. O diretor da
Central de Concursos, José Luís, aconselha os interessados a conversar com os
profissionais que já estão atuando em alguma carreira pública. Dessa forma, é
possível entender com funciona o sistema, se existe e é respeitado algum tipo de
plano de carreira e se algum aspecto do trabalho não condiz com suas
expectativas profissionais.
“Necessidade e felicidade tem de andar juntas”, finaliza Luís.