Os processos seletivos atuais, com as já conhecidas fórmulas de entrevista,
dinâmica em grupo e perguntas para lá de esperadas, geram candidatos
"pasteurizados". O termo foi usado pela consultora do IDORT/SP, Elisabete Alves,
durante entrevista cedida à InfoMoney.
Ela disse que, às vezes, as pessoas têm algumas dificuldades, e não sabem ao
certo como se portar durante uma entrevista de emprego, as roupas que devem
usar, ou qual é a entonação de voz mais adequada, por exemplo. Nesses casos, os
cursos que ensinam como se dar bem em uma entrevista de emprego são válidos, e
podem ajudar bastante.
"Mas o candidato não pode ser pasteurizado e responder exatamente o que o
contratante quer ouvir", alerta. "Nas perguntas típicas, como quais são suas
três principais qualidades e três principais defeitos, por exemplo, conte de
forma sincera quais são seus pontos fortes e as oportunidades de melhoria".
Respostas prontas
Apesar do componente emocional ter um peso forte em qualquer processo de
seleção, seja espontâneo em suas respostas. Em outras palavras, conte como
deseja melhorar determinadas atitudes suas e não minta. A pena para quem tem as
respostas prontas e não é autêntico é pesada.
"Quando a pessoa não é espontânea, a situação pode piorar. Ela poderá,
futuramente, ser demitida". A lógica é simples: será vendido algo que não é
verdadeiro, mas pelo qual o profissional será cobrado. A regra da espontaneidade
vale também para as perguntas de cunho técnico. "Se não souber a resposta, diga
que não sabe, ou que nunca passou por nenhuma experiência nesse campo".
Mudança na fórmula
O surgimento dos candidatos pasteurizados se deve, até certo ponto, à aplicação,
por parte do selecionador, das mesmas fórmulas prontas durante os processos
seletivos. Quando as pessoas vão a uma dinâmica em grupo ou entrevista de
emprego sentem que estão tendo um "Déjà vu". "Os selecionadores precisam ser
mais criativos ao utilizar o leque de ferramentas que existe, mas respeitando
certo limite".