Excesso de peso, relacionamento extraconjugal e carteira de motorista
apreendida são algumas notícias e fatos que recentemente abalaram, através da
geração de notícias e especulações, a imagem de atletas e profissionais do
esporte no Brasil. Mas gerenciar imagem diante de situações desconfortáveis fora
do trabalho nem de longe é exclusividade de jogadores.
O alerta é do CEO da empresa JCBM Management, Bruno Mendonça, que assessora a
imagem de atletas, como o goleiro do Corinthians, Julio Cesar, por exemplo.
“Costumamos indicar algumas ações e cuidados para atletas profissionais,
sobretudo em função da exposição à qual esses profissionais estão submetidos,
mas o alerta vale para o mundo corporativo também, ainda mais em um contexto
onde cada vez mais empresas pesquisam hábitos e preferências pessoais sobre
diretores, CEOs (Chiefs Executive Officers) e gerentes, que acabarão
representando a imagem da empresa”, analisa.
Segundo Mendonça, isso se explica porque muitas das polêmicas registradas
“fora de campo” refletem parte das posturas dentro dele. “Peguem as polêmicas
envolvendo o Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, que estão ligadas ao perfil dele:
criativo, arrojado, impetuoso, agressivo, características que estão presentes
tanto nos fatos como no seu desempenho”, compara Mendonça.
Cuidados
Apesar de alertar para a necessidade de cuidar e ter uma estratégia com a
imagem fora do ambiente onde o profissional exerce seu trabalho, Mendonça
recomenda: não é o caso de montar uma imagem perfeita. “Não é possível criar uma
máscara, plantando só informações positivas, passando um ideal do profissional.
O que se pode fazer é polir um pouco mais uma informação para chocar menos,
amenizar o impacto de outra”, aponta o especialista.
Ao lembrar de casos polêmicos e problemas extracampo, Mendonça cita uma
referência positiva abordada no futebol recentemente, que pode servir de exemplo
para profissionais no mercado corporativo. “O Neymar assumiu recentemente que
vai ser pai. Assim que a especulação começou, ele veio até a imprensa e assumiu
determinada situação, blindando a mãe de seu filho e amenizando possíveis
informações desencontradas sobre o assunto, não dando brecha para especulação. A
lição é: não se pode esperar muito para assumir o erro, é necessário ter uma
ação rápida junto aos públicos que você lida”, orienta o consultor.
Na avaliação do consultor, a preocupação com fatos fora da vida profissional
pelos recrutadores, stakeholders e demais pessoas é uma realidade cada vez mais
presente. “É muito difícil que não sejam levados em consideração aspectos do
comportamento fora do trabalho, convicções, fatos, posições e alinhamentos”,
revela.
Segundo Mendonça, a tradicional convicção de que “o que faço fora do trabalho
não tem a ver com a minha realidade profissional” tende a ser minimizada cada
vez mais. “Vejo que, a exemplo dos jogadores, os CEOs têm uma cobrança externa,
um papel a ser desenvolvido. Se um jogador tem duas ou três atuações ruins,
começa a cobrança para que ele justifique seu salário, se um CEO erra em duas ou
três medidas, anúncios ou ações na empresa, também será cobrado”, compara
Mendonça.