A confiança é uma das bases que mantém as relações humanas. E o mesmo ocorre
no mercado de trabalho. “Nesse caso, ela é o combustível fundamental”, afirma a
diretora executiva da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Izabel de Almeida. “Para
tudo o que nós fazemos, é vital termos confiança”, diz.
Confiança no mundo corporativo significa, em linhas gerais, não se preocupar
quando o trabalho está nas mãos de determinado profissional, quando uma decisão
é tomada por determinado gestor ou mesmo quando uma equipe é designada a mudar a
trajetória dos resultados. “No mundo corporativo, confiança é uma avaliação que
se faz do seu trabalho”, acredita a consultora em Recursos Humanos do Grupo Soma
Desenvolvimento Corporativo, Jane Souza.
A questão é simples: se o profissional confia no gestor que tem, dificilmente
ele questionará suas decisões ou ficará inseguro na hora de colocá-las em
prática. E um líder que confia no profissional não o relegará ao esquecimento e
dará a ele a chance de abraçar os desafios que surgirem.
Se a confiança é a base para as relações também no mercado de trabalho, a
falta dela pode ser nociva para a carreira e também para a empresa. “As
consequências são danosas, pois a falta de confiança interfere no clima
organizacional e nos resultados. É o custo invisível da empresa”, afirma Izabel.
Os sinais da desconfiança para o profissional
Para que os prejuízos invisíveis não se tornem visíveis, o ideal é
identificar o quanto antes a falta de confiança. Os sinais que identificam que o
líder não confia no profissional são mais claros que aqueles que identificam que
o o gestor não é confiável. “O gestor, quando não confia no seu subordinado, não
dá feedbacks”, afirma Izabel.
Jane explica que o profissional que fica relegado a tarefas mais operacionais
e não é convidado a participar de projetos mais desafiantes com o restante da
equipe pode ficar atento, pois, nesse caso, o gestor pode não confiar tanto no
trabalho dele. “É como se o profissional não tivesse capacidade de executar
tarefas mais difíceis”, explica Jane.
Retirar tarefas do profissional, sem trocar por outras mais difíceis, é um
sinal ainda mais claro da falta de confiança. “Se o gestor começa a tirar
tarefas consideradas estratégicas e complexas e repassar para outros
profissionais, pode ser um outro sinal”, afirma Izabel.
A especialista ainda diz que até o tom da voz do gestor pode mostrar ao
profissional que a base da relação entre eles está trincada. “Chamar a atenção
na frente das pessoas de modo áspero pode até ser caracterizado como assédio
moral. E ele advém principalmente da falta de confiança”, explica.
Se a falta de confiança for confirmada, Jane recomenda que o profissional se
adiante em conversar com o gestor. “Na verdade, essa conversa teria de ser
providenciada pela liderança. Mas, se isso não acontecer, o profissional deve
conversar e saber os motivos que levam seu líder a não confiar nele”, afirma a
consultora.
Os sinais da desconfiança para o gestor
Quando um profissional não confia no seu líder, a probabilidade de a equipe
inteira ter o mesmo sentimento é grande. Ainda assim, segundo as especialistas
consultadas, averiguar essa situação é mais difícil e requer que o gestor
conheça bem sua equipe para perceber as mudanças.
E como identificar? “Quando o profissional não mostra entusiasmo pelas
tarefas que lhe são passadas já é algum indício”, aponta Jane. Izabel aponta
que, assim como ocorre com os profissionais, os gestores também podem ser
isolados pela equipe, quando não existe confiança.
“O profissional pode começar a se ausentar, a buscar alianças com outros
líderes e colaboradores e até mesmo sanar dúvidas com outros gestores”, afirmou
Izabel.
Nesse caso, as consultoras aconselham aos gestores, quando notarem essa falta
de confiança de seus subordinados, que conversem com eles e verifiquem o que
pode mudar. “Somente com a conversa é possível sanar esse tipo de problema”,
reforça Izabel.