Quando se torna mãe, a mulher muda sua rotina e muitos aspectos do seu
comportamento, inclusive o de consumo. E essa mudança, na avaliação dos
especialistas, influencia, em maior ou menor grau, a formação do perfil dos
filhos, futuros consumidores.
Como mães, as mulheres direcionam mais os seus gastos. “O instinto de
responsabilidade é mais forte e o consumo é mais direcionado aos filhos”,
explica o especialista em educação financeira, Álvaro Modernell.
Ao longo da vida ocorrem mudanças cujos impactos financeiros são mais
intensos. “O primeiro momento é o primeiro emprego, depois o casamento e depois
o nascimento dos filhos. E esse fato é o que gera a mudança mais positiva”,
acredita Modernell. Isso porque, de maneira geral, as mães ficam mais
responsáveis com o consumo doméstico.
As mudanças no perfil de consumo das mulheres quando se tornam mães vão mais
além. “Elas não param de consumir para elas, o que ocorre é que a preocupação
desse consumo é outra”, acredita o sócio da Sophia Mind, empresa de pesquisas
especializada no universo feminino, Bruno Maletta.
Comportamento da mãe para os filhos
Para Maletta, a principal mudança que ocorre no comportamento das mães é com
relação ao tipo de consumo. “Elas passam a consumir outros tipos de produtos,
principalmente da categoria alimentos. Ela se torna mais consciente, pois
prioriza alimentos mais saudáveis”, avalia o especialista.
“Ao se tornarem mães, essas consumidoras passam a analisar prazos de validade
dos produtos e incluem nos itens de consumo alimentos funcionais, que possuem
benefícios nutricionais”, considerou em nota a presidente do Shopper Experience,
Stella Kochen Susskind. Para ela, as mães começam a se preocupar mais com o
consumo consciente, ditam novos padrões de consumo e repassam esses novos
hábitos e valores para os filhos.
“Essas consumidoras – constantemente insatisfeitas com produtos e serviços –
têm características definidas e claramente femininas, ou seja, valorizam
atributos como honestidade, bem-estar emocional, praticidade e responsabilidade
socioambiental”, afirma Stella. “Há uma articulação feminina silenciosa que tem
impacto direto na educação das crianças e no comportamento dos adolescentes”.
Essas mudanças, na avaliação de Maletta, da Sophia Mind, são consequências
ampliadas da preocupação que as mulheres passam a ter com a família quando se
tornam mães. “Quando ela se preocupa em ter um comportamento de consumo mais
consciente e de responsabilidade socioambiental, no fundo, ela está pensando na
família, só que de uma forma mais ampla”, explica.
Sem exageros
Gastar menos consigo mesma, se preocupar mais com os filhos e mudar hábitos
são características das mães. Mas que também levam elas a cometerem exageros.
“Se as mães deixam de gastar muito com elas, as de primeira viagem,
principalmente, gastam em excesso com os filhos”, reforça Modernell. O resultado
é a desorganização em dobro no orçamento.
Para evitar isso, segundo o educador financeiro, o ideal é manter o lado
emocional sob controle. “A regra é bastante simples: não deixar o emocional
ultrapassar o racional”, alerta. “E principalmente pensar no futuro dos filhos,
na educação financeira deles e em se preocupar desde cedo com a previdência
privada”.