Economizar / Poupar - Brasileiro consegue poupar apenas 21,6% do PIB do País
Reportagem prestada para o jornal A Tarde
No começo, foi difícil, mas disciplina e determinação levaram o geógrafo Fábio
(nome fictício, pois prefere não se identificar), aos poucos, a conseguir
acumular uma boa quantia numa caderneta de poupança. “Passei a reservar parte da
minha renda, mais ou menos 30%, para investir”, relembra o geógrafo.
Apesar do desempenho, e da expectativa de migrar para uma opção mais arrojada de
investimento, ele passou por maus bocados, para juntar cerca de R$ 10 mil, após
quase três anos de uma disciplina espartana.
“Eu passei bastante tempo desempregado, e, neste período, fiz dívidas, que não
tinha como pagar.
Depois, passei a tentar juntar dinheiro e pagar as contas com o salário, mas
descobri que não ganho para isso”, avalia Fábio, que teve que voltar à estaca
zero — ou seja, sacar os valores poupados de volta da caderneta.
O geógrafo faz parte de uma gama ainda restrita de brasileiros, aqueles que
fazem algum tipo de investimento, o que pode compreender desde aplicações em
Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a Caderneta de Poupança, de padrão
conservador, ou mesmo a compra direta de ações, algo considerado arriscado, mas
que oferece grandes oportunidades de lucro, a longo prazo.
ESTUDO — O volume de brasileiros que poupam ainda é baixo, em relação a outros
países em desenvolvimento, algo comprovado a partir da relação poupança/Produto
Interno Bruto (PIB), dado citado em recente pesquisa da Federação do Comércio do
Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).
O estudo traz que, de 2003 a 2006, a média de poupança como proporção do PIB no
País foi de 21,6%, contra 50,2% da China, 34,3% da Rússia, e 24,3% da Índia.
O conceito de poupança usado no comparativo considera qualquer forma de economia
e não apenas a Cader neta.
Uma das explicações para o quadro está no consumo, explica o presidente da
Fecomércio-RJ, Orlando Diniz. “O Brasil vive uma arrancada do consumo doméstico
como há muito tempo não se via, incentivada, principalmente, pelo crédito, que
tem chegado às mãos do consumidor a juros mais baixos, embora ainda elevados, e
prazos maiores. Essa opção do brasileiro pelo consumo imediato resulta em baixos
níveis relativos de poupança no País”, observa o presidente da Fecomércio-RJ.
Já o consultor Alexandre Lignos, da IGF Gerenciamento
Financeiro, observa que o brasileiro passou anos convivendo com altas
taxas de inflação, o que desestimulou uma cultura de investimentos, algo que
repercute até os dias de hoje. “As pessoas ainda consideram imóveis um bom
investimento, numa herança destes tempos.
Hoje a realidade é outra”, avalia Lignos. O consultor explica que,
para quem tem pouco dinheiro, ou objetivos de curto prazo, o melhor é investir
em uma Caderneta de Poupança.
PERFIL — Já para quem é jovem, e tem projeto de longo prazo, o consultor a
aconselha agir de maneira mais agressiva na gestão dos investimentos pessoais,
pelo menos em relação à maior parte dos valores a serem investidos. “Uma boa
opção são os fundos de ações”, observa. A partir dos fundos, o investidor pode
contar com uma carteira diversificada, o que reduz o risco e contar com
rendimentos mais altos do que as aplicações na Caderneta ou em Fundos de Renda
Fixa.
A opção de investir com foco no fundo de ações foi adotada pelo analista de
sistemas Vinícius Pitta, 25 anos. “Tive um dinheiro sobrando, e depositei num
fundo de ações”, afirma Pitta. Ele ainda acrescenta não ter planos para o
dinheiro, mas aproveita a boa maré que atravessa o mercado acionário brasileiro
para acumular rendimentos.
Porém, de acordo com a maioria dos consultores de finanças, Vinícius não começou
os seus investimentos da maneira correta, pois a orientação é diversificar, num
mix de renda variável, associado à renda fixa e à poupança. Mas, para chegar a
este nível, é preciso disciplina para acumular as reservas mensalmente. Uma
tendência entre os investidores é reservar valores que variem entre 20% e 50% da
renda mensal na poupança, e depois migrar para alternativas mais rentáve is.
“O Brasil vive uma arrancada do consumo doméstico como há muito tempo não se
via, incentivada, principalmente, pelo crédito. Essa opção do brasileiro pelo
consumo imediato resulta em baixos níveis relativos de poupança no País.”
Orlando Diniz, presidente do Fecomércio-RJ.
Referência:
ba.sebrae.com.br
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