É cada vez maior o número de profissionais que após abandonar a carreira em
alguma área se dedicam a abrir uma consultoria. Por motivos que variam de
dificuldade de recolocação, busca por outros caminhos de atuação a até maior
flexibilidade no cotidiano, experientes executivos deixam o conforto do cartão
ponto e do salário mensal garantido para mergulhar em um universo de atuação
multitarefas, propondo soluções e análises de estratégias e gestão das
corporações.
“Mas ser consultor requer diferenciação, uma expertise que diferencie o
profissional no mercado. Ele será um municiador de negócios, um alavancador de
potencialidades, e para isso precisa ter uma identidade, uma projeção no
mercado, algo que o credencie a ter a confiança das empresas”, opina o consultor
do Sebrae, Reinaldo Messias.
Consultoria x emprego
Messias lembra que muitos profissionais que partem para a área de
consultoria contam com grande conhecimento técnico, e domínio de determinada
área, mas esquecem que, para ter êxito como consultor, outras características
são até mais determinantes. “É preciso escutar, entender, perceber oportunidades
dentro das empresas, ter uma boa rede de contatos. Muitas vezes, a apresentação
do projeto, ideia ou proposta é fundamental para aceitação das empresas”,
explica.
Como entrar em um ramo novo após anos de dedicação a determinada área ou
empresa não é uma tarefa fácil, Messias aponta um caminho possível para
profissionais mais experientes. “Eles podem propor para empresas em que já
atuaram sua expertise e conhecimento através da atividade de consultoria. Desta
forma, o consultor pode atuar em projetos de desenvolvimento e negócios,
ganhando conhecimento, e se habituando a um novo contexto de trabalho”,
recomenda.
Para alcançar a projeção, o conhecimento e o networking desejados, Messias
recomenda que os profissionais que deixam empresas comecem a participar mais de
comunidades empresariais, escolas de negócios, cursos, associações empresariais
e conheçam outros sistemas de consultorias. “Eles precisam procurar cenários que
contribuam para lançar sua oferta de serviços, tornar seu potencial mais
conhecido, além de constantemente se atualizarem com conhecimentos específicos
de sua área”, orienta.
Diferenças
Outro detalhe importante que deve ser lembrado quando os profissionais se
estabelecem como consultores é a sazonalidade do setor de atuação. Ao contrário
de uma empresa convencional, onde há cartão ponto, salário mensal e benefícios,
o trabalho por consultoria depende de projetos, o que pode gerar momentos de
demanda aquecida e, outros, de menos busca por soluções empresariais oferecidas
pelos consultores. “Talvez seja uma boa opção ter uma outra atividade, como ter
um empreendimento individual ou mesmo ministrar aulas em cursos, universidades,
palestras”, sugere.
Também é importante que o profissional aprenda a lidar com mensuração da
satisfação dos clientes. “Conheço vários consultores que acabaram sucumbindo à
primeira cobrança de resultados. É necessário lidar com isso, administrar a
cobrança e a necessidade de apresentar o êxito das suas realizações”, explica
Messias.
Ele ressalta que a profissão de consultor tem aspectos similares à uma
regular dentro de uma empresa, e requer um planejamento de carreira e
organização. “É necessário traçar um projeto: aonde quero chegar? Vou prestar
consultoria mais estratégica ou operacional? Sou um consultor de futuro ou de
realização presente? Com essa análise, o consultor poderá traçar linhas de
atuação para o que ele deseja ou espera”, aponta o consultor do Sebrae.