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Carreira / Emprego - O ônus de liderar 

Data: 12/12/2008

 
 

O cinema é pródigo em ilustrar situações sobre o comportamento humano. Nem sempre é um bom filme. Mas, às vezes, uma frase se aproveita e diz muito. No filme “O Núcleo”, que por sinal é bem ruim, em dado momento surge uma frase que ilustra bem uma dimensão determinante em liderança.

Uma das personagens teima com o comandante da nave que quer assumir o controle e liderar a missão.

O comandante diz que não. Ela diz que já sabe tudo o que é necessário para comandar. Ao que ele responde: “No momento correto você entenderá que liderar tem mais a ver com responsabilidade do que com saber pilotar uma nave”.

O conceito é simples, mas não é simplista. Liderar impõe responsabilidades agudas, e raras são as pessoas que estão capacitadas a assumi-las. Reunir saberes técnicos não garante competência de liderança. Atitudes e percepções são determinantes.

Outro conceito que se impõe à liderança é o de respeito. Diz o mestre Aurélio que a palavra “respeito” deriva do latim “respectare”, por sua vez significando “olhar muitas vezes para trás”. Ou seja, contemplar e saborear experiências. Entender, considerar, aceitar, ponderar e tolerar são componentes do significado de respeito. Isso está longe de ser comum.

Numa simples frase, todo fundamento da liderança é exposto. De fato, nem sempre o domínio técnico elege um líder. Há imperativos maiores e o principal deles diz respeito aos outros. No caso do filme, vidas que podem ser perdidas.

Há momentos em que o líder deve tomar decisões difíceis e de alto custo emocional. Decidir quem deve ser deixado para trás num campo de batalha, por exemplo, é uma decisão que salva muitas vidas, mas sacrifica outras que pesam sobre quem lidera; e é preciso saber decidir.

Somos diariamente assolados pelas pressões do ambiente a tomar decisões de alto custo humano, seja o próprio ou de outros. Equilíbrio e responsabilidade são imperativos que devem nortear nossas ações. Mas será que estamos preparados para o ônus de liderar?

Estaremos aptos a decidir quem deve perecer no caminho e ainda assim nos sentirmos dignos de nós mesmos?

Eu, aos quase 50, imagino que decisões agudas têm muito a ver com cabelos brancos. Parafraseando Vinícius: os jovens que me perdoem, mas experiência é fundamental.

No mundo corporativo, a questão é crítica; posturas e decisões do líder afetam vidas, e o peso da decisão será dele exclusivamente, do ponto de vista ético e moral.



 
Referência: curriculum.com.br
Autor: Sérgio Compagnoli
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