O processo de fusão entre empresas causa diversas dúvidas nos profissionais
que atuam nestas companhias. Uma delas está relacionada à cultura que será
aplicada, já que cada organização tem visões e valores próprios. Para saber qual
cultura permanece, InfoMoney escutou especialistas.
De acordo com a diretora da Regional Sul da consultoria De Bernt Entschev
Human Capital, Ruth Bandeira, e o diretor-executivo da Ricardo Xavier Recursos
Humanos, Marshal Raffa, geralmente, a cultura dominante será a da empresa
considerada majoritária no processo, ou seja, aquela que investiu mais.
Isso ocorre no primeiro passo da operação, já que, com no decorrer do tempo e
de maneira gradativa, a nova empresa cria a sua própria cultura. Esta nova
cultura é elaborada pensando em aproveitar as melhores práticas utilizadas de
cada empresa. É o que explica Ruth:
“A análise é feita separadamente em cada área da empresa. Se o marketing da
empresa A for mais forte do que o da empresa B, permanece o marketing do
primeiro. Mas se a área financeira do B for mais forte do que a do A, a maneira
de trabalhar será a do B. Dessa maneira que é desenhada uma cultura nova”.
A situação dos profissionais
Nesta situação, é comum que os profissionais de ambas as organizações se
sintam inseguros, pois a nova empresa também avaliará os cargos de cada um.
Segundo Ruth, os profissionais que ocupam cargos operacionais quase não sofrem
impacto diretamente, mas o mesmo não ocorre com as pessoas que ocupam o cargo de
gestão, pois não é necessário ter dois diretores de RH (Recursos Humanos), de
Negócios, entre outros.
Uma das saídas encontradas pela empresa é oferecer um pacote de serviços de
outplacement. Trata-se de um suporte para que a pessoa enfrente melhor as
consequências do desligamento e se reposicione profissionalmente.
O que dita o desligamento ou a permanência do profissional é se ele saberá
enfrentar este novo desafio e se vai se adequar a esta nova cultura.
Medo do desconhecido
No processo de fusão, todos os profissionais terão de aprender a lidar com o
novo. Para Raffa, é comum que os profissionais tenham sentimentos de estranheza,
desconforto, indignação e até mesmo traição. “Este processo não é fácil. A
empresa tem de ser transparente e passar tranquilidade. Mostrar o que o
profissional deve esperar ou não desta nova empresa. De qualquer forma, há uma
quebra no comodismo, o que gera medo do desconhecido”, diz.
Para o especialista, o colaborador que se apavora e vai em busca de um novo
emprego pode perder uma grande oportunidade. “Pode ser um desconforto, mas o
profissional tem de enxergar como uma nova oportunidade de mostrar o seu
trabalho. De apagar resultados anteriores e começar de novo”, aconselha.