Na hora de conseguir aquele posto, mentira e celular ligado estão fora de
cogitação; divagações também. O entrevistador é um profissional de Recursos
Humanos treinado para tirar tudo o que um candidato traz dentro de si. Por isso,
na hora de começar uma entrevista de trabalho, a primeira coisa que o candidato
deve fazer é seu dever de casa - informar-se sobre o cargo e a companhia - e
estar consciente de que um simples gesto pode transmitir muito mais informações
do que imagina.
A psicologia, claro, tem papel importante durante todo o processo de seleção.
Graças as suas técnicas, o entrevistador pode averiguar se o candidato mente, se
é extrovertido, se tem empatia ou se seu modo de ser se encaixa nas necessidades
do cargo. Também pode conhecer o que o motiva, se tem capacidade de
concentração, se suporta pressões com facilidade ou se tem um temperamento
agressivo. "Por exemplo, se o que se procura é um comerciário, uma pessoa que se
mexe muito e gesticula é mais adequada do que outra que não olha nos olhos ou
que seja muito parada", explica Roberto Sánchez, o consultor da Adecco Selección.
Os especialistas reconhecem que são numerosos os aspirantes a um cargo que
chegam sem interesse ou mentiram em algum processo anterior à entrevista. "A
primeira coisa que interessa ao entrevistador é conhecer a honestidade do
entrevistado, seu grau de interesse pelo trabalho e a adequação de suas
capacidades técnicas ao cargo vago", afirma Sánchez, que aponta ser "indolência
e falta de interesse" as atitudes que os entrevistadores mais detestam". Já
María Luisa Riobóo de la Vega, diretora de seleção da Psicotec, assinala que a
entrevista é um ato de comunicação no qual devem ser respeitadas as regras do
jogo. "Divagações e a falta de objetivos concretos reduz a eficiência", aponta.
Dolors Poblet ressalta que a pontualidade, a informação sobre a companhia e a
função, a capacidade de vender-se e a honestidade do candidato em todo o
processo são fundamentais para tirar partido da oportunidade oferecida pela
entrevista. Além disso, os especialistas reconhecem que, apesar de tudo, a
primeira impressão é reveladora. "A imagem deve ser cuidada, da presença à
atitude, passando pela roupa, a forma de cumprimentar ou de despedir-se", diz
Pablo Urquijo, diretor da Michael Page.
Jane Bamford, chefe de seleção da Hays, acrescenta que, atualmente, "deixar o
celular desligado e ser pontual são comportamentos valorizados mais do que se
possa imaginar".
Mas, afinal, o que o entrevistador quer? A honestidade é a primeira qualidade
que se busca em um candidato e deve ser transmitida durante todo o processo.
Ponto pacífico. Este é capaz de averiguar se o candidato mente, se tem empatia,
se é ou não extrovertido, bem como suas capacidades pessoais e adequação ao
cargo.