Uma boa carteira é aquela que o investidor consegue um bom retorno com o
menor risco possível. Em tempos voláteis, se fazem necessários alguns ajustes no
portfólio a fim de aproveitar as oportunidades que surgem na bolsa.
“Não existe mercado ruim. Você ganha quando a bolsa sobe e você ganha quando a
bolsa cai. Você não ganha só quando a bolsa está alta. Pode-se investir
apostando em uma baixa e você lucra com a perda do Ibovespa. Então, a hora de
mexer na carteira é a qualquer momento”, contextualiza Erich Beletti, sócio da
Conexão BR Assessoria de Investimentos.
O consultor explica que o conhecimento gráfico pode auxiliar a perceber o
momento certo de trocar sua estratégia. “Bolsa em 72 mil pontos, é uma
resistência difícil de passar. Não faz lógica alguém ficar comprado com a bolsa
nesse patamar. Quem conhece gráfico acha isso evidente, mas quem não conhece
mantém posição e acaba se surpreendendo com uma baixa”, afirmou Beletti. "O
momento de mudar a carteira é o momento que o gráfico disser".
Objetivo atingido, é hora de realizar lucros!
De acordo com o professor do Calil & Calil Centro de Estudos de Formação de
Patrimônio, Mauro Calil, um bom momento para a mudar sua estratégia na
composição da carteira é quando um objetivo é atingido. Esse objetivo pode ser
tanto o preço-alvo de determinada ação, como o target de retorno que você
estipula com seu portfólio.
"Quando a carteira atinge esse objetivo, ela deve realizar lucros, chova ou faça
sol. Muita gente vai dizer que ainda tem que verificar se ainda tem potencial de
crescimento. Mas, nada garante, por técnica alguma, que esse potencial se
mostrará verdadeiro na prática. Então, assim que ela atingir seu objetivo,
deve-se realizar lucro e buscar ativos que ainda não tenham subido, ou mesmo
deixar seu dinheiro de lado, esperando uma oportunidade de mercado, porque a
queda sempre vem", comenta o professor.
Segundo Calil, é essencial ao montar uma carteira que o investidor estipule uma
meta de retornos com aqueles investimentos. "Por exemplo, quero ganhar 10% ao
ano, ou 20% ao ano. O que não pode é querer ganhar acima do Ibovespa sempre. É
muito difícil isso. Em um mês você consegue e no outro não", disse.
Rebalanceamento das carteiras
O grande segredo de saber o momento exato para mexer em sua carteira é
compreender as oportunidades de realização. Calil explica que tais oportunidades
aparecem não apenas depois de um objetivo ser cumprido, mas também através do
rebalanceamento das carteiras. Esta tática já é uma velha conhecida dos
veteranos de mercado, pois constava na obra "Investidores Inteligentes", de
Grahan.
"Você coloca 50% na renda fixa e outros 50% na renda variável, em momentos
periódicos, que pode ser uma vez por mês, por exemplo. Você rebalanceia. Ou
seja, se a renda variável subir demais, você vende a renda variável e compra a
renda fixa. Se a renda variável cair, você vende a renda fixa e compra renda
variável de modo a sempre manter os 50% nesta periodicidade que você
estabeleceu", explicou.
O fator prazo
Antes de alterar a composição de seu portfólio, é preciso definir exatamente
qual é o prazo que você pretende obter retornos. Afinal, pouco adianta montar
uma carteira com ações que possuam um bom potencial de longo prazo se sua
necessidade de dinheiro é para dois meses.
Considerando esta perspectiva, você pode montar uma carteira composta somente
por papéis com expectativa de longo prazo ou, talvez, caso deseje investir por
pouco tempo, somente olhando para o curto prazo. A melhor saída, porém, é abrir
espaço tanto para papéis que podem subir no curto ou no longo prazo, em uma
proporção que vai variar de acordo com a necessidade de recursos de cada
investidor.
Reduza os riscos, diversifique!
Ao montar uma carteira, independente do período estipulado para obter
retornos, a ideia principal é sempre diminuir os riscos. Um boa estratégia para
isso é diversificar os setores. Nesse sentido, quanto mais ativos que reagem de
formas distintas ao impacto de uma determinada mudança no mercado, melhor.
Por exemplo, uma carteira com Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5). Embora as
empresas tenham diferenças, ambas estão bastante expostas aos preços
internacionais da celulose e do papel, além de serem sensíveis às alterações na
cotação do dólar, pois são exportadoras. Com isso, a probabilidade de ambas
caminharem na mesma direção é grande.
Uma alternativa muito mais interessante é tentar diversificar o setor, pois os
diversos setores tendem a reagir de forma diferente às mudanças no cenário
econômico ou corporativo. Por exemplo, se você tem ações de empresas
exportadoras, vale a pena diversificar com algumas que possuam boa parte de suas
receitas no mercado interno.
Assim, analise de perto as seguintes variáveis: o impacto de mudanças na cotação
do dólar, aumento de juros tanto no Brasil como nos EUA, variação nos preços
internacionais de commodities e outros. Para diversificar, o ideal é que as
empresas reajam de forma diferente à combinação destas e outras variáveis.
Além de diversificar o setor, é importante que você tenha uma quantidade variada
de ativos para não ficar muito exposto a apenas um ou dois papéis. Neste caso, o
seu risco de perdas seria muito maior. Isso porque, mesmo não existindo um
número ideal, as carteiras com mais ativos tendem a mostrar um melhor desempenho
em relação à redução de risco.
Entenda mais o mercado
Beletti, da Conexão BR, ressalta a importância do investidor conhecer melhor
o mercado antes de investir. Segundo ele, as pessoas podem montar uma carteira
segura e ao mesmo tempo com bons retornos apenas com operações em renda
variável. "Você pode fazer lançamento coberto, você pode fazer operações Long &
Short. Então, eu não vejo problema nenhum em a pessoa manter 100% dos
investimentos em bolsa, desde que ela saiba o que está fazendo", disse.
Mesmo após um conhecimento do mercado, Calil acredita que uma dica importante
para o investidor é que ele acompanhe seus investimentos. É necessário que o
investidor saiba se o seu objetivo está caminhando para mais próximo ou mais
distante de ser atingido. Isso também é fundamental para perceber a necessidade
de mexer na carteira.
"No caso da renda variável, as pessoas devem se instruir um pouquinho. Isso não
quer dizer ficar olhando o sobe e desce das ações todos os dias, mas é preciso
sim acompanhar com cerca periodicidade seus investimentos", completou o
professor.