Sobe, sobe, desce, desce. Quem agüenta a montanha-russa? Quem tem nervos de aço?
Será que isso existe? Sem pretensão a prescrever nenhuma fórmula mágica, até
porque muitos investidores talvez já tenham enjoado de maneiras "criativas"
demais de ganhar dinheiro rápido e fácil, como se fossem desprovidas de risco,
inclusive. Vamos direto ao que interessa, que é o seu bolso:
1. Para não perder dinheiro no mercado financeiro, é fundamental ter
clareza sobre seus objetivos e sobre o horizonte temporal de suas aplicações -
onde pretende chegar com seus investimentos? quando? de que maneira? - para que
essa bússola mais objetiva o ajude a se situar em momentos de turbulência; caso
contrário, você pode ficar à mercê de poderosos impulsos de voracidade e passar
do ponto, micando com papéis que podem perder rapidamente o valor, como agora;
2. Ter clareza sobre sua condição para esperar - você agüenta ou é do
tipo mais aflito, que fica com cócega na mão para mexer nos investimentos a
qualquer soluço do mercado? Se for assim, imagine o frenesi que o tsunami atual
não está provocando em você! Se o "nervoso" for grande demais, você já
considerou a possibilidade de pedir ajuda a técnicos gabaritados, que poderão
ter maior isenção emocional para conduzir seus investimentos na tempestade?
3. Se está pensando em trocar de aplicação, verificou os detalhes que
fazem a diferença? Taxa administrativa, impostos, prazos - se você está
interessado em não perder e em ganhar o que for possível, é bom dar uma boa
olhada em tudo isso antes de mudar por impulso...
4. Embora você já possa ter se classificado como um investidor "conservador",
"moderado" ou "arrojado", é na prática que realmente tem oportunidade de saber
como se comporta diante de situações de incerteza, risco e grandes pressões
internas (de dentro de você) e externas (deste cabuloso cenário); além disso,
lembre-se de que a tentação de correr mais riscos aumenta na proporção das
perdas incorridas, mesmo sem se dar conta desta atração que pode ser fatal -
independente do seu "perfil oficial", você pode topar se expor a mais risco
porque se sente desconfortável com perdas sofridas. Vale a pena pensar com
calma, considerando os itens 1, 2 e 3 acima, e respeitando seus próprios
limites. Os limites do vizinho valem só para ele!
5. Se você já identificou alguns dos seus vieses de percepção, memória e
avaliação, freqüentemente discutidos aqui, este é o momento para utilizar esse
auto-conhecimento: que padrões de processamento de informação você costuma
repetir? Em que condições, inclusive de estado de espírito, consegue tomar
decisões mais favoráveis? Quais os fatores que atrapalham sua capacidade de
analisar e escolher? O que você pode fazer a respeito deles neste momento? Sem
esquecer, ainda, de checar quais são os vieses das pessoas que o assessoram, ou
com quem você costuma conversar sobre investimentos. Se toda a galera tiver os
mesmos vieses, aí que as análises e, conseqüentemente, as escolhas, entortam de
vez...
6. Lembra-se da recomendação da vovó? Diversificar os investimentos
sempre, porque se um cair, outro pode subir - você não ganhará sempre, mas
ficará mais protegido de perdas avassaladoras. E não é que ela tinha razão?
Agora pode ser tarde para alguns, que Já tinham colocado todos os ovos na mesma
cesta. Mas além de uma potencial omelete (com um pouco de sorte), é bom escrever
isso em letras de fogo no seu próprio "manual para investimentos tão seguros
quanto possível" e, nas próximas vezes, resistir às tentações sedutoras: quando
uma aplicação dá retorno dez vezes maior do que outras, tende-se a deixar o
capital crescer ali, sem reequilibrá-lo novamente conforme o plano original;
7. Olhe também para o futuro, pois sua vida financeira não acabou aqui
e, portanto, você precisará das preciosas lições que pode aprender agora, como
ganhar auto-confiança verdadeira - não a excessiva (e alucinada, diríamos) que
os especialistas apontam como um dos combustíveis para bolhas, por exemplo, mas
sim a força real de ter atravessado solavancos difíceis como estes. Mas tem uma
coisa: é preciso pensar sobre essas experiências, incluindo-se os aspectos
emocionais e sua própria participação nelas, para que possam ensinar, caso
contrário, repete-se os mesmos equívocos no futuro.